Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

19 agosto 2014

"Por seu lado, Julião achava que os modos da marechala eram um exemplo quase perfeito daquela calma patrícia que respira uma delicadeza exacta e ainda mais a impossibilidade de qualquer emoção viva.
(...)
Era tudo muito vago. Aquilo queria ao mesmo tempo dizer tudo e não dizer nada. "É a harpa eólica do estilo", pensou Julião. "No meio dos mais altos pensamentos sobre a morte, sobre o infinito, etc., a única realidade que vejo é um medo abominável do ridículo." 
(...)
Depressa compreendeu que para não ser vulgar aos olhos da marechala era preciso, sobretudo, não ter ideias simples e razoáveis.
(...)
Apesar do nosso herói fazer todo o possível para banir completamente o bom senso da sua conversa, esta tinha ainda uma cor antimonarquica e ímpia que não escapara à senhora de Fervaques. Rodeada de personagens eminentemente intelectuais, mas que, muitas vezes, nem sequer tinham uma ideia por noite, esta dama admirava-se imenso com tudo que se parecesse uma novidade; mas, ao mesmo tempo, julgava-se no dever de se sentir ofendida com ela. Chamava a este defeito conservar a marca da superficialidade do século."

Stendhal, in Vermelho e negro

... Muito bom, e tão intemporal...

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