Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

30 setembro 2014

Casava-me já contigo - MEC

"Quando eu era pequenino e vi um cartaz do filme The Seven Year Itch, de Billy Wilder e de 1955, perguntei à minha mãe o que era. Ela respondeu: "Ao fim de sete anos a novidade do casamento começa a passar".

Ao fim de 14 anos, cada vez que eu olho para a minha mulher, cada dia que acordo ao lado dela, o que mais me comove e impressiona é precisamente a novidade de vê-la, poder amá-la, ter a sorte de ser amado por ela.

Cada coisa que fazemos é ao mesmo tempo antiquíssima – como uma cerimónia que construímos juntos só para nós os dois – e novíssima, pelo desejo e pelo entusiasmo de lá estar, naquele lugar que ela abriu para mim e ela no lugar que só é dela, que sou eu.

O casamento é só uma palavra: é verdade. Mas também pode ser a vontade de casarmos e ficarmos casados, todos os dias, com a mesma pessoa que amamos.

Cada vez nos casamos mais. As diferenças dela vão cabendo cada vez melhor nas minhas. Cada vez somos, a Maria João e eu, mais livres de sermos como somos, cada um de nós, e de sermos como somos, nós os dois.

Ela torna-se mais ela; eu torno-me mais eu, ela e eu com menos medo que o outro fuja por causa disso. Mas com medo à mesma. E ganância de viver e curiosidade em saber como é que o décimo quinto ano vai ser melhor do que este.

Mas vai ser."

MEC, aqui


E ler estas coisas ao mesmo tempo que me dá uma tristeza profunda e dura, dá-me esperança por perceber que existe e é possível, e talvez um dia possa voltar a acreditar que isto é possível até para mim. Quem sabe? Talvez um dia oiça "casava-me já contigo" sem ser da boca para fora, e depois de estar casada há anos.
(é capaz de ser difícil, porque não me quero voltar a casar, mas a ideia, a intenção, é que me seduz, me encanta, me adoça, não o papel. Muito menos o contrato reduzido a escrito segundo normas que alguém estipulou. Papel por papel que seja um nosso, com as nossas regras. Isso podia ter a sua piada... eu, por exemplo, de repente já me estou a rir por dentro. Quero alguém que ria por dentro também e comigo nestas coisas parvas, e sem precisar de abrir a boca para explicar o que se sabe. Ele saberia da parvoíce de cada regra mais parva que a outra, e isso é talvez o melhor contrato que pode existir.)

Bom Dia

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