Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

30 outubro 2014


"não digas nada, as nossas línguas são parecidas e falam no mesmo toque. fazes-me cócegas quando te ris e os meus dedos sentem a saliva dos teus lábios. não digas nada, deixa-me entrar. há uma rua dentro de ti. és terra húmida e uma ilha infinita onde repetimos os gestos e o sexo esconde o tempo noutro lugar. não digas nada, a respiração fala por nós. moves-te como um barco devorando as ondas. moves-te num tempo que já não nos pertence. estás solta. o vento sussurra-nos por mais. movo-me depressa, devagar, depressa, devagar. a respiração fala por nós. em concha trocamos o gesto pelo gosto e tudo acontece. daqui a pouco vai chover..."

Daniel Camacho
(da sua página de facebook)

[... sim daqui a nada vai chover, daquelas molhas que ensopam os ossos e nem sempre molham a pele. Aquelas chuvas ácidas que corroem e nos deixam líquidos os ossos. Chuva que não cai no tempo e que a terra não bebe. Água que se bebe por dentro e não mata a sede da vida dissolvida no passado da ponta dos dedos. Nunca chove na ponta dos dedos.]


Boa Noite

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