Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

15 outubro 2014


Não me digas a que vens
Deixa-me adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou.

É longe a tua casa?
Dou-te a minha:
leio nos teus olhos o cansaço do dia que te venceu;
e, no teu rosto, as sombras contam-me o resto da viagem.

Anda,

vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo — é um
destino sem dor e sem memória. Tens

sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja — morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens.
Decido eu


Maria do Rosário Pedreira



[não me digas ao que vens, que não te creio.
Não me digas quem és, se te sei.
Sei-te e não te creio quando creio que te sei.
Não sei se te sabes se não me crês.
E não nos crês quando nos sabes.
Sabes que nos queremos.
E no entanto não queres crer.]


Bom Dia!!

5 comentários:

do Paço disse...

Para mim, o melhor [ ] deste blogue, desde que te leio.

Adorava dançar assim, como tu danças com as palavras.

É nos [detalhes escondidos] que se vê a pessoa que te vejo.

Adorei! =)

Eva disse...

:))
Li o poema lindo da Maria do Rosário Pedreira, quem tem poemas que adoro e me dizem tanto... E saiu-me isto, num instante e sem aviso... É a vida que me dança nas palavras. Brincam comigo: as palavras e a vida.

Filipa disse...

Realmente Eva, que perfeito entrelaçar de palavras, posso chamar assim não posso? foi o que me veio à cabeça e portanto saltou-me para os dedos :)
Boa tarde

Eva disse...

.... Assim deixam-me sem jeito, meninos...
São uns queridos isso sim!
:)))))

Eva disse...

É bom saber que há quem goste de nos ler. É bom. Obrigada.
:)