Se cada escolha significa uma renúncia, não está em tempo de pensarmos melhor sobre nossas perdas? Em pensar menos no volume, na quantidade, e mais na qualidade daquilo que estamos escolhendo? Vários colegas ou um bom amigo? Várias risadas forçadas em uma festa ou uma noite com risadas sinceras de doer a barriga? Muitas transas vazias ou poucas transas com possibilidades do aconchego do depois? Que tal menos ‘doer’ e mais ‘doar’?
Não estou dizendo que devemos deixar de fazer outras coisas triviais. Não devemos ser sérios sempre, nem filosóficos sempre, nem ser altruísta sempre – mas aprendi que a vida nos da dois caminhos de aprendizagem: o da dor e o do amor. E enquanto eu puder escolher, fico com o segundo, ainda que pareça que ele dói às vezes, o caminho do amor é sempre a melhor opção. E já que não temos escolha sobre a morte, que ao menos a gente possa escolher as possibilidades que deixam a vida mais leve. Daqui a gente não leva muita coisa mesmo."
Apanhado aqui.
[Tema já recorrente aqui no tasco... as escolhas, o cada sim ter o seu não equivalente, o cada não ser um outro sim noutro sentido. No fundo o que diz Jô Soares: "escolher é perder sempre." É isso, para escolher o que queremos ter, o que queremos agarrar e viver, temos de escolher o que perder, a alternativa de que abdicamos. Ver o que mais valorizamos, o que mais nos poderá fazer felizes. Que felicidade escolhemos, afinal. Mas é sempre uma escolha, sempre. Escolham bem. Nunca se sabe quanto tempo temos para corrigir os erros que poderíamos não ter feito. O mundo gira, às vezes até pode girar na nossa mão, ou parecer, mas não volta atrás, nem pára de girar.]
2 comentários:
Essa frase "escolher é perder sempre" disse-a o Jô Soares em jeito de homenagem ao filho que morreu com 50 anos e era autista. Uma vez numa loja, entre uma série de coisas que o filho queria levar, e tendo o Jô dito para ele escolher, o filho disse que então não queria nada e quando o pai lhe perguntou porquê, ele respondeu "porque escolher é perder sempre". Ele recusou-se a escolher porque tudo aquilo para ele era importante. A vida obriga-nos a escolher, e é por isso, que perdemos sempre, de facto, e é impossível saber se o que escolhemos foi o melhor ou o que nos faz mais feliz, até porque o que nos faz mais feliz no momento em que escolhemos, pode deixar de fazer mais à frente, é por estas e por outras que a vida é um desafio, e eu confesso que se pudesse, fazia como o filho do Jô, e muitas vezes recusava-me a escolher.
Olá Filipa. :)
Não sabia do resto da história, mas a verdade é que escolher é perder sempre. E não escolher é uma escolha :))))
Essa é que é essa, não escolher é escolher não alterar nada. É uma escolha, e por isso é sempre - também - perder.
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