Não sei o que faço aqui, é um facto. Não sei. Mas paro aqui e fico-me comigo. Ponho-me a pensar, a remoer vontades e verdades. Penso que a única coisa que não se controla é a vontade. Nem o próprio controla a vontade que sente, sente e pronto; como tudo o que é sentido, realmente sentido, em modo selvagem e sem filtros da razão, que atrapalha atitudes mas não afasta as vontades. Por muito que se julgue que se controla alguma coisa, a vontade de alguém é incontrolavel, é o instinto mais íntimo a dizer, a gritar-nos, o que quer. Mesmo que tentemos não ouvir, mesmo que tentemos assobiar para o lado a cada dia, os dias não parecem levá-la e não conseguem calá-la. E arranja sempre maneira de respirar por nós e calar-nos os assobios.
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