Os entardeceres voltam a ter cores, ou quase.
Foi isto que dei por mim a pensar há umas horas atrás na minha varanda, quando o sol tocava os telhados das casas num laranja quente, que se espalhava pelo céu, cor que gosto de trazer para dentro de casa, de a ver projectada nas paredes, aquece-me a alma e a esperança nos dias por vir. E ainda assim sei o frio que aí vem, sinto-o já nos ossos como um relógio que não se atrasa, sei dos entardeceres que quebram gelada a espinha, o céu claro, mas gélido - o azul que é só vazio. Os entardeceres que não chegam a ser fim de dia, fim de nada, dias que não chegam a ver a luz dum dia de vida. Vida que se viva, que se sinta, que nos faça sentir bem o dia, e que faz o azul sorrir num laranja apaixonado, quente, rente ao horizonte que tocamos a brincar com a ponta do dedo.
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