"Encontrei isto num livro: os rios arrastam com eles a imagem das cidades que atravessam.
Amo-te,
Mário."
Al Berto, "Os Jardins do Paraíso"
[tem piada saber que alguém ficou desde ontem a pensar nesta frase porque antes de lhe oferecer o livro pedi que lesse dois ou três paragrafos, e parou nesta frase... A dizer "esta frase tem qualquer coisa..." E eu perguntei-lhe de jacto "e o que achas que ela quer dizer?"
Porque me lembrei que me disse que faço poesia com o meu dia-a-dia nas minhas descrições rápidas impensadas, e que lhe ensinei a ler poesia, a sentir o além palavras que as palavras dizem sem dizer, que está na poesia. Que é a poesia. Sentir mais que perceber.
Oferecer um livro dum autor que gosto, cuja escrita transpira poesia, mesmo que prosa, e a pergunta, reguila quase em desafio, para ver se tinha aprendido realmente. E ri-me, e não respondeu. Hoje, há pouco, disse-me que a frase não lhe saiu da cabeça. E não descansou enquanto não respondi à minha própria pergunta, que recebeu de cara estampada de quase espanto... Acrescentando, fartei-me de pensar e tinha muitas hipóteses de interpretação naquele contexto, nenhuma era essa, mas bolas tens razão. Acabo sempre a dar-te razão. E eu ri-me. Pensei em todas as vezes que não quis ter razão e ma deram, ou a vida acabou por ma estampar na cara. E eu sabendo-o era como se nunca o esperasse, sabendo estar sempre à espera.
A vida tem uma ironia fina a que sempre tiro o chapéu. E o sorriso.]
Boa Noite
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