Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

15 janeiro 2015

À espera em frente a uma porta fechada. Pego nas letras, restam-me sempre as letras. Não, nem sempre. Penso que do que aqui me trouxe nada levo. Resta-me esperar pelo café com dois dedos de prosa a puxar poesia, que a porta fechada guarda. A caminho daqui, depois de não resolver o que resolver vim, vinha a ver por quem passava, quem se via no mesmo caminho em sentido inverso, ou diverso. Vi mulheres a servir a pele ao frio, com aspecto árvore de natal fora da época natalícia, mas destas há-as de vários tipos, desde as próprias dos grandes salões às das esquinas. E nem sempre é fácil distinguir quando baralham os horários, ou os sítios. Mais à frente, um homem sentado em frente a uma cadeira vazia à espera que alguém se sente para dar graxa. Continuei a andar passei por uma miúda, ao longe com um sinal à Monroe, de perto com um piercing atarefado em enfeitar uma cara atarefada em falar ao telefone. Logo a seguir um homem desfigurado, acidentado da vida do destino ou da estrada, não sei. Não sei se faz diferença. Passei por a mãe com uma menina pequenina pela mao que olhava para tudo e todos. Olhou para mim. Sorri enquanto me desaparecia do olhar que continuava o meu caminho. Penso na estranheza que estranhei em todos os olhares graúdos que me retribuíram, percebo que todos olhámos com o mesmo olhar, a mesma estranheza apressada. Todos nos estranhámos por nos acharmos diferentes dos que são estranhos. Oiço um olá por trás destes pensamentos. O café já chegou. A estranheza foi-se. O olhar ficou.

Bom Dia.

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