Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

02 abril 2015

Dia corrido, cansativo por um lado, benéfico por outro.
 Não há tempo para pensar o que não quero pensar.
Quando os dias têm pouco tempo a cabeça guarda-se para o que as mãos têm de fazer, deixam de contemplá-las vazias e famintas. Os olhos não procuram o céu embrulham-se nas coisas que lhes têm de sair dos dedos. Não pensam, apenas fazem, vão fazendo, ou fazendo que fazem, olham sem verem.
Agora vem a hora do cansaço, da viagem, da música, do anoitecer que se aninha nos ossos e prende o sorriso. Ontem a lua estava linda pendurada no céu limpo, hoje a esta hora deve estar a preparar-se para sair e iluminar quem lhe lança o olhar e o bebe de dentro dos olhos que vêem. 
Vou tentar não vê-la, esquivar-me, fazer que não a conheço, que nunca passei noites a olhá-la, a conversá-la ou mesmo a ignorá-la, quando estava tão bem que nem a lua me faltava para ver o luar mais límpido a iluminar-me a pele. Coisas que já não existem, e que não me quero lembrar. Julgo que nem aconteceram. Mas a viagem, e a música, e o cigarro do caminho, isso sim, vai acontecer. E agora, que hoje já chega.

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