Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

11 abril 2015

Oiço a água correr, continuamente, a uns metros donde me poiso. O livro que trouxe para ler também poisa, emudece. O sol lambe até a pele que não vê, mas eu sinto-o.
Dizem que o som da água a jorrar acalma, a mim fala-me enquanto me cala. Põe-me os pensamentos a correr dentro das emoções, ou talvez ao contrário - sim, definitivamente, ao contrário -, põe-me as emoções amordaçadas a correr dentro dos pensamentos que as querem calar. Como as fontes que, paradas no espaço, contêm em si, no tempo que corre, o cair, o correr, o falar, sempre da mesma água.
Som contínuo, mas feito sempre de gotas diferentes duma mesma água que nunca cai da mesma maneira. Há quem não oiça a diferença. Eu oiço, e sabê-lo inquieta-me a calma.
A água nunca corre impune, como o tempo. Nem sempre se ouve.

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