Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

27 maio 2015


"muito tempo voltou-lhe à cona como quem volta a casa.
Não por vontade, nem sempre se volta ao fim do dia por vontade, por vezes a vontade é de outra coisa qualquer, mas nem sabes o quê, nem preferes nada, mas é como se cada pessoa tivesse um sítio e acabes por voltar para casa por uma simples questão de arrumação.
Só muito tempo depois de ela ter partido entendeu a futilidade disto – e mais ainda: o desperdício, a perversão, o erro imenso.
Mas a vida é altamente experimental: estamos todos a passar por tudo pela primeira vez, e nada é igual a nada, por muito que se assemelhe.
A vida entende-se por comparação e não por definição. O branco e o preto conhecem-se por experiência e por contraste. Não adianta explicar a que sabe um tamarindo verde a quem só sabe o que é um limão.
Por isso chamas casa ao que é só um tecto, sem saber que uma vida é muito mais. Na verdade é impossível saber se há mais além. É impossível saber se já chegaste. É impossível saber se podes ser mais feliz até o seres. Ou já o teres sido.
Mas persistes, até que o teu próprio mundo insista em destruir-se. E é só quando não tens nada a que voltar que encontras um caminho, e esse caminho se faz casa.
Finalmente entendes. Casa não é um lugar onde se volta. Casa é o nome que se dá à estrada quando somos felizes."

(nem sei se não será repetição aqui no tasco, não é a primeira vez que leio o post e que diz exactamente o que penso, muito melhor do que eu diria)

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