Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

13 julho 2015


apaixonar-me.
afogar-me de paixão na boca que me incendeia,
arder com a poesia dos sentidos
sussurrada quente ao ouvido,
que, devagarinho, nos rosna o prazer 
e com pressa nos morde o desejo 

O beijo que nos engole, 
o toque que nos arrepia, 
a invasão que se recebe como abrigo,
a intrusão que se consente ser casa,
que se quer urgente, 
que se pede com os olhos, com as mãos, 
com as unhas cravadas na pele.

A vontade faminta que nos desperta todas as camadas de ser, de sentir, 
que nos engole em bruto e nos deixa a pingar a essência finamente lapidada 
do amar amar quem se ama com paixão.

[apaixonar-me, era bom poder pedir... quero uma paixão se faz favor! Quente, doce, bem humorada, sem cerimónias, que me desalente e me dê a mão.
Era bom poder pedir... e despedir também. Despedir uma paixão, despedir-se sem paixão, despedir-se, e com o adeus ir tudo, mergulhar tudo numa escuridão onde o oxigénio não respira, e nós, logo de seguida, enchamos o peito vazio de ar puro. Era bom poder pedir, era bom... mas aos bocadinhos o ar puro vai-nos chegando, e a paixão -  quem sabe - há-de chegar de repente e fechar atrás de si, com estrondo, a porta do passado.] 

2 comentários:

Filipa disse...

Bom mesmo é tropeçar na paixão sem pedido nem aviso. Sem preparação, sem conveniência, sem querer, sem dar jeito nenhum, sem estar nos planos. O melhor desassossego de todos.
Mas, penso que até o imprevisível deixa de acontecer quando ainda estamos presas ao passado. Existem travessias no deserto necessárias. Se tudo correr bem, só nos estão a preparar para um dia mergulharmos inteiras na maravilhosa imprevisibilidade do futuro com paixão incluída.
Boa noite, Eva :)

Eva disse...

É mesmo, Filipa. Concordo, aliás acho que não há outra maneira, não dá para procurar, fabricar ou fazer acontecer, tem de ser um acaso e ao mesmo tempo uma inevitabilidade... Mas apetece pedir ao nosso anjo da guarda ( no meu caso não deve valer muito a pena, a avaliar pelo trabalho demonstrado...) que nos ponha assim um desses no caminho, para nós esbarrarmos nele. ;)
Boa noite. :)