Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

03 julho 2015


"Há muito que furtivamente lhe contemplava os lábios, e o resto, e está seguro de ter fantasiado e imaginado o impensável com aqueles lábios e com o resto, antes de ter a sombra da sua realidade diante de si. Ter imaginado aqueles lábios, e ainda o resto, noutros lábios e noutros corpos tem sido também uma penitência. Acto de contrição: um dia ainda viverá somente a sonhar com ela. Um dia."


Estava eu naquela disposição de pôr aqui uma parvoeira tonta para me rir e fazer rir, quando resolvo dar uma espreitadela ali nos vizinhos do blogroll... e deparo-me com isto do JM na sua Elasticidade do Tempo... e fico-me por aqui, por estas linhas - prendem-me a atenção, soltam-me pensamentos. "Um dia viverá somente a sonhar com ela"... será assim o tempo tão elástico, e será isso um acto de contrição?... 
...Estou na mesma, continuo cheia de perguntas, de interrogações, de cada vez mais pairar entre palavras e ideias, tentativas de entender o que não será de entender. Mas, como dizia alguém: "eu sou assim". Pois, e eu sou assim, na verdade ninguém muda, já se sabe. Quanto muito moldamo-nos um pouco para acomodar diferenças e mudanças, mas nunca mudamos a nossa essência... a minha é ser um constante ponto de interrogação (como também alguém me costumava dizer a rir).
Não fica aqui nenhuma parvoeira para rir mas fica este texto que me fez parar o dia por instantes.

Bom Dia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Eu também sou assim. :-) Se "vestires" o ponto de exclamação e o ponto final algumas vezes já não é nada mau. Só para "lavares" o ponto de exclamação ;-)

Beijos

Eva disse...

É... somos todos assim, mas uns tentam parecer assado...
Mas olha não percebi essa do lavar o ponto de exclamação... eu cá é mais de interrogação... e pontos finais, também não são o meu forte, mas quando os ponho, ponho mesmo. Por isso é que se calhar me custa decidir pô-los, porque quando é, é a sério, e eu sei disso.

Anónimo disse...

O tempo é sempre muito elástico. Tão elástico quanto a nossa incompletude. E, enquanto houver perguntas...

Grato pela referência.

Abraço

Eva disse...

Espero que sim, que seja tão elastico quanto a incompletude e para além dela. :)
Grata estou eu por poder lê-lo, a referência é incontornável, o texto falou-me devagarinho e ficou-me em interrogações.

Boa noite.