Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

02 outubro 2015

Na varanda com o meu último cigarro, oiço música ao fundo, concertos não muito longe. Fui ver, parece que há vários concertos pela cidade, parece que é o dia da música e passou-me ao lado. Acendi o cigarro e penso que às vezes a melhor música é o silêncio. E de certa forma, a música que oiço ao fundo não me perturba o silêncio. Há muitas espécies de silêncio como o há de música. Este meu silêncio hoje não se perturba com a música de fundo, sabe-me bem, é um silêncio sem gente indesejada que nos quebra o silêncio sem nos acrescentar nada. Só para dizer que bonito, que bom, que profundo, sublime, que intenso, que especial e outros que tais. É melhor deixar esses comentários em silêncio e deixarem-nos fazê-los para nós, apreciando realmente os momentos por dentro. Os instantes que mais nos tocam são silêncios intensos, cheios de mensagens onde as palavras não cabem, onde o som fere a comunicação. Poucas pessoas se entendem em silêncio, têm de falar a mesma língua, onde o silêncio é o espaço exíguo em que se tocam sem se sentirem confinados e onde o vazio não tem lugar. Apenas a música que os faz.

Sem comentários: