Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

16 novembro 2015


[foto @aretizy]

Um chá de menta quente e doce, uma manta com vários anos e tantos calores guardados, retalhada de memórias inteiras, uma noite fresca sem ser fria, uma calma que acalenta, a esperança de hoje dormir bem, sem sonhos ou pesadelos, apenas descanso. 
Um céu tapado de nuvens, como a minha vida (ainda). Vozes alegres ao fundo, uma pessoa que atravessa a estrada, uma rua que desce que foi subida tantas vezes. Tantas como descida, foi ponte que comunicou mas não uniu. Noites inteiras a que perdi a conta sem sequer contar uma por perdida,  passavam tão rápido na lentidão lânguida da pele, na pressa das palavras que se queriam guardar para sempre, no sorriso solto que prendia - que me prendeu. 
O chá bebe-se devagar, o doce passeia-se na boca, as nuvens não parecem mexer-se, o céu olha sem ver. Uma vida que passa sem passar, o passado que não chega, o futuro que nao passa. A solidão morna, agora, aqui sentada no degrau da varanda, sem ser sentida como maldição, mas como paz merecida que nada pede.
O último cigarro negociado ao dia como despedida, já sem palavras, num silêncio tranquilo que não espera eco.

Boa Noite

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