Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

29 dezembro 2015



Deparo-me com esta imagem e sinto-me bem por ainda poder acreditar, por ainda poder sonhar e querer isto. Por não estar trancada num vazio que só pode crescer para dentro dum vazio maior, por não estar presa a um sentimento sem ar, sem confiança, sem os gestos espontâneos onde se bebe carinho e desejo, sem a cumplicidade ora ternurenta ora malandra, sem banda sonora própria, sem o vocabulario íntimo que nasce dum nós feito de brincadeiras que perduram, de sorrisos recorrentes, de momentos que se eternizam em palavras, expressões, olhares, toques, tudo linguagem dum amor feito à medida do nós.
Vejo esta fotografia e sinto-me abençoada por a minha vida ser uma porta aberta por onde posso deixar entrar alguém que me faça rir assim, sentir assim, tocar assim, beijar assim, dar-me assim... viver. Assim: entre sorrisos espontâneos, brincadeiras à solta a qualquer hora e de todas as maneiras, momentos que fazem história para uma eternidade que não tem de ser apagada, que quer ser vivida, partilhada, amada num nós que é amado e amor.
Assim.
Com ar puro a cada respiração. Com vida, que, de tanto se querer dar, volta em dobro sem querer.

Boa noite

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