Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

08 janeiro 2013


(...)
não some não, que eu desmundo
cada sítio do mundo onde
você estava ou está ou há-de estar, e comunico só do toque
que lhe ponho num mamilo,
no umbigo,
no clitóris,
na unha mindinha do pé esquerdo,
só porque tu estremece dos estudos de meus dedos exultantes,
não some nunca, fica morrendo de meu sopro,
ou dá luz como folha contada uma por cima de outra

(...)

Herberto Helder

[é muito raro ler alguma coisa deste autor que goste, que me faça sentido, e não ache que escreve apenas para se fazer sentido do que não tem sentido nenhum, à laia duma loucura que todos admiram sem ninguém saber muito bem porquê, ou eu pelo menos, eu não consigo perceber porquê.  os poemas não me falam, perdem-se em labirintos de palavras de significados dispersos, longínquos, raramente me entendo com o que escreve.  apanhei este poema, de que gostei, e aqui publico um trecho que me faz muito sentido, em que me transparece um sentido  sentido. E para mim poesia tem de ser sentida, além do ritmo que nos embala, da fonética que nos envolve, tem de nos falar, tem de nos falar ao ouvido enquanto o coração se sussurra um sorriso.]

2 comentários:

do Paço disse...

Hoje não te leio Eva.

Não foi um bom dia... mas passei só para te mandar um beijinho.

Quando tiver as defesas no topo venho cá ler e comentar em condições!

Acho que os teus dark days.. são iguais aos meus... e custam a passar.

*

Eva disse...

:)
custam a passar, pois custam...
mas os dias bons ninguém os goza como quem passa esses dark days.. não é verdade?
A intensidade, felizmente, mede-se e sente-se nos dois sentidos. E sentir é a única coisa que me faz sentido.
Beijinhos e até aos dias BONS!!
;)