Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

22 junho 2013

Há dias em que me apetece esconder, esconder de mim mesma, como que para não pensar, para não me ver por dentro, com todas as barbaridades que me roem as estruturas. Hoje apetecia-me enfiar debaixo duma pedra qualquer, onde nao pudesse ver o brilho dos outros, onde não percebesse o brilho que me falta, onde não me fizesse falta o orgulho de alguém em mim, onde não me fizesse falta o não me ver brilho nenhum para se orgulharem. E queria nao saber que para nos orgulharmos de alguém, mais do que o que é realmente feito, o orgulho é só porque se gosta, e por mais nada. Quando se gosta o acto mais vulgar pode ser o orgulho vivo  de quem gosta, como o orgulho que se sente por observar o outro no dia a dia, só e tão simplesmente isto, e gostar do que vê, da maneira como fala e trata os outros, da maneira como faz rir e se safa sorrateiro, cheio de golpes de charme e de sorriso nos lábios, de problemas menores. Queria não pensar, queria não ver, queria não ser, porque penso demais, vejo muito pouco e não sou nada.
(e ainda antes de acabar de escrever isto mais uma noticia triste, enfim, que seja tudo duma vez e depois apanhe outra maré de mais sorte e mais feliz. Aguenta-te)

3 comentários:

Giuseppe Pietrini disse...

Uma maré como a de ontem, em que pareciamos de bom humor, menina Eva... não serás capaz de reproduzir a conjuntura que te trouxe essa jovialidade de novo?...

Sabes, quando estás triste e o escreves, há pessoas que te lêem e que ficam um pouco tristes por ti. E por julgarem que pouco poderão fazer para reverter esse teu estado menos bom.

Beijim! ;-)
Giuseppe

Eva disse...

Pois percebo, mas o bom humor vai aparecendo de quando em vez, é coisa que gosto, mas aqui é mais o meu canto das confissões, do que não digo fora no meu dia-a-dia mas sinto, e tem de sair por algum lado e escolhi que fosse aqui essa ponte. Daí que só me leiam o que mais me toca nas doçuras e amarguras da vida. Ultimamente mais amarguras, mas é o que a vida me tem dado... As vezes lá encontro vontade de partilhar coisas que me fazem rir, mas a disposição para isso tem sido de facto pouquinha... Ha-de mudar!! Beijinhos

Giuseppe Pietrini disse...

Pois... agora é que me caiu a ficha. Quando estamos felizes, estamos demasiado ocupados a ser felizes. E não escrevemos tanto. Estava a construir uma imagem da Eva como alguém que seria uma mulher frequentemente menos feliz. Mas vejo que isso não corresponde à verdade. A doçura nos teus diminuitivos é um bom sintoma.

Bem hajas, nina!