Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

04 dezembro 2013

"(...) O problema disto é que fico sozinho com os problemas, e muitos deles continuo sem os resolver, como os não resolvi antes.

Conheci muita gente, e nunca me abri com ninguém. Nunca contei a ninguém todas as minhas dúvidas, nem todos os meus medos, nem todos os meus anseios. Até de com quem partilhava a cama me escondia, nuns casos porque me viam de uma maneira que eu não queria estragar, noutros casos porque não me aceitariam falível e errado. Em caso nenhum funcionou, e provavelmente ninguém me amou realmente a mim porque eu nunca fui inteiramente eu. E provavelmente eu também nunca amei, pela mesma razão.

Mais do que o passar do tempo, é o passar das pessoas que nos muda. Não sei se alguém consegue evoluir sozinho, em plano algum. Talvez consigam, pessoas diferentes de mim, melhores que eu. A mim, é preciso quem me mostre um espelho, é preciso que alguém me diga onde estou mal para eu próprio o perceber. Nem sempre, mas frequentemente. Mas isso é mostrar-me fraco, é mostrar as falhas, é mostrar aquilo que eu nunca quis que ninguém visse.

Até um dia.
Não aconteceu de repente, não encontrei quem subitamente me levasse a mostrar todo. Os hábitos morrem devagar. Mas nunca lhe menti. Nunca me pintei melhor que o que era, nem pior. E devagar fui-me mostrando, cada vez mais todo, cada vez mais cheio de imperfeições. E ela não fugiu. Ficou ali, e segurou-me o espelho, e apontou-me as rachas, e não me indagou porque as tinha, apenas as mostrou, e falámos de como as devia reparar. As devíamos reparar, disse ela.
(...)

E quando finges, enquanto finges, enquanto nem tu estás do teu próprio lado, teres alguém que está do lado em que devias estar é a coisa mais importante que alguém pode alguma vez encontrar na vida.
(...)

Porque se me faltava perceber alguma coisa do que é afinal o amor, percebi hoje.
É a tua dor doer-me mais que a minha. É abrir-se-me o ventre por te a causar.
E o único bálsamo possível seres tu."


Muito do texto está aqui reproduzido, mas não deixem de ler o post completo do Menino, que vale a pena. Aqui está o que mais me falou, mais me marcou; por muitas razões que não interessam, mas principalmente porque acho que tem muitas verdades minhas. 
As últimas três linhas são uma delicia de doces, de enternecedoras, ainda que doa, porque só dói por se gostar tanto, e por todos os males e amarguras se curarem nesse doce, que é também o que mais nos pode amargar. É o fim e o início de todas as coisas que nos tocam. 

"E o único bálsamo possivel seres tu":  mesmo da dor que provocas; e não entender isto é não saber deste Amor "início e fim", que me acaba e me recomeça a cada vez.

Boa Noite 

2 comentários:

Anónimo disse...

Realmente esta muito bom. Boa tarde ev@

Eva disse...

Pois está.
Bo@ Tarde