Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

08 julho 2014


"O amor pode matar, pode levar à implosão dos amantes, à sua transformação em algo mais, numa amálgama de corpos em que já nem um nem outro se reconhece, da qual se acabam por afastar ambos, desiludidos por deixar de ver o corpo amado, por deixar de se ver a si mesmos. O amor não é uma colisão mas uma órbita, um bailado, uma sucessão de movimentos de dois corpos em torno de um ponto invisível que lhes serve de fulcro, em movimento permanente. Achar este ponto é difícil; mas talvez a solução seja não o procurar – seja cada um dos astros seguir o seu caminho próprio, nem que pareça afastá-lo do outro, e deixar que o amor, como a gravidade, os puxe na direcção um do outro e os mantenha juntos à medida que fazem o seu caminho. Sabendo que se podem afastar irremediavelmente; procurando até aproximar-se deliberadamente quando isso for necessário; mas sabendo que não ter destino que não seja o outro é uma rota para uma colisão inevitável, inexorável, e fatal. O universo é um lugar cruel, mas é o único que temos."

Do Menino.

[O amor é uma órbita sim, dois corpos que brincam e se atraem mutuamente, que se deliciam do outro, pelo outro, com o outro, numa força invisível que não sabem explicar, de gravidade sustida em leveza, à volta do que os une aos dois - esse centro de órbita, não é um ou o outro, é que são os dois -, é o que são os dois juntos que é o Amor, e é à volta dele que a vida se vai dando a bailar.  Só à volta dele a vida se baila sem saber de música ou de passos, é apenas a harmonia do estar, do saber estar a dois na vida de cada um. Só se afastam realmente quando saem de órbita, e então é porque já não há nós, já não há aquela força invisível que os mantém juntos.]

2 comentários:

Filipa disse...

Sinto-me uma sortuda, por Vos ter descoberto e poder ler o que escrevem, Eva e Menino, é como estar a ler o que penso, em textos que nunca conseguiria escrever. Gosto de comentar de vez em quando,também porque se eu tivesse um blogue gostava de saber a opinião de quem me lia, se tocava alguém e então faço aos outros o que gostava que me fizessem a mim, mesmo que, para os outros, seja indiferente a opinião alheia, mas como eu acho que não é, gosto de dizer que sim, que há cantinhos, neste mundo virtual, de que gosto muito e que guardo sempre um tempo para os visitar e que um dia, se fecharem portas, vou ter pena. (E porque sermos simpáticos e elogiarmos as pessoas, quando achamos que merecem, não faz mal a ninguém, antes pelo contrário)

Eva disse...

:)
sortudo é quem pode ler um comentário destes, simpático e doce, e que nos deixa a sensação que além de haver quem nos lê, gostam e fazemos uma qualquer diferença num qualquer momento em alguém, e isso é muito, muito, bom.
Obrigada, Filipa.