Os olhos - o que dizem de mim ser mais meu - não parecem conseguir fechar-se mas também não se abrem, duvido até que vejam, embora olhem para tudo. Apago todas as luzes, baixo todas as perssianas, mas a escuridão não apaga a memória. Sem memória todos seriamos crianças, livros em branco a cada vez que se abrissem, por muito que o repetíssemos. Sem memória nada se aprenderia e seríamos só instinto. Não haveria erros nem lições, haveria um segundo de cada vez e nenhum passado, esse que nasce a cada segundo, a cada respiração, a cada pensamento tido, a cada memória. E fecho os olhos e estou cheia de passados. Abro os olhos e não vejo futuro nas memórias. Vejo passados no futuro. Remexo nos passados e nunca lhes vi futuro.
Apago todas as luzes, fecho todas as janelas de luz, e na escuridão ainda existo no que fui, ainda sou o que já não é, a memória dum passado que morreu em cada segundo que não deixei morrer.
Abro os olhos, olho para tudo, mas o futuro não se vê.
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