"É tão fácil não gostar. Não querer. Não correr. Permanecer naquilo que já conhecemos. Que não nos surpreende. Saber de cor os dias. e ter as noites controladas. Ter o passo seguinte traçado e o caminho meio rabiscado. É tão simples prescindir e não lutar. É tão fácil querer viver no vazio. É simples esquecer sentir. Optar não tentar.
É tão parvo não gostar quando se gosta. É idiota não querer quando se quer. É estúpido não arriscar. É triste o medo ganhar.
É pequenino não querer ser grande."
Rita Leston
[será tudo isso tão simples? não a essas coisas todas? não sei.
Será tão mau assim preferir o cómodo e não arriscar? não sei.
...não arriscam a pele, não arriscam perdê-la por deixar de senti-la, ainda que ela continue no seu lugar, intacta; não hipotecam a alma sem saber quando a recuperarão, ainda que a saibam sua. Nunca são verdadeiramente infelizes nessa comodidade acomodada, nem nunca saberão o que é poder perder a felicidade que se tem, que se sente, que nos mostra como a vida pode correr nas veias e o coração saltar obstáculos. Mas também quem é que quer isso? Essa aposta alta de vida? Essa roleta russa contra as probabilidades?...é tão melhor um seguro da vida que não se chega a viver e uns chinelos amarfanhados, de quem anda na guerra, ainda que pouco gastos onde chamam casa, e onde nunca sentimos estar com os dois pés.
Não sei o que é melhor. Não fiz o seguro, e a minha guerra é procurar os chinelos para os dois pés quando não quero andar descalça.
Talvez um dia. Depois saberei. ]
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