Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

28 novembro 2014



- Que procuras? – Tudo.
- Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

Cecília Meireles

[Viajo sozinha. Como sempre. E gosto... às vezes não gosto, mas sei que sozinha é a minha escolha de não estar com quem não me arranca a solidão de dentro. E, sendo assim, prefiro sozinha: já que não arranco a solidão de ninguém que eu queira, e de ninguém que eu queira sou escolha. Sozinha então, que sozinha vai-se bem. E estou a precisar de ir sozinha, de novo, um dia destes qualquer que o mundo me largue e eu possa fugir para longe, para mais um dia de tempestade quem sabe. As tempestades andam atrás de mim, perseguem-me porque não lhes fujo, ainda que cheia de medo, às vezes a vociferar entredentes, não lhes fujo. Também não as procuro, apenas sigo o meu caminho, aquele que eu escolher. E vou. Se alguma tempestade me seguir, ela que me apanhe, não é difícil. 
Não ando perdida, não procuro nada, ainda que deseje o tudo do meu todo (que é tão pouco). Não ando perdida, mas não serei fácil de encontrar, poucos calçam estes caminhos desencontrados de não procurar nada de tudo que mais se deseja. Porque o que mais se deseja não se pode procurar, e nem sequer se sabe que se deseja, surpreende-nos, encontra-nos nos desencontros da vida. Se me encontrarem, apanhar-me é o mais simples, então se for tempestade, é o raio mais certeiro. ]

Bom Dia

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