... De manhã olho o espelho e pergunto-me se é ele que tem raiva de mim e me devolve assim, se sou eu que tenho raiva dele por eu ser assim. Mas a raiva é indiscutível. Como a raiva que não me deixou calçar durante meses umas botas que voltei a calçar há dias, não sei porquê, calcei-as, talvez as tenha visto de maneira diferente. Quando de madrugada as descalcei foi outra vez com raiva, muita. E essa raiva não descalcei, e vi tudo outra vez da mesma forma.
Não há condescendências: a raiva também alimenta, mesmo que envenene os dias.
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