(foto @blackandwhiteisworththefight)
... Na varanda, com a manta a enrolar-me ainda. A ponta ardente do cigarro arranha escuridão, e eu penso em tudo o que tem acontecido e no que não pára de acontecer; em tudo o que se cruza comigo, tudo o que vejo partir e todo o medo que me parte. No entanto, e paradoxalmente, tenho cada vez menos a perder.
... O cigarro acaba, mas as palavras não acabam de falar-me, ainda que eu não as saiba dizer para as despejar aqui. De repente parece que não me sei, que tudo me foge das mãos, quando se calhar o que me foge são as mãos para agarrar alguma vida. O chá ao meu lado ainda está morno, eu estou fria de tantas mortes, em mim e fora de mim que me chegam dentro. Em mim tão adiadas, fora de mim tão antecipadas. Todas me gelam, por dentro e por fora.
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