Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

19 junho 2015

Hoje sonhei, no meio duma noite em que não dormi, agarrada a uma insônia como não tinha há muito, sonhei. Sonhei com umas mãos atrevidas e que não eram tuas. Faziam de brisa com vontade de vendaval, percorriam-me a pele das coxas, levantavam a saia solta de vento e vontade, chegavam aquela curva onde as costas mudam de nome e lá o leve toque tornava-se vontade muda, agarravam-me, puxavam-me, e eu sentia um corpo onde me sentia bem no meu. Um corpo que me queria, que me agarrava, que me sabia agarrar. E levar. Atrevido, malandro, e que me fazia rir. Não me lembro do sonho mas lembro-me de o chamar, a rir, de atrevido. Só não sei quem era. Não eras tu. Era um médico (ironia das ironias... Quase tem piada, mas não engravidava para o prender, aliás se fosse dessas, teria engravidado de ti, tive anos de oportunidade e ainda me lembro quando me perguntaste se gostava de ter um filho teu, que nunca o perguntaste a ninguém, e que achavas que um filho nosso seria lindo...) e talvez me curasse de ti, lembro-me de ser a última coisa que pensei, a rir, no sonho, antes de abrir os olhos e dar por mim a pedir o vendaval da vontade daquelas mãos.

Bom dia

4 comentários:

Maria Eu disse...

Brincar aos médicos?

Beijos, Eva. :)

Eva disse...

:))
Sim, ando a precisar de brincar eheh
Bom dia, Maria
Beijos

Unknown disse...

Querida Eva,
Dizem que para esquecer uma paixão é preciso outra paixão. Não sei se é. Às vezes basta ir preenchendo as lacunas até não faltar nada. O amor encontra-nos inteiros.
Bom fim de semana,
Outro Ente.

Eva disse...

Caro Outro Ente,

Dizem que sim - há até quem, aparentemente, o pratique -, eu tenho para mim que só é possível apaixonarmo-nos estando já resolvida e esquecida a paixão anterior. Talvez seja até uma questão de física, de espaço - só me parece possível ocupar um lugar vago... Logo, temos de o deixar vagar (o pior é que há pessoas em que isso demora muito, e os teimosos devem ser piores para isto...), precisamente por isso que diz, porque o amor só nos encontra inteiros, ainda que distraídos.
E não, não acredito nessa coisa de ir preenchendo lacunas como quem percorre uma check list ou vai ao supermercado com a lista de artigos em falta.
Apaixonarmo-nos não tem parâmetros, não preenche lacunas, é uma coisa que acontece, não se procura, não se racionaliza, não se programa para nos preencher, mas deixa-nos inteiros dessa sensação de plenitude... do verde ser mais verde e fresco, do sorriso ser mais alegre e quente, de ser preciso tão pouco para ser tudo :)

Bom fim de semana, Outro Ente
:)