Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

15 agosto 2015

Chego e todos os dias peço o mesmo: "um café e um copo de água, se faz favor". Hoje cheguei e não tive de pedir, surge-me com o café, o copo de água e um cinzeiro. Não só sabe o que peço como reparou que o cinzeiro é-me necessário, mesmo que nunca o tenha pedido, geralmente levanto-me e vou-o buscar.... Porque é que a vida não é assim? 
"Era isto, menina?"
Era, era isto... Sorri a acompanhar o "obrigado"... 
Mas aquele "menina", pôs-me de novo a pensar: porque é que a vida não me trata assim?

Bom dia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Menina Eva...há dias que estou sentada naquela cadeira
ao lado da sua... que é como quem diz " por onde anda, menina???!!!
Sinto a sua ausência..."
Quando chegar, posso tomar café consigo?

Beijinho.
Espero que estejas bem, Evinha...

Nanda

Eva disse...

Querida Nanda,

É muito bom saber que a nossa ausência é notada, que as tontices e devaneios que aqui vou despejando fazem falta a alguém, é muito bom saber isso. Dá um sentido ao blog que nunca foi para ter. Eram só desabafos e uma ponte para um mundo em que verdadeiramente respiro, em que verdadeiramente sou. Esse mundo já não existe, a ponte já não é para atravessar. Para mim já não é uma ponte. A sua função original deixou de se fazer valer ou de valer a pena. Talvez consiga que este espaço deixe de ser ponte para passar a ser uma casa, uma casa diferente do que até aqui.

Tenho andado afastada daqui porque só sei escrever sobre o que sinto, talvez por isso este blog seja muitas vezes demasiado "lamechas", mas só sei- e só preciso, como necessidade premente e às vezes gritante - mesmo escrever do que sinto, o resto são brincadeiras que às vezes me apetece partilhar e atirar ao ar para alguém se rir. Acontece que não tenho querido sentir nada, tenho-me esforçado por não sentir, nem me lembrar que senti. Na verdade acho que talvez este post defina o meu estado de espírito: estou cansada e farta que a vida não me trate bem ( e talvez eu mereça, não estou a fazer esse tipo de avaliações, sequer), mas estou cansada e farta também, de o escrever. Quero outras coisas, escrever doutras coisas, de felicidades e gargalhadas por vir. Mas ainda não tenho por onde, e então resolvi calar-me. Até hoje. Porque a Nanda me diz esta coisa tão simples e tão generosa: que há pelo menos uma pessoa a sentir falta de algumas linhas minhas de vez em quando. E isso faz-me repensar, dá-me vontade de voltar a falar. Na verdade, devo acrescentar, outra coisa que me aconteceu há dias que me fez pensar no blog doutra forma, e isso é aliás matéria talvez para um novo post, até esta resposta, só pelo tamanho, já dava um post...
Mas tudo para dizer que agradeço as suas palavras e que espero continuar a poder corresponder um bocadinho a essa vontade de me ler sem gorar expectativas...
Um grande beijinho, Nanda
E obrigada, MUITO OBRIGADA, mesmo
:)))

Anónimo disse...

Eu que agradeço, mesmo.
Tens de saber que o que sentes
e expressas tão bem no teu blog
faz eco em muitas de nós...
Faz-nos pensar, imaginar, e "perspectivar"
e redimencionar situações ou relacionamentos.
E tens de saber que na mais sentida solidão, estamos contigo.
Eu estou na tua varanda :)

Beijo
Nanda

Eva disse...

E que bem acompanhada que me sinto, Nanda! :)
Tomamos um café a olhar para o lua e desfiamos umas conversas de vida... é um serão bem passado ;)
Pois para mim foi uma surpresa saber que realmente fazia eco em mais pessoas, que as faz pensar, ou perspectivar sentimentos e relações, e que a algumas os textos que aqui deixava ajudavam alguém a explicar o que sentia... é reconfortante, e dá novo sentido a tudo o que aqui deixei escrito.
É bom saber disso, e que não estou sozinha.
E hoje até estou contente parece-me que descobri que ainda não morri completamente por dentro. Talvez haja esperança de vida em mim, de um dia eu voltar a sentir. E isso é bom, pelo menos ganhar essa esperança.
Beijo grande,
Eva