Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

25 outubro 2015

Já apetecem mantas, o crepitar da lareira, a meia luz que se agrava ao final da tarde. 
Volta a apetecer-me ler, voltam a apetecer-me coisas que me fazem. Até escrever. Pareço aos poucos regressar-me, reconhecer-me, ainda que haja dias que o caminho parece perder-se, volta-se a ele da mesma forma: sem saber como. Somos o que somos, regressamo-nos sempre. Às vezes, quando as ausências são longas, tão longasque podem até durar meia vida, não encontramos tudo como deixámos, algumas coisas perderam-se outras estão fora do sítio, mas vamo-nos arrumando segundo o nosso código genético, segundo as raízes da alma, que não acredito que mude. Não mudamos, arrumamo-nos, e a algumas ideias, de forma diferente, para dançar os dias que a vida nos vai dando. O difícil, para mim, não é lidar com o que tenho, é saber a música das vidas que não dançarei. Mas, se calhar, basta saber a melodia, senti-la, pensá-la, para que se dance na nossa cabeça, cá dentro. O corpo quase a dançar de ouvido.
Afinal, se pensamos em pássaros a chilrear, ouvimo-los, mesmo que não estejam a cantar. 
Mas um dia pode ser que cantem mesmo. A minha alma precisa de pássaros que cantem, que me façam o sorriso, de alma e corpo, dançar. Isso não muda ou mudará.

Bom Dia

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