Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

27 novembro 2015



"Somos os laços… aqueles que nos unem a um mesmo lugar, a um lugar em que a distância termina num abraço, em que a saudade morre… num beijo. Somos esse tempo, esses quilómetros que nos afastam mas que fazem intensificar o amor, que nos dão a certeza do sentimento, que nos revelam a força do nosso querer.

Somos as memórias… as histórias que guardamos dentro de nós, os momentos que foram vividos – repartidos num mesmo coração: que se completou nas nossas imperfeições. São esses laços, esses pedaços que não se vêem e que apenas são sentidos. Que são vividos nos braços que seguram, nas promessas que se cumprem, nos olhares que falam: em silêncio.

Nós somos esse silêncio, aquele das quatro paredes do nosso quarto, aquele em que nos fundimos um no outro, em que o tempo parece tão pouco… para vivermos a paixão. Somos a recordação… aquelas canções que ecoam no nosso peito, que nos elevam para um outro estado que passa o do sonho (que sonhamos deitados).

Somos essa vida, essa vida que nos é tão própria, que se agarra à pele, à carne, ao sangue. Somos os destinos… ou então a nossa forma destemida de encarar o sentimento, sempre que nos damos por inteiros, sempre que nos deitamos sobre um chão seguro. E pode parecer uma loucura amarmo-nos como nos amamos, darmo-nos como nos damos mas… só nós entendemos, só nós nos conhecemos nesta nossa forma de sermos loucos.

E são tão poucos, tão poucos os que amam na liberdade do seu próprio ser. E nós temos essa sorte. É nós temos tudo, porque temos o Mundo nestas nossas mãos que não deixam morrer o sentimento… por maior que seja a saudade."


"É nós temos tudo"... Tudo... ou tínhamos. Daqui a nada nem saudades, só esquecimento. O bendito, o tão abençoado, esquecimento, o olvido como melhor, como único, futuro. O desapego, a inexistência de tudo, não sendo um nada que se sinta nada, vazio. Porque o vazio é a noção do que falta num espaço, e então, esquecido, não faltará nada, não haverá saudade.  Como nunca alguém se sentirá infeliz se não tiver um dia sido feliz. Que felizes, então, os que nunca foram felizes. Estão livres da infelicidade.

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