Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

27 junho 2013

E com o dia a acabar, resto eu, resto-me eu, e não resta nada. Ou não vejo o que possa restar. Fico-me aqui a pensar em tudo, o que queria, o que gostava, o que nao queria ter de lidar, ao que não consigo escapar e me escapa. Não sei o que dizem os meus olhos, mas acho que deixaram de saber lê-los, de saber ver neles o que eles sempre disseram e dizem, mesmo que debaixo de tanta mágoa, preocupação, e vida embrulhada em nós vários. Aqui onde olho para o lado e ainda te sinto, ainda te vejo, te oiço, te cheiro quase, quase tudo pareceria mais fácil se um dos nós se tivesse desembrulhado e fossemos nós aqui juntos, e eu não estivesse a escrever isto, e tu me estivesses a ler nos olhos o que sempre disseram e dizem e já não lês. Nós, que queria e precisava. Não tenho. Então escrevo.

26 junho 2013

E quando se pensava que havia alguns assuntos chatos resolvidos e encerrados, mesmo que temporariamente... Eis que nos espetam pela cabeça abaixo o belo do balde de água gelada... Que com este calor até podia saber bem, mas não é o caso, não é mesmo, o caso. Que bela vida esta, só vos digo... É também nestas alturas que muito me falta alguém que me ouça ao fim do dia e me dê colo enquanto se conversa da vida. Não resolve, mas ajuda, e isso ajuda a resolver, e a ter forças para o que se resolve. Portanto tudo cada vez mais maravilhoso...

25 junho 2013

Mesmo sem dentinhos... 
assim é o Amor...
desdentado...


Olhámo-nos.
Eu olhei e senti que me olhava.
Dificil de resistir aquele olhar..
Uma delícia difícil de resistir...
Não resisti.
Comemo-nos.
Tinha de ser.
Mas não ali...
O peso da culpa...
não devia, sei que não devia......
Mas mandei partir em três e embrulhar, aquela delícia havia de cair bem com o café a todas as três, e pelo mesmo preço, adoçava três bocas... menos culpa!!
E estava uma delícia!!!!!
Ahhhh se estava!!!!... quem resiste a massa folhada com doces de ovos???
Eu não!!!
Há coisas que, simplesmente, olhamos e (se pudermos) temos mesmo de comer... que fazer?

(ehehehehe)

Bom Dia!!

22 junho 2013

Há dias em que me apetece esconder, esconder de mim mesma, como que para não pensar, para não me ver por dentro, com todas as barbaridades que me roem as estruturas. Hoje apetecia-me enfiar debaixo duma pedra qualquer, onde nao pudesse ver o brilho dos outros, onde não percebesse o brilho que me falta, onde não me fizesse falta o orgulho de alguém em mim, onde não me fizesse falta o não me ver brilho nenhum para se orgulharem. E queria nao saber que para nos orgulharmos de alguém, mais do que o que é realmente feito, o orgulho é só porque se gosta, e por mais nada. Quando se gosta o acto mais vulgar pode ser o orgulho vivo  de quem gosta, como o orgulho que se sente por observar o outro no dia a dia, só e tão simplesmente isto, e gostar do que vê, da maneira como fala e trata os outros, da maneira como faz rir e se safa sorrateiro, cheio de golpes de charme e de sorriso nos lábios, de problemas menores. Queria não pensar, queria não ver, queria não ser, porque penso demais, vejo muito pouco e não sou nada.
(e ainda antes de acabar de escrever isto mais uma noticia triste, enfim, que seja tudo duma vez e depois apanhe outra maré de mais sorte e mais feliz. Aguenta-te)
Leio, releio e volto a ler, para ver se vejo o que não vi. Cada vez dói mais, cada vez vejo mais o que vejo, cada vez me deixa menos espaço para respirar. Esmaga-me o peito por dentro como se toneladas eu tivesse em cima do meu cada vez mais frágil esqueleto. Dói, dói muito, dói demais e já nao sei o que fazer a tanta dor, onde arrumar tanta magoa, como esquecer tanto engano a costurar-me o passado. Quero sossegar. Mas há sossegos que só sossegam na companhia que nos sossega a vida e o olhar sobre a vida. A nossa companhia certa.

21 junho 2013

c u r i o s i t y:  innocence killed - check
o v e r t h i n k i n g:  happiness killed - check
i n s e c u r i t i e s :  self esteem killed - check check check!!
l i e s:  trust killed - CHECK!!
stereotypes - not yet
judgements : in construction...



...exactamente...
-...Próximo, se faz favor!!!
ehehehheh

Bom Dia!

19 junho 2013


Como hoje...
O tempo não cura nada: pode anestesiar a dor por habituação, 
pode tirar essa for do centro da nossa vida, mas não cura nada. 
Nada. 

18 junho 2013



Desejei-te ontem, de mais, e hoje também. Todos os dias são o mesmo dia quando te desejo assim. Só penso em ti. És inigualável. De olhos fechados consigo encontrar-te noutros corpos, mas só o teu amo de olhos abertos. Quando te escrevo tu não foges das minhas páginas. Quando te escrevo tu ressuscitas a minha alma. Acompanho o teu sorriso de longe e de perto, meu príncipe das trevas, lindo. Guardo comigo o teu olhar e sei que te recordas do meu corpo a tentar convencer-te que o meu amor é inteiro, embora nunca o seja bastante. É bom desconfiar do amor porque ele às vezes é traiçoeiro, metamorfoseia-se em reles sentimentos, eras tu que mo dizias. 

Eu não concordo.

via Pedro Paixão
in Príncipe, Asfixia


[será que se pode mentir desejo? o desejo será só uma espécie de fome indiscriminada de algo e não de alguém? como é que se sabe que o desejo é de nós, e que não servimos apenas para encontrarem outros corpos no nosso? como? onde está a prova dos nove do desejo, e já agora do amor?]

17 junho 2013


"Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:

Iludindo-se menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional..."

Carlos Drummond de Andrade

[isto faz-me tanto, mas tanto, sentido hoje em dia... mas sei que arriscar é-me cada vez mais dificil, mais custoso, mais arriscado... a dor é inevitável e traz pela mão o medo de mais dor. talvez o sofrimento opcional de não se lutar pela felicidade seja menos gravemente profundo nas consequências para a alma. ]
Finalmente parece que o dia acaba, com restos de vidros nos pés e alguns piropos à mistura para melhorar o dia. Agora falta a noite... O que será que ainda hoje está reservado para mim? Agora um bocadinho de música e carro até casa. Vai-me saber bem se o telefone não tocar... Se tocar nao será coisa boa, agora quando toca nunca é coisa boa... E agora penso em todas estas peripécias e ninguém com quem partilha-las, só aqui, a falar sozinha. E ninguém para gostar de eu ser como sou; às vezes sinto falta daquela vaidade que se tem no outro, por ele ser como é, exactamente como é, como aqueles olhares que se apanham a olhar para nós por acidente e em que se sente isso por dentro do olhar, e depois na cumplicidade do olhar de resposta, e se gostar disso, uma espécie de orgulho de aquela pessoa ser nossa, nem que seja só um bocadinho. Sinto falta disso.... E de tantas outras coisas!! Bom, aqui vou eu...

14 junho 2013

...e a lua continua a cair na minha janela, 
e eu, aqui sentada, sozinha com ela do outro lado do vidro,
 também continuo a cair.

07 junho 2013


"Conheceram-se. Ele conhecera-a e conhecera-se, pois na verdade nunca se tinha conhecido. E ela conhecera-o e conhecera-se, porque, apesar de sempre se ter conhecido, nunca antes se havia reconhecido assim."

Italo Calvino, Il Barone Rampante (O Barão Trepador)


"(...) Um dia encontrarás alguém que te dará uma visão de ti que ao mesmo tempo te surpreenderá e te parecerá certa, sem saberes porquê. Não se trata do que te dirão - trata-se de como te sentirás, exposto e em diálogo com o outro. Não será necessariamente uma visão elogiosa. Um dia encontrarás alguém que te fará ver-te a ti mesmo com outros olhos. Alguém que ao te permitir ver-te te permitirá mudar-te, ou ficar na mesma, mas daí em diante até a imobilidade será diferente.

Nem toda a gente encontra alguém assim. Nem toda a gente reconhece alguém assim. Nem toda a gente aceita o facto de ter encontrado alguém assim.

Mas se encontrares, pensa, e se o entenderes, reconhece, aceita. Às vezes mudar não é ceder, é evoluir. Às vezes é ser feliz."

Escrito pelo Menino e roubado indecentemente... mas tinha de ser...
AHAHAHAHAHAHH....
Muito boa!!
Bom Dia!!

06 junho 2013


... nope, só eu mesmo!
Por isso não vale.
Nunca estamos juntos.
Nem existe "nós", nem nunca existiu.
São precisos dois, e quando um não quer, dois não brincam...


Quero apenas cinco coisas
Primeiro é o amor sem fim 
A segunda é ver o outono 
A terceira é o grave inverno 
Em quarto lugar o verão 
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

Pablo Neruda


[não quero tantas coisas, quero convencer-me que sou feliz sem o que quero.
Que só precisamos do que temos. O resto é bónus a que nem todos têm direito, e eu não sou das contempladas. Só quero uma coisa: não querer mais do que tenho, e querer tudo o que tenho. Era só isto. E assim tu não estarias contemplado. E eu poderia ser feliz, como se nunca me tivessem tocado.] 
Vim almoçar com o oceano banhado de cheiro a mar. Apetecia-me despejar nesta acalmia o mar revolto que trago dentro. Despejar-me do sal e das ondas que vão, vêm e me levam sem nunca ficarem comigo, mas que sempre ficam em mim. Gosto de tudo no mar, da cor, da luz reflectida, da força, do seu respirar em ondas, da vastidão em alcance e profundidade. Até do medo que me dá tanto horizonte e força. Vou ficar aqui a rouba-lo um bocadinho e a tentar afogar o meu mar nele.

...estamos quando viermos, não estamos quando formos.
Se vieres quando fui, não coincidimos.
A vida é um constate encontro de desencontros.
Só a felicidade duma coincidência faz os encontros falharem o desencontro.

Bom Dia!!