Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

12 maio 2012

Chego à conclusão que gosto mais de estar com pessoas mais simples do que com aquelas armadas ao pingarelho, que acham que são alguém por isto ou aquilo, e não por serem alguém, simplesmente. Pus-me a pensar nisto e comecei a tentar perceber se é porque ao pé dos outros me sinto intimidada, ou apenas relegada para a minha insignificância, quase à laia de sentimento de inferioridade; mas não, a questão é que eu me divirto muito mais com as pessoas simples, ainda que com vários erros de português no discurso, ainda que com sinais mais de que evidentes de falta de gosto, são pessoas que se levam menos a sério, normalmente mais humildes, mais amigáveis quase sempre. E chego sempre à conclusão que não só me divirto mais, como facilmente as conversas descambam quer para a bregeirice, quer para as conversas de vida, de que não fogem, e falam abertamente do que pensam, do que aprenderam com a vida, da vida, enfim. Os armados ao pingarelho não gostam de conversas de vida, a não ser que seja da vida dos outros, fogem de conversas de filosofia de vida ou de pensamento, preferem falar de politica, muitas das vezes papagueando o que ouvem sem pensar, parece-me, no que ouvem. Preferem falar de cinema, música, literatura, enchem a boca para dizer a palavra arte, mas sempre de acordo com a crítica, uma crítica, mas não consigo às vezes descortinar o que gostam ou porquê, porque concordam com uma ou outra crítica. Tento perceber o poruqê, sentindo-me ligeiramente estúpida quase todas as vezes, porque não percebo nada, e fico na mesma. Eu só sei dizer se gosto ou não, e porquê, deles não percebo quase nunca nada, e nunca os seus porquês, e as conversas que gosto são sobre as que revelam o que se pensa disto, daquilo ou daqueloutro, porque essas são sempre conversas de vida, da nossa perspectiva de vida, seja na politica, arte, ou o que for,  basicamente são sobre o que as pessoas sentem, têm por dentro, o que são, e a mim parece-me que acham que isso é filosofia, e isso é para os livros, especialmente os fechados. E tornam-se para mim livros fechados, nunca se sabe o que está lá dentro, só podemos avaliar a capa, e isso para mim é só para prateleira.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nao podia concordar mais. Acho que uma das razoes porque venho aqui todos os dias é esta. Porque é uma interpretação do que lhe vai na alma e tem uma muito grande. Evakillme

Eva disse...

gosto de pessoas simples que revelam substância, que tenham alma sem medo. Não sei se a minha é ou Não muito grande, sei que as que tenho conhecido, no mundo em que vivemos parecem sobrar sempre. Servem quanto muito para ser lidas e arrumar também numa prateleira, apenas uma prateleira diferente daquela onde eu guardo os livros de capa interessante.