Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

05 maio 2012

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill

[li isto e fez-me lembrar o que me acontece ainda, de vir-me o teu nome à boca, de eu não o deixar sair, não deixo que o som te deixe levar, prendo-o por dentro, cerro os lábios, ficas-me dentro da boca, onde guardo os nossos  beijos, na esperança de um dia conseguir engolir tudo e o teu nome deixar de me vir parar à boca sem o chamar, à cabeça, ao corpo, à pele, sempre vindo de dentro, nunca o consigo parar. Não consigo travar as palavras, as imagens, os sons, os cheiros antes de os ver ouvir, sentir, estão-me dentro e assaltam-me. Não é justo, é cruel. Tenho de calar-te primeiro em mim. Pareço impermeável, ninguém entra e ninguém sai.  E devia ser ao contrário devia deixar-te sair, expulsar-te, e convidar alguém a entrar, ou gozar só o teu espaço vazio sem saudade, sem frio]

2 comentários:

Anónimo disse...

Eva

Eva disse...

Sim.. Foi o nome que me deu e eu gosto