[mais um descapotável, mais uma viagem que não viajo...]
Depois de dizer que não estou virada para esse lado, depois de dizer que abracinhos e beijos de "amigo" são coisas que não me encaixam na situação... Depois de me explicar - porra, 'tou farta de me explicar!!...em tudo e de tudo, ninguém entende uma linha do meu silêncio nem um parágrafo inteiro do meu discurso...- agora vem um convite para ir a qualquer lado, um fim de semana, Sevilha talvez, eu que escolha que tanto faz, o que interessa é a companhia...
Sevilha, porra, Sevilha: o pronunciar desta palavra na minha cabeça reme-te para um mail de há muito tempo onde me descreviam um fim de semana para passar a dois. Pegar no carro e ir. Odeceixe, Odiaxere, Tavira, Sevilha.... as noites de Sevilha, coisa muito gira, diziam-me. Eu ia gostar, de certeza. Era a minha cara...
E eu dou comigo a gargalhar sozinha de puro desespero!!!!... de tudo, por tudo. Desespero do mais puro, por tudo me ser tão duro por dentro: os dias, os últimos dias, todas as noites, algumas em particular particularmente excruciantes, os últimos meses, o último ano. Tudo e tanta coisa que não devia ser tudo, mas que me é tudo.
Depois, por momentos, no meio da minha extrema carência, dou por mim a agradecer - talvez até roçar o gostar -, que alguém me queira, o mostre e o diga, para passar uns dias, um fim de semana, um concerto que seja: qualquer coisa. Porque lhe apetece estar comigo, porque parece-lhe que valho a pena, que está disposto a fazer kms por mim, para um jantar e uns copos, conversa, companhia... Que tenho uma energia boa, que lhe faz bem, que se sente bem ao pé de mim...
E eu... eu dou por mim realmente, e verdadeiramente, a agradecer, mas a não conseguir deixar de dispensar...
Por que raio está tudo ao contrário? Quando é que eu volto a aprender a gostar de quem gosta de mim?? e ganho amor próprio? Tenho de vender a alma? Se ao menos tivesse como e a quem... Acho que já me tinha livrado dela... Porque ela já se desfez de mim há muito tempo, está numas mãos que não me pertencem, e que me desfizeram em coisa nenhuma.