Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

01 dezembro 2014

... então, será coisa de pombos?
(... as coisas de que me lembro... não há explicação... )
Mas tenho saudades, muitas, de tantas coisas. Saudades de momentos, de dias, de noites, de jantares, de conversas sem fim, de olhares indizíveis, de mãos atrevidas, de copos de vinho à lareira, de  almofadas no chão e estrelas no tecto de fora, de mil folhas divididos,  de fins de tarde bem conversados, dos colos pedidos e dos colos dados em recebê-los, dos beijos demorados, dos "olá" que eram recomeços a meio das conversas não essenciais, das gargalhadas bem partilhadas, da paz - tantas saudades da paz. E do que eu sentia, dessa mistura incalculável e imprópria de ternura, desejo, intensidade, carinho, tesão, e a leveza de tudo isso na paz dum aconchego quente.  Dum beijo na testa, das mãos dadas,  dum colo mudo, do olhar que nos entra e sussurra todas as coisas que as palavras não aprenderam a dizer. 
Tenho saudades de sentir o que não se calcula, não se espera,  não se finge, não se mede, não se conquista, não se procura, mas se teve. Tudo. 
Tenho saudades desse lugar que éramos. E os lugares não se apagam com o tempo. Talvez as saudades se apaguem do lugar.

Boa noite

2 comentários:

Anónimo disse...

Também tenho saudades desse tempo perdido. Anseio até por um tempo parecido.

Devo ser um pombo.

Beijos

Eva disse...

:)
é... nunca se sabe, se calhar somos todos pombos de espécies diferentes, voltamos aos mesmos sítios por razões diferentes.

Bom dia