... então, será coisa de pombos?
(... as coisas de que me lembro... não há explicação... )
Mas tenho saudades, muitas, de tantas coisas. Saudades de momentos, de dias, de noites, de jantares, de conversas sem fim, de olhares indizíveis, de mãos atrevidas, de copos de vinho à lareira, de almofadas no chão e estrelas no tecto de fora, de mil folhas divididos, de fins de tarde bem conversados, dos colos pedidos e dos colos dados em recebê-los, dos beijos demorados, dos "olá" que eram recomeços a meio das conversas não essenciais, das gargalhadas bem partilhadas, da paz - tantas saudades da paz. E do que eu sentia, dessa mistura incalculável e imprópria de ternura, desejo, intensidade, carinho, tesão, e a leveza de tudo isso na paz dum aconchego quente. Dum beijo na testa, das mãos dadas, dum colo mudo, do olhar que nos entra e sussurra todas as coisas que as palavras não aprenderam a dizer.
Tenho saudades de sentir o que não se calcula, não se espera, não se finge, não se mede, não se conquista, não se procura, mas se teve. Tudo.
Tenho saudades desse lugar que éramos. E os lugares não se apagam com o tempo. Talvez as saudades se apaguem do lugar.
Boa noite
2 comentários:
Também tenho saudades desse tempo perdido. Anseio até por um tempo parecido.
Devo ser um pombo.
Beijos
:)
é... nunca se sabe, se calhar somos todos pombos de espécies diferentes, voltamos aos mesmos sítios por razões diferentes.
Bom dia
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