Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

27 agosto 2013


Palavras para quê, 
se deixas na ponta dos teus dedos 
a minha pele por escrever?

Um livro em branco,
mudo,
cheio de mundos à espera de gritarem,
todo escrito por ti.

Palavras para quê,
se as palavras só existem
se dedilhadas por ti.

Boa Noite

26 agosto 2013

'Bora lá... todos floridos!!!
Isso, queria ir de vespa e flores no coração...
(a vespa não posso ser eu a conduzir, não tenho lá muito jeito...)
Bom Dia

han han... só boas intenções...
Boa Noite

25 agosto 2013


Acordaram-me.

O som duma mensagem que abri e dizia "olha-me esta lua"... Mas não era a lua que se via, era uma pessoa. Era a pessoa em quem penso quando não estou a pensar.

Vim fumar um cigarro cá fora. 
Vi esta lua, preferia ver a outra, mas não é recíproco.
Nunca me prefere a mim.

23 agosto 2013

Verdade!!...é mesmo!!


Caetano...catano, adoro a música deste homem!!!
...sofrer a eterna desventura de viver...


"Já lhe tinha beijado a boca e o pescoço. E esfregado a mão suada na dela. Sentira-lhe o hálito adocicado na ponta da narina esquerda e lambera-lhe o lóbulo da orelha direita. Ele já lhe fizera quase tudo. O “tudo” dos amantes. O “tudinho”. Eu disse-lhe que não. E argumentei solidamente perante o “mas.. mas…” atarantado.
Já conhecia cada centímetro cúbico das suas ancas.
“Não é aí”, disse-lhe. “Não é aí que mora a intimidade, homem!”

Os cafés chegaram à mesa, esperei pela saída do empregado para continuar.
“Olha lá, a intimidade de quem ama, ou gosta, ou deseja, só tem os nossos limites, certo?”
Levantou a sobrancelha e encolheu os ombros. Enquanto ele descrevia, subtilmente, o seu universo do “tudo”, recordei-me de um amigo, nas noites quentes do Seixal beira-rio, perdido na insensatez dos seus 19 anos dizer-nos “Pá, sexo oral com a nossa mulher, a mãe dos nossos filhos? Não. Fogo, nem pensar.” Isso seria coisa para “as outras”. Aquelas que desejamos mas com quem nada construímos. Como se houvesse um limite intransponível de intimidade com quem a mesma deveria ser plena. Voltei à mesa do café. Ele parara a descrição suculenta dos detalhes do amor e folheava, agora, os jornais.
“E já dormiram juntos?”
“Já!! Então, não te estou a dizer que fizemos tudo?”
“Está bem… mas dormir. Eu digo dormir. Ressonar. Fechar os olhos! Esse dormir!”
“Ahmmm…”
Ele olhou para mim com a nítida expressão do já me lixaste.
“Ohhh, lá estás tu… e isso é assim tão importante?”
É.

Contei-lhe uma história… uma viagem que fiz, em trabalho, à África do Sul. Em Durban, tive um motorista cuja sensibilidade ia muito além da memória fotográfica para ruas e da avidez para não parar em semáforos. Mtunzi era um homem fora de série. Um dia, em tom de confissão, contou-me… tinha apanhado, no aeroporto, um cliente. Casado, também ali em trabalho, o homem pediu-lhe para seguir para o hotel e, pelo caminho, lá lhe perguntou…
“Where can we find women, here. Beautiful ladies… hum?”
Mtunzi, a cortar a curva com a ternura de um talhante, lá lhe disse:
“What kind of women? The one you pay or the one you may fall in love?”
O cliente riu-se. E percebeu que a coluna afectiva do motorista era inabalável. Não mais abriu a boca durante a viagem.
Há coisas que não fazemos com quem se paga. Ou com quem o “tudo” é outro “tudo”. O meu amigo continuava incauto a mirar-me.
“Como assim?”
Sorri-lhe.
“Já lhe tocaste nos pés?”
Riu-se. Insisti.

O amor não está na juras ou promessas. Nem na liberdade dos teus dedos no corpo dela. Está nos pés. Naquele momento em que os teus tocam nos dela. Frios ou transpirados, sujos ou lavados, de unhas cortadas ou compridas. Quando os pés dela se esfregam nos teus e ali ficam.
É aquele instante tabu, em que a âncora do teu corpo tenta entrelaçar-se no outro. Em que ofereces a tua base. O teu sustento. O teu equilíbrio. Está aqui e é teu.
Não há intimidade maior, nem oferta mais doce. Quando, indiferente ao que aqueles cinco dedos comportam, deixas o teu dedo grande passar-lhe pela palma do pé. Quando sentes a rispidez da pele do calcanhar na barriga da perna e prendes, em pinça, os dedos dela nos teus.
“E, então? Já lhe tocaste nos pés?”

Disse-me que não, cabisbaixo. Mandei-o para casa. Fazer “tudo”. "

Roubado daqui., escrito pela mão da Rita Marrafa de Carvalho.

DELICIOSO... as pessoas não fazem ideia do "tudo" que podem ter... e às vezes eu gostava de também não ter, torna muito reduzido o que nos pode preencher depois do "tudo" tido e perdido. Há coisas de que raramente e dificilmente uma pessoa se refaz. 
Uma terrível nostalgia e melancolia por aqui hoje.
Tristeza e saudade.
Uma vontade enorme que outros sítios me puxem, me magnetizem, me façam querer alguma coisa de novo, alguma coisa tornada minha, tornada eu. Um eu diferente mas tão eu como eu agora.
Cada vez mais sozinha, cada vez maior a vontade de ficar sozinha.
Mas longe. E podia ser aqui, porque é a minha cara -  ou a cara, infelizmente, talvez não, mas o meu por dentro...
Bom Dia!

22 agosto 2013

... o que eu gosto disto...
Boa Noite





e tu,
sempre tu

num prodígio de luz

a enlouquecer-me
as sombras


gil t. sousa 





[eu, que me verti toda em sombras,
em sombras de mim,
do que fui, do que vivi, do que senti e lutei de olhos fechados ao mundo
ilumino-me, trémula, como se houvesse sol nos teus olhos. 
e há. 
 é o sol que me faz sombras. 
sem luz nunca haverá sombra. 
e a minha sombra enlouquece-se à tua luz
baralha-se 
esquece-se de ser
nunca deixando de ser
a sombra da tua luz ensandecida]
Adoro amores-perfeitos.
Deve ser do nome.
E da perfeição.
E de não se poderem arrancar, só apreciar, só gostar.
Como as papoilas de ar selvagem e silvestre.
Os amores perfeitos não têm ar selvagem, nem despreocupado,
mas parecem doces e perfeitos, e eu gosto.
Como gosto de pessoas de ar organizado e bonitinho que eu nunca terei.
 Provavelmente se eu fosse uma flor seria algo parecido com uma papoila.
(é preciso alguém com uma certa sensibilidade e diferença natural para espontaneamente reparar numa papoila, e depois não se vendem, não são comerciais - já repararam-, e eu gosto disso tudo. Muito.)
Mas a minha flor preferida acho que são as margaridas... giro né?
Bom Dia

21 agosto 2013


(...) Toca-me, conjuga um verbo que conheças
no presente do indicativo, soletra-o na segunda pessoa
do singular ao meu ouvido, dá-me qualquer coisa
que me pareça eterno.

Basta-me que o teu olhar me encontre.

José Rui Teixeira


[«...és-me.» - mas é uma sugestão que de tão irreal apenas poderia ser sonhada, se eu ainda sonhasse no tempo que me escorre pelas mãos e me deixa a vida como morta. Era o que eu soletraria se o teu ouvido fosse meu. era qualquer coisa de eterno que é, e que o meu olhar traz sempre, ainda que nem sempre o encontres.]
Bom Dia!!!
(não que eu comece o dia a beber - não que me falte vontade, atenção - mas posso começar o dia a piscar o olho, né?? há que tentar esquecer as tristezas que nos servem todos os dias fresquinhas, fresquinhas...)

20 agosto 2013

Bem sei que não é ano novo, mas há que decidir duma vez fazer qualquer coisa, isto é, voltar para o ginásio, ou fazer qualquer coisinha do corpo... que não implique saltar muito que isso cansa um bocado...
Vou colar esta foto na porta do frigorífico para motivação...  sou tão preguiçosa!!!!...

18 agosto 2013


Se calhar, para amar a sério, é preciso saber que se é amado.
Por isso o amor é uma espiral, quanto mais se recebe, mais se dá, e o inverso.


Cada vez mais sinto isto. Na pele, no olhar, na alma, no silêncio.
Infelizmente estou a aprender pelo inverso.

15 agosto 2013


Sinto-me terreno abandonado, árido, ao sol: nada brota, nada nasce, nem sequer morre. Nada semeia, nada colhe. O corpo parece morto, ressequido, esquecido, inerte, como um deserto seco de sombras. E é encharcada da escuridão das sombras que estou: falta-me a luz do olhar das tuas mãos, o toque quente do teu olhar; falta-me o sol dos teus lábios para me aquecer a pele, para beber a vida que me plantas, e que só tu sabes colher: faltas-me. E é este deserto que atravesso, e este deserto sou só eu, e onde os pés se cravam a fazer caminho - e que tantas vezes me engole -, é o que sinto.
Quando às vezes me acho menos só: quando acho que a distância me traz sozinha, mas não me leva na volta a tua ausência, descubro que é miragem: a realidade é o deserto.
O deserto sou eu com os pés cravados na areia que me escalda.

14 agosto 2013


"A memória mais forte que tenho dela é o toque dos seus dedos. Foi com ela que aprendi que a compatibilidade entre duas pessoas pode ser o toque, muito mais do que a voz, a semântica ou o cheiro. Ou melhor, os toques todos. Aqueles que acontecem quando se dá a mão na fila do supermercado e se discute o preço dos chocolates, mas também os outros, que nascem e morrem no segredo duma cama.
Por causa desses toques, caminhámos em silêncio durante uma parte importante da nossa vida, unidos pelos dedos. Uma vez parámos num pequeno café em Espanha, a caminho de lugar nenhum. Lembro-me das ruas desertas, do calor intenso e do estranho sabor agridoce na boca, logo pela manhã. Era ali que eu tinha prometido levá-la, para a devolver a casa depois daquele tempo que decidimos ser o nosso. Deu-me um abraço, estendeu-me a palma da mão esquerda no ar e colou a dela à minha. Ao afastá-la, brincámos com as pontas dos nossos dedos, como se todos os toques estivessem ali guardados.
Acho que ainda estão. Eu, pelo menos, ainda os sinto."


[há toques que falam mais que conversas inteiras que ninguém escuta. 
há toques, que mais que tocarem, falam com a alma e com alma. 
Difícil, depois, é calá-los em nós, mesmo muito depois de já não os sentirmos na pele...
Há toques destes, em que um toque acidental, não é um acidente, é um desastre. Fulminante.]

Boa Noite

«Estar nu, nada tem a ver com a pele. A verdadeira nudez é deixar que alguém nos morda os pensamentos; nos veja além da carne e nos leia como um livro. Os homens são fortes por fora, fazem-se fortes por fora, aparentam ser fortes por fora, mas resguardam a sua fragilidade interior, incapazes que são de assumirem o que sentem. Os homens têm medo das mulheres que os lêem, porque assim elas sabem mais deles que eles próprios. E como pode um homem fazer-se forte, quando uma mulher o despiu por dentro?»

João Morgado


[... era por isto que me dizias que tinhas medo de mim?? seria?... nãaaa]


13 agosto 2013

Tenho preso na garganta um choro como um vómito de algo que não comi.
Não vomito e não engulo.
Não choro mas as lágrimas caem.
Sobrevivo mas pareço não respirar.

12 agosto 2013

...cruzei-me com esta delícia, e não resisti...
Boa Noite


"Não andamos à procura do amor da nossa vida.
À procura, não. À espera que aconteça, sim."

José Saramago

[... e quando achamos que já aconteceu, quando o sentimos sem o sentirem, esperamos o quê depois? ]

11 agosto 2013

...boa receita para afastar as nuvens de dentro 
...e passar um dia enevoado 
...ou cheio de sol
... ou encher de calor qualquer altura.
...ou de dizer Olá!!, quando a vida se nos atravessa e nos faz esquecer de desejar
Bom Dia!!



Estou perdido; 
estou perdido.
Se nunca disseste “estou perdido”: então não é amor.

"In Sexus Veritas", de Pedro Chagas Freitas


[já sei que estou perdida há tanto tempo que já desisti de quaisquer bússolas ... não avisto perspectivas de rumo longe de desnorte... 
ainda que não me mexa por presa que estou a tudo o que tenho de ti agarrado aos ossos, na luz do sol, no barulho do vento, no sal do mar que se cola à pele e aos lábios salgados que lambo. 
não me mexo por estar presa a ti, ainda que te livres de mim, ainda que não me prendas, ainda que nem me toques,  fico-me presa nesta perdição de que não me solto, ainda que já te tenhas de mim soltado.]

Boa Noite

10 agosto 2013

Insónias, insónias... Os olhos fecham mas não dormem. Levanto-me, rendo-me ao fumo dum cigarro e uma varanda. Eu e as varandas, eu e o céu, eu e as insónias, eu e os cigarros fumados e por fumar. Não sei como: apareces-me. Estou sentada num parapeito de janela, longe daqui, há muito tempo, que não contei nem sei, mas passou, mas estás aqui. Eu fumo outro cigarro que não este, e a luz dos candeeiros da rua iluminam-te os ombros, as costas. Passo a minha mao pelo alcance das tuas costas sabendo que ha momentos que nao passam, que ficam em nós, e despertam quando querem e, normalmente, quando não queremos. E até agora, aqui - eu aqui, tu em lado nenhum comigo, dentro ou fora - ver-te assim me cega e incendeia. Eu, que abro os olhos para ver onde não estás: eu, que quero abrir os olhos para tudo em que não estás. Aqui, que tudo me esfria, vens tu lembrar-me de fogos que não queres reacender. E eu a querer deixar-me levar para outros fogos, para outras cegueiras feitas bálsamo, e nada encontro em mim solto de ti para deixar que tentem levar. Como a carne mais chegada ao osso, que não se solta, que não larga, que quer ser osso de tão agarrada, colada, pegada, e sempre, sempre, a que sabe melhor. Eu em ti nada: nem carne nem osso: todo tu te deixas levar.

09 agosto 2013


Deixa que os meus olhos se fechem 
E confiem um minuto nos teus...
Olha por mim, protege o meu sonho 
Vigia o meu descanso e afasta-me de todas as mágoas 
Com os teus beijos apaga as lágrimas que correm pelo
meu rosto
Envolve-me nos teus braços e, cuida de mim
Preciso do teu apoio, do teu abraço, do teu sentido
Deixa-me descansar e,
Adormecer no teu peito
Deixa que os meus olhos durmam
nos teus...
Deixa-me sonhar
Deixa que sonhe com a tua boca
Com as tuas mãos, com os teu beijos,
Com teu corpo na minha pele
Com o teu calor a queimar-me por dentro
Com tudo o que quero de ti
Deixa que os meus olhos despertem
com o sol a romper nos teus olhos...

Albano Martins


[deixa...]
Boa Noite

07 agosto 2013


Chamaram-me teimosa várias vezes, porque persisto, porque insisto e não desisto. Normalmente, quando me chamam teimosa, têm por resposta, que nunca ninguém teima sozinho, se há teima, há - pelo menos - dois teimosos. Mas disseram-mo várias vezes sem eu me lembrar sequer de tal resposta costumeira, porque, de facto, gostar não é teimar: gostar pode ser apenas de um: o que não desiste (por muito que custe, por muito que - tantas vezes - doa. Muito.). O que sabe o que quer e quanto o quer. O que sabe o que anda a fazer, e porquê.
Não é teimar, é sim: te amar: uma ligeira grande diferença, em tanta coisa.
Para teimar é realmente preciso dois, para gostar não, para te amar não, para ser realmente um grande Amor já é. Senão é um projecto que não se realiza, não se realizará. Apenas não sai duma cabeça, que diziam que teimava...

Gosto!!
Bem dito!!
As explicações vêm depois, primeiro as coisas realmente importantes! 
Eheheh
Bom dia.

06 agosto 2013

É incrível como a tristeza me leva as palavras,
 mas não a vontade da boca conversar em silêncio nem de gritar a alma com os olhos.
Boa noite. 

02 agosto 2013


Ainda antes de ser noite. 
E não, nunca, ninguém me ouve. 
Para quê? 
A dor é minha... 
é só, e apenas, minha porque tudo o resto é só meu também. 
Menos as lágrimas - essas que ninguém ouve - são agora da terra calada. 
Como eu.

Queria apaixonar-me por alguém que se apaixonasse por mim... E viver isso como quem come cerejas doces: até ao caroço. E como as conversas são como as cerejas também fosse uma paixão assim. Em que uma coisa puxa a outra, e nunca acaba.
(pode é dar depois uma grande dor de barriga - é o costume...mas ando a precisar de sentir que sou querida, que precisam de mim, que me querem, que gostam e se importam. Estou mesmo.)
Bom dia!
(desculpem lá a formatação mas não trouxe computador, tem sido tudo pelo telefone...)
E aqui estou eu, sozinha, debaixo deste imenso manto negro que alguém parece ter furado, picado infinitamente com diferentes agulhas. Por trás deste manto, denso de tão negro, escapa uma luz que ofusca de tão brilhante e que passa por buracos de agulha. Alguém coseu o céu todo e depois o descoseu, mas hoje não deixou buraco algum. Ninguém precisou de roubar daqui um retalho para aquecer a sua noite em qualquer lado. 
Boa noite. 

30 julho 2013

 
Apetecia-me fazer festinhas assim...ficava tempos sem tempo só a dedilhar a pele de quem se quer perto. Mas hoje só estrelas por companhia, muitas e tão brilhantes.
Boa noite.

29 julho 2013

Quero fugir e acordar aqui... ou em qualquer lado com esta paz, este sossego.
Quero descanso, mas já percebi que para se ficar descansado temos de nos sentir bem, temos de estar bem, não basta não fazer nada para descansar.
Precisava duns dias, mesmo que poucos, cheios de quem eu quero, sem tempo, sem horários, sem obrigações: assim eu descansava, ficava como nova!!
Bom Dia!!

Boa Noite

28 julho 2013


Imagino que sim... Eu escrevo muita coisa, ainda que não precisamente cartas... Mas não recebo nem cartas nem coisa nenhuma. Não tenho apaixonados... Bahhhhh
Bom dia.

27 julho 2013


"Então tu pensas que há muitos casais como nós por esse mundo? Os nossos mimos, a nossa intimidade, as nossas carícias são só nossas; no nosso amor não há cansaços, não há fastios, meu pequenito adorado! Como o meu desequilibrado e inconstante coração d'artista se prendeu a ti! Como um raminho de hera que criou raízes e que se agarra cada vez mais. Vim para os teus braços chicoteada pela vida e quando às vezes deito a cabeça no teu peito, passa nos meus olhos, como uma visão de horror, a minha solidão tamanha no meio de tanta gente! A minha imensa solidão de dantes que me pôs frio na alma. Eu era um pequenino inverno que tremia sempre; era como essa roseira que temos na varanda do Castelo que está quase sempre cheia de botões mas que nunca dá rosas! Na vida, agora há só tu e eu, mais ninguém. De mim não sei que mais te dizer: como bem mas durmo mal; falta-me todas as manhãs o primeiro olhar duns lindos olhos claros que são todo o meu bem." 

Florbela Espanca, in "Correspondência (1921)

[talvez penses que há muito por aí do que encontro só quando estou contigo: eu não, por isso ainda te penso, ainda sei o que é ter e o que é não ter o que quero. Eu quero sem saber o que queria, antes de o encontrar, há coisas que se descobrem assim, na surpresa do não procurar nada e tropeçarmos no reconhecimento do que gostamos, do que queremos, do que precisamos, sem nunca o ter sonhado. Para mim é raro, tudo o que sinto é raro e rico, sei da solidão e sei da paz da companhia que nos faz mais nós. O nós em que consigo ser eu inteira. E é por isto que continua sempre, e todos os dias, a faltar-me de manhã o primeiro olhar onde me vejo realmente eu.]

26 julho 2013


"-Se os homens se agarram pelo estômago, como dizem, estou tramada...
- Não te preocupes, agarra-los por outro lado qualquer...
- Por onde? Os que eu vejo que podem ser agarrados não têm ponta por onde se lhes pegue..."

Bahhhhhhhh


25 julho 2013


Queres saber quem eu sou? 

Eu sou o que te olha e espia para te recolher e depois guardar num lugar que é só meu. Para isso serve o papel. O resto não precisas de saber. Nem convém. Só te ia distrair, podes crer. Eu sou o que mergulha as mãos na tua vida para sentir a minha a voltar.



Pedro Paixão, in Muito, meu amor

[uma das coisas que eu acho que quem ama faz, é isto: observar o outro sem ele saber, absorver-lhe os gestos e a vida à distância do olhar. E é nesse olhar sorridente que aparece esse amor, essa ternura, esse querer e gostar. Esses momentos que emolduramos na memória e a que recorremos sempre que a vida parece fugir-nos um pouco. Quer seja num filho, ou no homem que chamamos nosso. Nisso não há diferença.]

Boa Noite

Já não sei escrever, se alguma vez soube. Sabia-me bem, pelo menos, e só isso me interessava. Era uma necessidade que satisfazia facilmente, e me libertava de muita coisa, e me explicava tantas outras. Derretiam-se-me os nós. Desfazia-me em palavras, e o gelo que me forrava pingava letras frescas - ou a ferver tantas vezes. Transformava-se a dureza do gelo na limpidez maleável e refrescante - ou na rispidez asfixiante da raiva momentânea -, nas palavras que me pingavam na tela branca. Tantas vezes a minha única companhia: uma tela branca à minha frente, à espera de me falar para que lhe segrede a minha alma.
Esvaziei-me de palavras quando me queria esvaziar do que me faz escrevê-las. Foi dar ao mesmo afinal. Silêncio. Mas até o silêncio tem muitas famílas e muitas espécies, este meu silêncio não é vazio, em nada, mas é tão embrulhado em mim que me prende as palavras, torna-me prisão de mim mesma deixar este silêncio em liberdade muda, às voltas dentro de mim, a torcer-me devagar a alma até asfixiar o coração. Cada vez mais, deixar-me sair de mim não faz sentido, por mais sentido que seja. saio de mim e não encontro onde me poisar, não tenho porto para o meu querer, nem abrigo para o meu sentir. Não tenho uma pessoa para mim e para ouvir o silêncio que me grita por dentro sem arranjar razão para sair. Não vale a pena. às vezes parece que já nada vale a pena, então poisamos a pena e escrevemos com o silêncio. 
Isto não se faz, 
isto não se faz, 
isto não se faz!!!... 
é que uma pessoa depois de ver uma coisa destas já não se recompõe enquanto não comer uma coisinha assim, ou parecido, vá...

ou torcido...

...sei.
Boa Noite

24 julho 2013

ahahahhahaha
...Bom conselho!!
(vamos tentar animar as coisas por aqui, que isto está muito negro!!)


[boa caixa de sugestões...]

Estou triste hoje, há dias em que as comparações são mais fáceis; estou estranha, e não gosto do que penso, do que sinto, do que a memória me serve com requintes de malvadez. Não gosto. E não gosto de me lembrar da noite em que achei que o próximo ano me ia correr bem, quando pensei que o passei da melhor maneira que podia, ao colo cheio de mimo de quem queria, de quem, quero, de quem continuo a querer infelizmente. Lembro-me claramente de ter pensado que havia coisas que faziam sentido, tanto, que seria um sinal de que algumas coisas correriam bem, não faria sentido doutro modo. Era tudo tão sentido. Depois, depois, a vida real entrou-me veias adentro pelos olhos, li coisas que me perfuraram mais que mil agulhas na alma, envenenaram-me até ao tutano. Ainda na véspera do colo, desse dia/noite que seria difícil saber-me melhor, foram ditas coisas que me derrubaram, que me enganaram, que me mataram. Toda a minha verdade única caiu em mil mentiras que me matam todos os dias. Todos os dias. Hoje matam mais. Hoje são mais fácil as comparações, e mais uma vez, não sou nada, nada importo, em nada existo em certas pessoas.

23 julho 2013

Cada uma delas, em algum momento do dia, é verdade.

Boa Noite

... melhor que mandar é fazer e pronto!!
eheheheh

...dedicado à anónima(o) que não sabe escrever português decentemente 
e que pensa que diz coisas inteligentes, que diz que me acha isto e aquilo, 
e não sei o quê das sobras, e mais não sei o quê (maior parte já apago sem ler até ao fim)...
...mas que não me desampara a loja de maneira nenhuma...
querida(o)... estimo que te fod@s, mas longe daqui, sim??
(mal fodida(o) já deu para perceber que és, mas ao menos que seja ao longe e em silêncio, 
o resto do mundo, ou eu pelo menos, agradecia encarecidamente...)



...hummmmmm??????

Eu chamo a isto... o "porque sim".
Se houver mais "porques" é de desconfiar, pelo menos eu desconfio logo...
Há coisas, que para serem puras, genuínas, verdadeiras, são só porque são, não se sabe porquê...



Ando cheia de vontade de sítios assim, cheios de barulhos de paz, de sossego que nos reconcilia, do descanso que ilumina o olhar e enche a alma. 
Um bom livro, uma limonada, e a pessoa certa para nos encostarmos e darmos a mão, entre as páginas do livro, ou para o interromper e roubar tempo ao tempo, ou entre os cantares dos pássaros, ou entre dois olhares que se trocam e se tocam. 
(se houver água perto é perfeito, e no nosso país há tantos recantos assim para descobrir...)
Ando a precisar tanto disto, de paz, de mim e do sossego que me chega do nós que não parece querer existir nunca.

Bom Dia!

22 julho 2013


Tu tens um medo:
Acabar.

Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.



Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.



Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.

Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.
Cecília Meireles 


[A eternidade, em cada um, sente-se quando se deixa de ter medo do tempo:  quando não tivermos medo de acabar, de nos morrermos, renascemos. Quando não tivermos medo do depois ele chega. O amanhã chega sempre, porque este dia morre e nasce outro, temos de tentar que um qualquer amanhã seja o nosso depois, para renascer. Ou continuaremos a morrer na mesma, todos os dias, sem saber, e sem nada de novo nascer.]


Docinho... 
para sobremesa, 
ou aperitivo, 
ou entre refeições, 
ou só porque apetece, 
ou só porque sim, que é a melhor razão de todas...