Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

21 junho 2014

... e quando vês que está partido, que o partiste, se amas, fazes tudo para consertar. 
Foi o que sempre fiz mesmo quando não fui eu a retalhá-lo.
Só se conserta um coração esfrangalhado amando-o com  muito Amor, carinho, mimo e vontade de ser feliz a fazê-lo feliz . Com beijinhos pequeninos cheios de coisas grandes, com vontade de o Amar e ao que o faz bater. Ainda. Mesmo despedaçado, retalhado e cheio de medo de si mesmo. Cheio.

20 junho 2014

...ohhh, so lovely...
mas o melhor é fugir a sete pés...
Bom Dia!

19 junho 2014

...'Tá bem.
É já.
ehehehhe


"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

Clarice Lispector

[às vezes estar não chega, tem de se ser, tenho de te ser, tens de me ser. esta vontade de sermos como alimento que é parte da fome, porque a acaba e a justifica, porque ela pede por ele, porque é uma urgência que se repete e se troca. há sempre fome se não há alimento. há sempre saudade se o Amor não puder comer a fome de amar o outro. há sempre saudade quando eu não somos nós. Saudade até de mim, duma parte de mim refém em ti.]

.... É... Queres ca(fé)sar comigo?
Deve ser assim. 
Para o resto da vida. 
Ou do café, sei lá.

... E eu hoje estou assim.
Um dia tinha de me saltar a tampa, pois acho que hoje foi o dia.
E acho que faz bem, é saudável. 
Evita que os fusíveis queimem de vez.
Bom Dia!

18 junho 2014

...exacto.
uma palerma estúpida é o que eu sou.
Lixam-me sempre sem qualquer problema de consciência, e eu que me arranje. 
O que interessa é que quem interessa esteja bem, com muita calma e descontracção e com tudo o que quer, eu que fique com as histórias inventadas e espalhadas a bel prazer e com as suspeitas que nada fizeram para evitar levantar. 
eu que me lixe. como sempre.
se estou bem? então não estou? que pergunta!!
eu aguento tudo, não é mesmo?
 e sem dar em descontroladinha e fazer merda atrás de merda e sem prejudicar ninguém.
Mesmo não tendo nada do que quero e tendo tantos bónus sopimpas que eu dispensava de bom grado.
Realmente a única parva aqui sou eu, eu sei.
parece que só descansarão quando acabarem comigo de vez e de todas as maneiras
Agradecida.
Era um favor que faziam se o fizessem bem e eficientemente.
é que eu não aguento tudo, e principalmente não aguento injustiças.

As noites boas escondem-se atrás da lua. Hoje a noite não tem sono, e anda a procurar a lua que se escondeu para não nos escondermos no luar. Hoje a lua está fria, e eu trouxe uma manta que esconde tantos luares como sorrisos, gargalhadas e beijos quentes que tantas vezes despiram o frio e largaram a manta. Esconde tudo escancarado no sorriso que me brilha nos lábios sem quase me dar conta. Só o amor não se esconde, quando se esconde brinca de não existir. Brinca?

"Quando se faz amor assim, de paixão total, fica-se longe das palavras...
o encantamento é uma casa que tem o silêncio por tecto" 
Mia Couto

[é um silêncio de boca cheia.]
Boa Noite

17 junho 2014

...eu bem digo que preciso dum exorcismo... 
e esta parece-me a melhor maneira de me tirarem o diabo do corpo...
ou tentarem muito e com afinco...
bahhhh...

... e o comentário da Filipa no post anterior lembrou-me desta foto guardada há muito,
 e que agora fui buscar ao fundo do baú.
E é verdade, há quem tenha luz própria e quem a reflicta e tudo tem o seu lugar e a sua beleza, por isso temos o Sol e temos a Lua. Um é a vida, o outro o sonho.
Deve ser por isso que me fico embasbacada a olhar para a lua, é a vida reflectida que se sonha.
Que sonho.

...parece-me que sim...
e ainda bem.
É quando as coisas correm mal que se vê de que são feitas as pessoas, 
se a luz vem de dentro, ou se só reflectem holofotes próprios para palcos e teatros para entreter públicos...
Não faço ideia de que tipo sou, mas acho que nem ao sol eu brilho muito quanto mais na escuridão. 
Pelo menos sou consistente, vá.... menos mal...eheheh

Noite tão boa para dormir cá fora. Se ao menos se conseguisse dormir, mas não, entretenho-me aqui a olhar as estrelas, a tentar contá-las, mas elas fogem-me e eu fico a magicar que falta aqui alguém para me encostar e ajudar a contar as tresmalhadas fugidias. São essas que eu quero contar e que me contam dos sonhos por construir, da luz que incendeia os dias mornos. Mas tudo me foge e ninguém me ajuda, e eu não me incendeio e fujo não sei para que onde, não sei para que dias, porque nunca agarro as estrelas que não conto. Conta-mas que eu agarro-as. Não fujo. Prometo.

16 junho 2014

ahahahah
...estas podem dar jeito, sim senhor!!
Inteligentes e com piada!!
Eu gosto mais a partir da terceira...mais sarcásticas, 
o género que eu, num dia mau, não hesitaria em usar...
e hoje até está um dia desses...

Bom Dia!


"Ofereci-te tanta coisa. A mais preciosa, aquela que há muitos anos não dava a ninguém - a mais preciosa, repito, foi a minha absoluta disponibilidade para estar contigo, ouvir-te, ou estar em silêncio perto de ti."

Al Berto

[..e faz-me falta esse silêncio acompanhado, pleno, completo. ainda me faz falta o silêncio dar-me colo. E eu gosto de silêncio, mas prefiro quando não é ausência. Ausência que não escolhi.
Agora o silêncio ainda me parece oco de significado, de conteúdo, de densidade, mesmo que o encha de coisas que nunca existiram, ou talvez por isso...
Incrível como o que não existe consegue ocupar tanto espaço, inutilizar tanto espaço, tantos amanhãs silenciosos que ainda não chegaram.]

E agora dormir, que amanhã vai chegar e é outro dia. O mundo começa todo outra vez amanhã. E depois e depois... e às vezes não apetece, mas agora apetece é dormir.
Boa Noite

15 junho 2014


Tus manos son mi caricia
mis acordes cotidianos
te quiero porque tus manos
trabajan por la justicia

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos

tus ojos son mi conjuro
contra la mala jornada
te quiero por tu mirada
que mira y siembra futuro


tu boca que es tuya y mía
tu boca no se equivoca
te quiero porque tu boca
sabe gritar rebeldía

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos

y por tu rostro sincero
y tu paso vagabundo
y tu llanto por el mundo
porque sos pueblo te quiero

y porque amor no es aureola
ni cándida moraleja
y porque somos pareja
que sabe que no está sola

te quiero en mi paraíso
es decir que en mi país
la gente viva feliz
aunque no tenga permiso

si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.

Mario Benedetti

[e depois tropecei nisto. este homem, o que escreve toca-me, ou ando assim mais para isto, para este doce deambular pela vida... fui à procura da tradução para português, mas algo se perdia na tradução, este melado das palavras, este musicar de frases (podem ler uma das traduções aqui). O engraçado foi encontrar duas traduções para o título do poema "Te quiero", há tradução para "Te quero" e para "Te Amo" (português do Brasil, está visto). Estranha esta língua nossa, que de tão vasto vocabulário, de tão pequenas diferentes nuances, parece tratar diferente uma mesma coisa. Parece até confundir, baralhar. Ninguém ama alguém sem a querer, e ninguém quer realmente uma pessoa se não a amar (digo pessoa, enquanto pessoa inteira, e não mero caso de pele que se esgota ou vai esgotando, e que também aqui é um querer, mas uma fome que se sacia no comer, ou outro não se sacia). Fiquei a pensar no que escolheria, lembrei-me do "adoro-te" que prefiro ao "amo-te" se souber, se sentir, que quer dizer o mesmo mas com uns pozinhos ainda de paixão, de adoração, de fogo. Também aqui preferia o "quero-te", porque eu só posso querer quem ame realmente, mas o "quero-te" risca de todo e qualquer cenário o amor à distância, platónico e morno - quero-te é urgente, e é forte, e é força, onde o amor se deixa dormir. Quero-te. Sem dúvida.]

Acordei nua, mas sem mãos. Procurei não procurar na memória quando terá sido a última vez que acordei assim sem ser culpa do calor que me sufocou ao amanhecer, e me fez tirar tudo o que tinha em cima do pelo e ficar pele na pele dos lençóis. As mãos, essas coisas que me atraem e fazem as vezes congelar o tempo, mãos malandras que fazem rir e querer. Rir muito, querer demais. Mãos que são difíceis de encontrar e fazer a minha pele querer e rir. Pouco que fosse.
Acordei tarde - se estes domingos tivessem horas, suponho que seria tarde- e sem nada em casa que se almoce, ou vontade de o fazer, decidi por aquilo que as pessoas finas chamam brunch, e eu que estou fininha, fininha, apesar de foleira, também tenho direito a usar o termo em vez de pequeno-almoço-a-fazer-de-grande, começo a fazer dois ovos mexidos (que me lembraram outros que fiz há três meses atrás...) umas torradas, um café para pôr no leite à falta do chocolate que acabou, juntei uma dúzia de cerejas que restaram e um fim de tarte de maçã, que apesar de já não estar fofinha, eu nunca o fui e não foi por isso que deixaram de me comer... Ora a tarde merece pelo menos o mesmo tratamento, e em não havendo outra, serviu bem para sobremesa (são as coisas da vida, ser a sobremesa possível...) acompanhada com um bom bocado de gelado de baunilha. Tudo posto numa bandeja e levado para a varanda, depois de desencantar um robe de verão, que a minha varanda não me deixa entrar lá nua...
E agora aqui estou eu, a fumar um cigarro e a escrever baboseiras, e a lembrar-me doutras, enquanto o sol já me sobe pelas pernas... Malandro. Cadê as mãos?
... Apetecia-me. 
Isto. 
Assim.
 Gargalhadas, brincadeiras, sussurros, caras juntinhas, beijos e beijinhos a entremear tudo, até poisar a cabeça na melhor almofada, feita peito que me acolha e me proteja, que queira ser o meu porto seguro, e que tenha uns braços que me envolvam em segurança, onde sempre me possa render ao fim do dia e deixar-me embalar num sono doce e tranquilo - paz plena. Há quem chame Felicidade. 
Os nomes a mim não me interessam, os rótulos são só indicações para o exterior, para os outros. Mas não me interessa que percebam ou não, isto não é para perceber, não preciso que percebam - não isto pelo menos -, só quero sentir: é o que eu quero sentir. 
Outra vez.
Boa Noite

14 junho 2014

Esticadinha de pijama na varanda. O sol ainda só toca as pontinhas dos dedos dos pés. Está um calor bom, misturado com uma brisa que não abafa. Só a preguiça - tanta - abafa. 
Acabada de pintar as unhas, com os dedos espetados como se isso evitasse algum desastre, tenta-se pensar no resto do dia com cores boas, relembra-se a conversa com primo ao telefone e entendemos que não se pode entender porque gostam de nós, ou porque gostamos de alguém, mas sabemos que relembrá-los, ou algo deles, nos faz o sorriso de dentro espelhar-se num sorriso para fora. Com tudo isto tenta-se afastar os fantasmas a quem queremos virar a cara e meter ordem de despejo da alma. Moram mas não habitam. 
Entretanto penso se pinto os pés também. As unhas, bem entendido, se bem que com o meu jeitinho se calhar é mesmo mais os pés...
...coisa mais boa!!
coisa linda.
Bom Dia.

"Vá dormir muita coisa boa.
Minha."

Vou. Depois de fumar o último cigarro na varanda, de pijama, à procura da lua que não devo ver.
Amanhã é outro dia. Felizmente.
Boa Noite.

“Ele jogava às escondidas no corpo dela, e ela mostrava-se feliz com aquele formigueiro no íntimo resguardo do corpo, que mais parecia um fruto vermelho, possuído. Havia um cheiro a prazer na cama, lençóis sujos da sujidade mais limpa dos corpos, e murmúrios que ficavam exaustos de uma noite para a outra.” 

João Morgado

[um fruto vermelho, uma maçã, uma tentação, a Eva que já não sou.]

13 junho 2014

Em vão, tudo em vão. Então para quê? 
Nem uma palavra em troca de tantas palavras e tantas conversas, de tanta coisa há tão pouco tempo. Tanto nada em resposta a tudo o que se deu sem nada pedir, e quando se pede o mínimo, que nem devia ser preciso, nada, nem uma palavra. Tudo em vão. Tudo vão.
"- A porta está aberta.... é seguro ir lá ver?
- É pois.
-... ou ainda me aparece lá um homem nu?
- Eu até deixei a porta aberta para se ele aparecer nem ter de bater à porta, podia desmotivar-se, sei lá...."

ahahahahhahaha
Irra!!.... estou sem pachorra para certas coisas... 
as pessoas às vezes (muitas ou sou eu que tenho mau feitio, sei lá...) 
parecem parvas... outras vezes parecem muito parvas,
é pouca a variação, torna-se monótono assim, a sério!!
bahhhhh



...eu precisava das duas coisas...
de tratar a cabeça e que me tirassem o diabo do corpo...
...será que se arranja um dois em um?
...é que as finanças são curtas...
e se ainda pudesse ser médico....uiiiiii então é que era!! 
Tinha a vida ganha!!
(sou mázinha pois sou...)
Bom Dia!!



Mario Benedetti

Estou a apaixonar-me pela sensibilidade de escrita deste homem. Encontrei um livro dele na Feira do Livro, só um e trouxe-o cheia de pena de não haver mais (e cheia de pena de não trazer um outro do Julio Cortazar que estava vizinho dele)...  Não se entende como tão pouca coisa dele está traduzida para português. Talvez o português não seja doce o suficiente para a doçura de alma que ele põe em palavras.
"Ela dava-me a mão e nada mais fazia falta (...) ela dava-me a mão e isso era Amor"

12 junho 2014


A minha mãe trazia os olhos vestidos de desespero, via nos meus falta de vida, e no corpo falta de vontade. Não sabia já o que fazer, o que me fazer. Saiu do quarto. Apareceste tu. Percebi que te tinha chamado, o desespero de mãe corta todas as ideias que alimentam os princípios, que deixam de se ter, deixamos de pensar, passamos a só querer alguma coisa. Ela queria que eu quisesse. Trouxe-te para eu querer alguma coisa, para alguma coisa me agarrar, porque a nada me agarrava. Estás à minha frente e eu não queria, não queria que me visses assim, sem espinha, sem força nas pernas para te enfrentar, sem força nos olhos para te ver, cresci em mim, nasceram forças do vazio que trazia e enxotei-te, disse-te coisas para me magoarem mais a mim que a ti, porque sabia que isso te magoava, e não te queria ali perante a minha impotência, a minha falta de defesas e de vontades, de ganas, aquela não era eu, mas os restos mortais que a vida e tu e me deixaram. Inclinaste-me para o que eu penso seria a intenção de um beijo na testa, virei-te a cara, e disse-te só "Adeus". Tu resignado, sempre resignado, até perante a minha resignação que mal cabia naquele quarto de hospital, até assim te resignaste, até assim me deixaste ir, deixando-te ir. Passaste a porta e eu fiquei de novo vazia, mas cheia de inquietude. A minha mãe de novo. Passaram uns minutos no silêncio da confusão que me ia dentro há tanto tempo, disse só, "vai buscá-lo, nada disto faz sentido". Entraste outra vez, levantei-me com muito custo e pedi-te que te sentasses. Sentei-me ao teu colo, aninhei-me em ti, como se ontem tivesse sido a última vez, encostei o nariz ao teu pescoço e senti outra vez o mesmo calor, o teu cheiro de novo, a intimidade entranhada, abracei-te o que as forças deixavam, e senti-te tremer por dentro do peito, afastei-me para te ver melhor e tu começaste a tremer por fora, a soluçar, corria-te pela cara o que sempre prendeste naquele brilho mais brilhante que os teus olhos mostravam quando as conversas eram mais despedidas que conversas, mas desta vez, sem conversa, tu deixaste-te ir e choravas como um menino, e eu ouvia-te sem que falasses, não querias que te deixasse, e repetias vezes sem conta, e abraçavas-me com o medo da força com que o fazias, e eu respondi-te em voz para que me ouvisses por fora " não fui eu que te deixei, foste tu que me deixaste, foste tu que nunca me escolheste para ti", e calei-me enquanto com beijos pequeninos te secava as lágrimas que te desabavam dessa dor que não estancaste, a que te resignaste. Por fim o silêncio, por fim paraste, por fim parei.

[Repost de 9 de Maio de 2012, releio-me e percebo-me a falta. a falta de mim]

"Tive o que pude, não tive o que quis. Terei de saber lidar com a sensação de incompleto que me completa os silêncios vazios na cama. Fui tão maior e melhor por ti...Nunca contigo. Nunca contigo...

E, perdoa-me a franqueza, fui o melhor que te podia ter acontecido e negaste-me o amor perfeito.
Teria sido maior que mil homens.

Amei-te por mil homens.Vou amar-te em mil mulheres."

Do miúdo.

Diz o que sinto, só não quero amar-te em mil homens. Não quero procurar-te em ninguém. Quero procurar-me em mim. Encontrar-me e dar-me inteira, sem ti, a quem me faça sentir bem comigo, me valorize e me prefira, sem qualquer dúvida, entre todas e quaisquer mil mulheres.  Todas.

(miudo, gostava muito de te dizer que o que dizes não é verdade, que não vai ser assim, que és muito novo e o Amor da tua vida ainda mora algures no futuro, mas nunca to poderia dizer convicta, acho que poucos têm a sorte de o encontrar, e o Amor não se compadece com idade,  vida ou contextos, não é quando dá jeito, é - com todas as forças que esse Amor te dá - dar um jeito de ser, e se for para ser, será. Digo-te apenas que torço muito para que não seja verdade, e que voltes a sentir de forma diferente porque nunca nada é igual, mas de forma tão intensa como nesse amor que apelidas da tua vida, que te arranque das tuas certezas e te mostre outras cores no mundo, que te agarre e arraste além de ti e para o melhor que possas ser, que a vida, e alguém, te volte a surpreender além do que possas sonhar. É sempre além do que se sonha que está o sonho que se deve viver.)


Qualquer semelhança com a realidade é pura pena minha.... bem gostava!!
Ora, parece que há dois anos deixei escapar um destes, lamentavelmente, não dei conta.
Nem que tivesse chegado nem que me tivesse deixado... ora portantosssss se alguém souber de algum mocinho destes - ou aproximado, vá.. - .pode mandá-lo ao meu domicílio que eu prometo que deixo que ele me ausculte o coração (descobriram que o danado tem um sopro pode ser que ele me conserte soprando-me ao ouvido coisas boas para o coração e que arrepiem a espinha e o caminho...) e me dê umas injecções de felicidade. Mesmo sem status. Não faz mal. O único status que me importa é ser feliz. Se não sempre, maior parte do tempo, e ter a felicidade de ter alguém ao lado que goste de mim nos restantes momentos.




Hoje vim o caminho todo sem música, só debaixo do sol, com o olhar atrás dos óculos de sol novos - porque uma rapariga tem essa coisa da terapia de compras, com amigas que gostamos de fazer rir e rir com elas, e entretanto vestir, despir, experimentar, dizer que sim, dizer que não, e passar o tempo só com parvoeiras que saem caras mas saudáveis. E então, dizia eu, vim a pensar numa serie de coisas, e estou cansada da escuridão deste blogue (percebi ontem no flashback a que me impus), eu sou assim, mas não sou só assim, e embora já tenha outro blog onde me vou tentando escrever, vai ser neste, aqui, que eu espero conseguir dar-me a volta. 
Às vezes é preciso espezinharem-nos de tal forma, dirigirem-nos tal mesquinhez e mentiras, que ao notarmos tanta falta de carácter e de tanta coisa, que ainda por cima apesar de premiada com o que desejam, o que tanto desejaram, mesmo depois de vitória em punho, não sabem ganhar sem tentar humilhar e espezinhar a quem entendem que ganharam, como se algum dia isto tivesse sido uma disputa, e no entanto, nem o sabor que deveria ser doce da suposta vitória, ou pelo menos de se ter o que se desejou, acalma a maldade das atitudes. É então que percebemos que por muito pouco que possamos valer não espezinhamos, nem nunca espezinhámos, ninguém, não mentimos e não prejudicamos ninguém conscientemente, basicamente não nos identificamos com esse mundo de fachada e tão podre por dentro. Chega-se a sentir vergonha alheia de tal mundo em que alguns vivem.
Então, se este blog é um pouco o meu espelho, vai ter de funcionar ao contrário e fazer-me tentar dar a volta e trazer-me de volta a imagem do que quero para dentro de mim, porque também é o que sou, as brincadeiras, os posts atrevidos, o sarcasmo, a vivacidade.
 Porra, eu não vou amargar nem deixar-me morrer o que tenho de bom. 
Não vou. 
Ou vou, pelo menos, tentar.
 É coisa que de mim não podem dizer, que não tento sempre o que quero, o que acho que me fará bem e feliz. Não tenho essa cobardia. Essa pelo menos não tenho. Terei outras. 
Por isso, deixei cair os tomates mas voltei para os buscar. 
eheheheh
Bom Dia


Mais uma vez a tentar fazer algum sentido de tudo. Comecei de trás para a frente, do mais antigo e fui andando. Já me ri, já me lembrei de coisas que pensava ter esquecido, mas leio a primeira frase e lembro-me do que era, da situação, de muita coisa. Estive a ler os diálogos através dos comentários, as brincadeiras, os subterfúgios das palavras que falavam sempre mais do que se podia ler. E não sei o que aconteceu. Não percebo. Agora parece que lhe pareço amarga, sem brincadeiras, sem doçura, sem nada, e não é verdade, não o sinto verdade. E gosto destee blog, este blog sou eu no que tenho de mais tonto e de mais sentido, de diabinho e de angelical, talvez. O que tenho de Eva afinal. Já não sou Eva? será isso? Deixei de ser, o que mudei? o que mudou em mim? o que mudou neste blog? Parece-se comigo mas é menos eu, é só a parte mais dura, mais dorida, mais magoada de mim. Não quero. Quero acreditar em beijos e em gostar e em mimo e em desejo, e em misturar tudo com gargalhadas e calor doce. 
Boa Noite

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

Chico Buarque

[letra linda. ainda há coisas lindas, é a essas que temos de nos agarrar e acreditar que são possíveis, ou a vida será uma tormenta infindável, como a noite de hoje.]

11 junho 2014


“O amor não se manifesta no desejo de dormir com alguém, mas dormir junto a alguém.” 
Milan Kundera

[um enorme pormenor de diferença...]
....e depois como se não bastasse há a crueldade própria da nossa mente que não mente, que não nos sabe mentir nunca nos dando afinal a verdade das coisas, e sem aviso, porque nos sentamos no chão da nossa sala no sítio, em que nos lembramos de repente, estávamos em certo dia, melhor, certa noite a partilhar um milfolhas com um copo de vinho tinto à luz de velas e a ouvir Portishead, e quase sentimos aquele braço a envolver-nos, a agarrar-nos pouco acima da cintura e a puxar-nos - peito com peito, face com face - ao som da música, a dançar sentados, calados, juntos, tão juntos. Parecia, parece-me ainda na mentira da memória cruel, juntos mesmo, tudo junto, tudo uno. Tudo nós. E novamente a crueldade da nossa mente a lembrar-nos, a gritar-nos, a apunhalar-nos, que deve haver casos assim, que é só coisa de corpos, que não haja confusões, e que como não estão aqui - neste sítio em que o acaso me plantou no chão da minha sala -, que não estando aqui, nunca estas ou outras memórias traem cruelmente essas mentes. Vendo a alma por uma mente assim. Aliás, já vendi, ou melhor: dei.

10 junho 2014

A crueldade chega a exceder o egoísmo próprio de quem nada quer já saber, se magoa, se não magoa. Como se se pudesse apagar tudo, e com isso não se importar com nada, não se importar de magoar, não querer saber se magoa, ou sabendo, não se importar. Já não é só egoísmo de quem quer pensar só em si e na sua vida, e desumanizar-se ao máximo, é nunca gostar de ninguém, nunca respeitar coisa alguma, e não haver sequer problemas de consciência com isso, ou porque não a tem ou nunca a teve, ou porque não se importa. Não se importar de magoar quem já se magoou por tantos anos e nunca foi cruel ou egoísta, mas agora, agora apaga-se tudo com uma borracha e não é nada connosco. Já não há peso de consciência ou culpa, os outros que se danem, só importa o que se quer e o objectivo que se tem, aprenderam tão bem, e com tão bons mestres, a manipular que só importa o fim, os meios, e quem no meio se magoa, nada interessa. 
Não tem de haver cuidado, onde nunca houve Amor, afinal. 
Isso revela-se enfim, ou haveria cuidado, pelo menos, em não magoar de forma tão cruel e indiferente à dor que se provoca, ou com que se é cúmplice sem qualquer problema e se calhar com algum prazer. 
"...porque trouxe para casa um homem de carácter, quando necessitava de uma alma de lacaio? Porque não sabia escolher o pessoal? O procedimento habitual do século XIX é: quando um ser poderoso e nobre encontra um homem de carácter, mata-o, exila-o, prende-o ou humilha-o de tal forma que o outro comete a parvoíce de morrer de dor."

Stendhal, in Vermelho e Negro

[...parece-me que no século XXI nada se alterou muito, só a nobreza do sangue azul está mais afastada destes tempos ditos modernos.]

09 junho 2014

ahahhahaha
...só esta para me fazer rir hoje, a sério. 
...pela quinta vez que piadéticos...
Mas li e desatei-me a rir...
...insistente, pois sim.
(só se fui eu que fui insistente em não desistir, enquanto outros foram insistentes precisamente no contrário... há pessoas para quem nem eterno, nem insistente:  simplesmente não é. Nunca foi.)


o que me dói não é a dor
o que me dói é a incompreensão do mundo
dos seres que são, inconsequentemente, como são
da revelação de um carácter curto, perante as contrariedades ser premiado
da injustiça da recompensa do mal, do pouco digno, do rasteiro até
da manipulação bem sucedida
da vitimização à pena tão bem conseguida
da vitória do fim sob qualquer meio.
O que me dói
é a minha dignidade que não manipula,
e consequentemente sai derrotada,
e aí torna-se a todos os olhos indigna.
Até aos meus.
Vira-se do avesso, torna-se incompreensível, inexistente,
neste mundo que vejo e me engole sem dó ou pena,
e com consequências só minhas, só dentro de mim.
O mundo continua, indiferente a mim, ou aos restos do que fui.
Restos amargos que lutam contra si mesmos,
conscientes do que não querem ser,
não querem ser a consequência de tanta inconsequência
maldosa, ou indiferente,
é-me já indiferente.
Inconsequência que brinca e magoa e fere,
Restos que não querem amargar,
neste mundo imundo que me ganha, perdendo-me.
Resto-me, mas será que me aguento, que me resisto?
derrotada, frustrada, perdida no mapa mundo da vida que não entendo,
será que me levanto?
será que me quero levantar?
ou só sucumbir?




Boa Noite

07 junho 2014

"Sleep solves everyrhing" consigo ler. E talvez seja um pouco, pelo menos da-nos tempo, ou melhor deixa-nos fugir um bocadinho do problema, se não sonharmos com ele. Agora o problema é dormir, mesmo. Outra vez. E fumar menos. É comer mais. Tratar-me, porque ninguém trata de mim. E eu precisava mesmo, de alguém que tomasse com gosto essa tarefa de me ajudar a cuidar de mim. Porque estou exausta, sem vontade de nada nem para nada... Desolada, desconsolada, frustrada, incompleta da alma ao osso. 
Concluo que as pessoas são estranhas e que eu, talvez a mais estranha,  não tenho emenda ou solução ou futuro. É triste. E não dormir sem saber o que me agita, o que me inquieta, ainda mais, porque tudo está resolvido, tudo está no lugar, inclusivamente o que não tem, nem nunca teve, lugar...

05 junho 2014

"and as far as everything else is concerned, I say no." - Grande Albert Camus

04 junho 2014

"Falo como homem e como poeta, falo das emoções que nos fazem crescer e nos dão a esperança para transformarmos as dúvidas em certezas, as fragilidades em forças, as incertezas na mais criativa e fascinante descoberta de nós próprios. Falo do amor como se só existisse essa luz que iluminasse todos os outros caminhos. No fundo, é essa luz que todos procuram, que todos perseguem, que todos sonham e que faz com que haja “coragem” para separar o essencial da vida de uma “loja de conveniências”. A maior parte das relações são “lojas de conveniências”, onde permanecem as razões de cada um: as objectivas e as subjectivas. Não quero resvalar para a explicação científica da Lua, quero fixar-me no olhar poético do homem que continua a ver o amor e a Lua como territórios de romantismo e de encontro, como “estados nascentes”, que fazem andar o mundo, ou seja, a vida de cada um, as vidas dos que têm o privilégio de se reencontrarem com o despojamento necessário para uma entrega sem condições. O preço de ficar refém de uma relação onde “já gastámos as palavras” e o amor é incalculável, comparado com a felicidade de partilhar esse amor com alguém que nos renova e nos faz renascer, que nos devolve a esperança e o sonho. Não tenho dúvidas em comparar o “preço”, quando se fica refém de alguém por razões de funcionalidade. A morte precoce da paixão e do amor são certidões de óbito que certificam uma vida insuportável, um faz de conta diário, as obrigações conjugais sem emoção, a tristeza, o desencanto, a amargura e um mundo a preto e branco. O “preço” de ficar nas relações gastas é para a vida, o “preço” de mudar em nome do amor dura apenas algum tempo, é apenas o tempo de ajustar a nova luz a um horizonte onde tudo parece escrito pelo “criador” para nos receber com o arco-íris. Não há maior dor do que viver numa tristeza sem horizonte de alegria, do que viver rendido a essa fatalidade onde todos se regozijam com as aparências, mas ninguém se preocupa com os sentimentos de cada um. Vivemos um tempo de hipocrisia onde se premeiam os condomínios fiscais, onde se critica os que têm coragem de mudar de vida, apontando o caminho aos que ficam na sua “loja de conveniências”. Coragem têm os que são capazes de dizer NÃO, mesmo que a maioria diga o contrário só para se iludirem colectivamente; coragem têm os que são capazes de dizer NÃO, em nome do amor e da cumplicidade da pele e do sémen. 
Perder o olhar romântico, que alimenta a eternidade quando encontramos no outro a parte que nos falta, é recusar a dignidade que a adolescência nos ensinou. Quem se recusa a ser feliz, empresta-se à morte antes de morrer."

António Vilhena
ahahahahhha
eu cá não me importava de acontecer, não... desde que fosse eu a escolher a quem...
Há que dar umas gargalhadas, já que o que se vê nos deprime,
 e arranjar com que nos rirmos com vontade... 
Bom Dia!

31 maio 2014

O chá perfeito para a Eva Lost.in...
Ao meu lado um lugar vazio - ironias diria eu, se dissesse alguma coisa acerca, mas calo-, a seguir falam em tom do outro lado do atlântico, naquela língua de mel em que tudo parece mais doce, mais suave. O rapaz é novo, não é feio, não gosto das sapatilhas e odeio o toque de telemóvel, mas gosto das mãos. Gosto muito das mãos. E ponho-me a pensar nesta minha fixação por mãos (penso nas tuas sem pensar que penso, lembro sem recordar em consciência) porque será? Porque é o que nos toca a pele? Porque são elas que trabalham? Porque elas às vezes falam? Porque escondem vontades e afectos? porque retraem carinhos, ou porque os mostram escancarados, com pudor ou não? Carinhos cheios de ternura, ou vontades cheias de tesão de nos quererem agarrar por dentro, como se por fora, às vezes - e tantas, tantas vezes - fosse pouco. E as mãos procuram, exploram, agarram, percorrem levemente em vagas de arrepios, beijam-nos às vezes com toques que vão além do tempo e da pele. 
As mãos, darmos as mãos, dares-me a mão, receberes-me toda. 
As mãos são o segundo olhar.
"-Fuja de mim - disse um dia a Julião. - em nome de Deus abandone esta casa: é a sua presença aqui que mata o meu filho. Deus castiga-me - acrescentou em voz baixa - é justo; adoro a sua justiça; o meu crime é horrível e eu vivia sem remorsos! Foi o primeiro sinal de que adeus me abandonou: devo ser duplamente castigada.
Julião ficou profundamente comovido. Não podia ver nisto nem hipocrisia, nem exagero. "Ela julga que amando-me mata o filho, e contudo a desgraçada ama-me mais do que á ele. Não posso duvidar de que é este remorso que a mata; eis o que é grandeza de sentimentos. Mas como inspirei eu um tal amor, eu, tão pobre, tão ignorante, algumas vezes tão grosseiro nas minhas maneiras?"

Stendhal, in Vermelho e Negro

Será que se pode apanhar um comboio para outra vida? Será que os comboios que se perdem se podem apanhar depois noutra estação mais à frente? Será que nos levam a outro lado, ou só tornam toda a viagem diferente? Mas a vida é a viagem, não o destino. A vida são os comboios que se apanham e os que se perdem, os que se vêem passar, enquanto parados na estação, pensamos esperar pelo nosso, por aquele que nos leva onde queremos com a viagem que esperamos. Lembro-me daquela frase do Kundera na sua Insustentável leveza do ser, que dizia mais ou menos isto: "cada momento tem o peso da eternidade". Suponho que é assim cada momento que passa, cada momento que se vive, fica carimbado para a eternidade, não se repete, não se muda, o que daí resulta são consequências, também elas momentos eternos. Ficam para sempre, ainda que mais à frente apanhemos um comboio de regresso ao que pensamos nosso início. A viagem já a temos, já é eternamente parte do nosso ser. Nunca, verdadeiramente, se volta ao início. Nem a mesma viagem se repete, ainda que o percurso seja o mesmo, viveremos a viagem sempre de maneira diferente, porque já temos mais viagens dentro, mesmo que nos levem ao mesmo lugar. E estamos sempre a tempo de a cada momento fazermos da nossa eternidade o que queremos, desde que dependa de nós, de uma escolha nossa, para que ela mais à frente não nos pese, mas nos pareça curta. Depois há momentos em que só queremos fugir da eternidade que certos momentos - que outros escolhem - nos deixam, e então fugimos. Alguns de comboio. A eternidade apanha-nos mais à frente, ou até na viagem, como se vê. A eternidade nunca perde o comboio, chega sempre a cada momento.

Ó Mulher! Como é fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!

Quantas morrem saudosas duma imagem
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca ri alegremente!

Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doces almas de dor e sofrimento!

Paixão que faria a felicidade
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

Florbela Espanca

[é isto.]

30 maio 2014

A vasculhar o passado para entender, para ver, para resumir, para me resumir. Não cheguei nem a meio, desisti, voltei ao inicio do inicio... tantas voltas, tantas vezes o mesmo sítio, o mesmo fim, o mesmo inicio, e sempre o não entender o repetir da repetição. Tem de tudo todo este tempo, da brincadeira ao fora de brincadeiras, da ternura à tesão, da paixão ao Amor. E sempre a incompreensão. Como não parecem entender nada com tudo à frente?, e com tudo o que já trazem detrás? Insistem-se os erros para se forçarem conclusões, quando a única coisa que sempre se concluiu é que há coisas que não se forçam. O esforço só reforça o erro. 
Estou cansada,  a cabeça dói, o estômago chateia e não quer comer, e eu aqui, perdida não sei onde não sei de quê. Penso que isto é tudo um erro, que não sendo meu sou quem mais o sinto e ressinto e amargo, mais sofro e mais me dói. Não entendo. Nem a mim já entendo. Nem à vida. Nem a nada. Nada faz sentido. 
Lembro-me duma sms que recebi uma vez às seis da manhã que dizia que sem mim nada fazia sentido. Que não valia a pena. Já se sabia que sem mim não era capaz, nada fazia sentido.
Já não é sentido? 
Já não faz sentido nada sem mim fazer sentido?
Não há sentido nenhum em seguir sem fazer sentido.
Não há sentido nenhum em seguir se não for realmente sentido.
Só o realmente sentido faz sentido. E não erra.

29 maio 2014


"Uma declaração de Amor não depende apenas do que se diz, mas também do corpo. Dois corpos podem aproximar-se lentamente um do outro sem se comprometerem tanto como se comprometem as palavras. Se a coisa funcionar, acaba em sexo. Se não funcionar, acaba em silêncio. Acaba bem ou menos bem. São as palavras as únicas que podem acabar mal.
De qualquer forma duma coisa tenho a certeza: é muito mais fácil dizer que se Ama depois do sexo. É por isso que, em caso de paixão, a primeira palavra deve ser um toque."

Do Bagaço.

[as palavras podem acabar mal, sim, mas há silêncios - sem qualquer toque ou paixão - que acabam pior. Acabam-nos. Trancam-nos lá dentro, sem portas ou janelas.]

Sou a que a amo pior. Todos a amam melhor do que eu. Quis e gosto que seja tão querida de todos, que haja felicidade distribuída nisso. Toda a gente só quer ser amada e ter alguém a quem dar amor. Digo isto, e lembro-me do meu irmão e da paixão recíproca que tão bem lhes vejo e entendo. Tenho pena de não saber fazer melhor, amar melhor. Tenho pena de não ser como ela gostaria que eu fosse- mas não sou, e nao me posso fazer quem não  sou, nao sei fazer isso. Nem quero, se o fizesse nao seria de mim que gostaria. Só posso ser eu. Prefiro que me goste só o que puder, o que conseguir, mas que esse bocadinho por pequeno que possa ser, seja genuíno e realmente meu, de mim. Tenho pena que não me ame como vejo que pode e sabe amar. Tenho pena, mas entendo, entendo sempre quem não me consegue amar. Há mais razões para isso do que o seu contrário, e eu tenho de entender e aceitar. E aceito, aqui, agora, sempre. E oiço a sua respiração de sono feliz, onde também não entro, enquanto choro sem sentir as lágrimas que me caem. A culpa de não ser amada é minha, há razões de sobra, e eu entendo. Poucas há para, também aqui, também ela, em havendo escolha, eu nao seja a melhor escolha. Eu faria o mesmo, mas mesmo assim, incrivelmente, e ainda que de olhos inchados de vazio, gosto de mim assim, porque não sou doutra maneira nem posso ser, e alguém tinha de gostar. E eu gosto, só tenho pena que não haja mais a gostar. Mas entendo.

A língua sobre a pele o arrepio
Os teus dedos nas escadas do meu corpo

As lâminas do amor o fogo a espuma
A transbordar de ti na tua fuga

A palavra mordida entre os lençóis
As cinzas de outro lume à cabeceira

Da mesma esquina sempre o mesmo olhar:
Nada do que era teu vou devolver.

Alice Vieira
in Dois corpos tombando na água

[nada do que era teu eu devolvo, nunca foi meu. nunca te deste. o que me dei me hei-de devolver, guardar, e dar a quem me devolva. me devolva a mim.]
"Apetecia-me trinchá-la, 
mastigá-la, 
saboreá-la, 
sentir tudo nas minhas papilas gustativas até ao mais ínfimo pormenor
 e depois repetir."  

[às vezes pergunto-me o que querem realmente dizer estas coisas - ou para quê-, e depois penso o que querem dizer outras tão diferentes, depois acho que nada quer dizer nada. as conversas intermináveis, as brincadeiras sem fim, as mensagens trocadas por horas sem se dar pelo tempo passar, mesmo longe, e depois o longe mesmo, a distância sem medida e o desprezo desmedido. Então penso que não percebo nada, não sei nada.]

28 maio 2014

...ora digam lá se isto é coisa que nos ponham à frente assim logo pela manhã??
Francamente!!
E pronto, olhem...Bom dia!! 

..era isto. em versão masculina, por favor.
Agradecida.

27 maio 2014


[..."se sei o que não tive, não sei o que perdi"...]

Há quem nunca chegue a chegar.
Nunca regressa, nunca parte, nunca está. 
Nunca chega a nada, e nem ao nada chega a chegar. 
É o meio caminho de destino nenhum.
E no entanto tudo é devagar, não se sabe para onde, para quem ou para quê. Devagar - como se a vida tivesse vagar para tão devagar-  divaga-se na vida ao sabor do não saber. Não saber nada, que depois passa a não saber a nada.

[esta foto foi tirada e guardada quando lia o Rentes de Carvalho - A amante Holandesa. Não sei se já aqui tinha sido publicada ou não, ou este excerto, mas fica aqui, mais uma vez, ou não... Mas que importa quantas vezes? importa sempre o conteúdo, o que diz, ou não diz... e a mesma coisa pode dizer-nos, a cada vez, coisas diferentes - que importa quantas vezes, que importa? ]

26 maio 2014

“A felicidade aparece para aqueles que choram. 
Para aqueles que se machucam. 
Para aqueles que buscam e tentam sempre. 
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.”

Clarice Lispector

[se a felicidade aparece para os que choram e se magoam e tentam sempre, eu vou ser muito feliz, porque não consigo mais chorar lágrimas que já esgotei, não me posso magoar mais de toda eu ser uma ferida aberta, e a única coisa que me falta realmente tentar é ser feliz, porque realmente acho que tudo o que tentei, pensando que o fazia, foi tentar ser cada vez mais infeliz, mais ignorada, mais e mais desrespeitada. Não percebo porquê, mas só me pedem que chore e me magoe, não que entenda. ]
"-Gosto de ti o suficiente para já não conseguir passar um dia sem te dizer o que quer que seja. Quando às vezes te calas, procuro por algo que me faça lembrar o teu rosto: os teus olhos, os teus lábios, o teu nariz. Quando me faltas, procuro-te. Porque gostar é mesmo isso. E, para mal dos meus pecados, eu gosto de ti."


Gostar é isto e muito mais. É tudo o que (te) falta.



25 maio 2014

Nash, o matemático do revolucionário equilíbrio de Nash. Acabei de ver o filme. O homem que se venceu a si próprio e me deixou a pensar que a mente nos rege e nos comanda, mas quando sabemos como ela nos manda e rege, conseguimos mandá-la e regê-la. Esquizofrénico, por amor, principalmente - parece-me - por amor dela que nunca desistiu dele, conseguiu seguir uma vida de dieta mental, como dizia ele no filme, em que apenas alimentava da mente o que sabia ser certo, e escolhia, conscientemente, ignorar o resto. Ou seja teve toda uma vida de alucinações, de personagens paralelas inexistentes, que ele, ao sabê-las inexistentes, simplesmente ignorava e seguia a sua vida. E conseguiu ter uma vida assim. Conseguiu ser reconhecido ao fim de muitos anos e receber um Nobel. É possível vencermo-nos. Se quisermos, se houver amor que nos faça querer.

Aqui fica a cena do discurso do Nobel...

"...fiz a maior descoberta da minha carreira, a maior descoberta da minha vida: apenas nas misteriosas equações do Amor é que razões lógicas poderão ser encontradas. Só estou aqui por causa de ti: tu és a razão de eu ser, tu és todas as minhas razões."

E esta apenas como bónus porque é uma delicia de tentativa de definição lógica de Amor a um matemático que logicamente apenas funciona com lógica (e está escarrapachada ali em baixo, logo a seguir ao vídeo).
Doce, acho que é a palavra, ou então sou eu que estou assim, não sei...
(...)
Nash: Alicia, does our relationship warrant long-term commitment? I need some kind of proof, some kind of verifiable, empirical data.
Alicia: I'm sorry, just give me a moment to redefine my girlish notions of romance............................ How big is the universe?
Nash: Infinite.
Alicia: How do you know?
Nash: I know because all the data indicates it's infinite.
Alicia: But it hasn't been proven yet.
Nash: No.
Alicia: You haven't seen it.
Nash: No.
Alicia: How do you know for sure?
Nash: I don't, I just believe it.
Alicia: It's the same with love I guess.
(...)

E é, é assim mesmo. Tudo o que é infinito não se prova, acredita-se ou não. É uma questão de fé, suponho. O Universo e o Amor.

Boa Noite

24 maio 2014


" "O quê! Será amor", dizia para consigo. "Estarei apaixonada? Eu, mulher casada? Mas nunca senti por meu marido esta sombria loucura que faz com que não possa deixar de pensar em Julião. No fundo, é apenas uma criança cheia de respeito por mim. Esta loucura será passageira. Que se importa meu marido com os sentimentos que eu possa ter por este rapaz?(...) Nada lhe tiro para dar a Julião."
(...)
Tudo era imprevisto para ela. Contudo, depois de alguns instantes pensou: "basta, portanto, a presença de Julião para apagar todas as suas culpas?" Ficou apavorada; foi nesse momento que lhe retirou a mão.
Os beijos cheios de paixão, diferentes de todos os que recebera, fizeram-na esquecer, de repente, que ele amava, talvez, outra mulher. Pouco depois aos seus olhos já não era culpado. O cessar da dor pungente, vinda da suspeita, a presença de uma felicidade que ela nem sequer nunca sonhara deram-lhe exaltações de amor e de alegria louca. (...) Julião não pensava já na sua negra ambição, nem nos seus projectos tão difíceis de executar. Pela primeira vez na vida era arrastado pelo poder da beleza. Perdido num sonho vago e doce, tão estranho ao seu carácter, apertando devagarinho aquela mão que lhe agradava como uma beleza perfeita, escutava o movimento das folhas da tília, agitadas pela leve brisa da noite, e os cães do moleiro do Doubs, que ladravam ao longe. Mas esta emoção era um prazer e não uma paixão. "

Stendhal, in Vermelho e Negro

Há dois tipos de grandes autores, os que se destacam pela forma como escrevem, ou porque o fazem duma forma diferente e diferenciada, ou porque o tornam na verdadeira arte, dizendo qualquer coisa duma forma sublime, que nos faz parar, pensar, repetir, reler e por fim guardar sorrindo, mesmo que num sorriso triste tantas vezes. Depois temos os outros, os que não têm uma escrita que consideraria excepcional, mas que têm um conhecimento excepcional da psicologia humana, dos sentimentos e emoções mais recônditos, pessoas que criam personagens verdadeiramente reais, complexos, humanos.
Este livro que ando a ler encaixa neste segundo tipo. 
Neste pequeno trecho cabem aqui pormenores imensos do que é paradoxal e irracional, os dilemas internos e os esquemas mentais que tornam tudo inexplicável e expectável no ser humano, no que se sente, ou não se sente, a impotência, a consciência da irracionalidade, o absurdo do que se sabe sentir, e as pequenas diferenças imensas entre, por exemplo, a paixão e o prazer.

22 maio 2014




"O que custa é o dizer não. Semanas, se calhar meses, de um estado do qual não temos propriamente consciência. Apenas sentimos que não estamos bem, que não é aquilo que queremos.
Quando estamos habituados a só chorar no escuro do cinema, só nos permitimos chorar quando a porta se fecha atrás de nós, atrás de ti, quando a separação é irremediável.
Mas é quando dizemos não, quando treinamos a aprendizagem do não, quando dizemos que sa foda esta merda toda, que os verdadeiros milagres acontecem. Quando é o universo a fechar-nos uma porta, só temos de procurar uma outra e abri-la. Quando somos nós a fechá-la, o universo abre-nos automaticamente outra. No fundo, a mostrar-nos que apenas temos de aprender a fechar a porta.
(...)
As feridas por lamber. O medo de me dar. O pânico de te receber. A gestão de sentimentos tão contraditórios como a perda e o ganho. A exposição pública – se à esposa de César não basta ser, imaginem à viúva; as preocupaçõezinhas com as convenções sociais do ainda agora se separou e é vê-lo aí com quem primeiro aparece, que isto dos garanhões, na verdade, é para muito poucos. É tão difícil lidar com a culpa, sobretudo quando não a temos, na verdade as coisas são como são. "

Do velho "que sa foda" pela mão do Pedro... há tempos que não dizia este "que sa foda!!"...
...que sa foda!!... um dia também me devolverei o sorriso por alguém.

"Escolhe os teus rituais, torna rituais os teus hábitos, apercebe-te do que fazes quando o fazes. O tempo é a única coisa de que não vais ter mais. Aproveita-o, não por mudares de vida nem fazeres coisas diferentes todos os dias, mas por sentires, a fundo, cada coisa que fazes, e ao sentires as entenderes, e as escolheres, e as fazeres plenamente, e seres feliz por isso.

Não voltar a olhar o pôr-do-sol como se fosse apenas mais um, não voltar a tomar café sem o saborear e sem pensar na felicidade desse gesto simples, não voltar a fumar um cigarro sem que nos dê prazer. Não dizer “bons sonhos” como se fosse uma frase feita, muito menos dizer “amo-te” só por não ter mais nada para dizer. Não voltar nunca a beijar quem amas como se isso fosse um hábito. Como se um beijo não fosse extraordinariamente importante, como se cada beijo não merecesse, impreterivelmente, ser vivido, ser sentido, ser recebido, ser dado."

Do Menino. Lê-lo é um ritual. Como o último cigarro do dia, já a seguir.

"Há momentos e situações em que o olhar comunica mais que as palavras, isso também é intimidade. Creio que sou capaz de dizer muitas coisas sem falar, é o outro que também tem de compreender e de saber interpretar. Quando se estabelece essa relação de intimidade e de amizade, não é necessário falar. (...) Frequentemente é melhor não o fazer porque as palavras estão muito gastas."

António Lobo Antunes

[Digo muitas coisas sem falar, mas são exactamente o mesmo que digo quando falo. E há coisas que por muito que diga, falando ou não, que não se gastam... infelizmente.]

19 maio 2014

...basically: fall in love.
 truly, madly, deeply, the only right way...

( estou tão, mas tão, farta dos produtos falsificados, enganadores e mentirosos. estou cansada de putos e de ante-projectos de Homens falhadissimos, a sério. Fartaaaaa!!)

18 maio 2014

De cada vez que tentaste, eu tentei, a cada vez, o seu oposto. A cada vez perguntava-te para quê, se já sabias todas as respostas de todas as vezes anteriores. De todo o tempo anterior, de toda a vida já vivida e mastigada. Por cada vez que tentaste, eu tentei o seu oposto; também já devia saber, de cada uma de todas essas vezes, as respostas que nunca mudaram. A conclusão sempre igual. E tentámos sempre coisas diferentes. Nunca tentaste o mesmo que eu. Eu já devia saber que se tu tentavas sempre o mesmo, eu nunca mais devia tentar. Nada. Tentar sozinha é repetir-me, e falhar-me consecutivamente, nas tuas tentativas do meu oposto. 
E o resultado é sempre o mesmo. 
Eu sempre lutei pelo que tu desprezas, a cada vez, lutando pelo seu contrário.
Eu nunca fui hipótese, fui apenas a alternativa de cada vez que as tuas tentativas falharam.
Tu foste sempre a minha única hipótese - sem alternativa.
E este resultado, esta conclusão, sempre a mesma. E eu a dizer-te que percebas que não vale a pena tentar mais, não é lavagem ao cérebro, é que todas as conclusões já se conhecem... e nisto pareço esquecer-me que a minha conclusão também não muda. Não passo de alternativa foleira às tuas sérias tentativas falhadas. 
Eu sempre tentei tudo onde tu não tentaste nada, mas voltaste sempre para te recuperares de ti, para te refazeres da vida, para retemperares as forças esgotadas pelas tuas escolhas mal escolhidas, para te gostarem e tu te gostares, para te limpares da vida que te inquina a alma, para viver longe da sombra da sobrevivência, como dizias, a que sempre escolhes voltar.
Mas é sempre a mim que regressas para nunca chegares.
A tua conclusão é sempre a mesma. A minha também.
Para ficar é preciso gostar.

15 maio 2014

"- Se ele não sabe o que quer, não sabe nada. Se não sabe nada, não gosta. Se não gostar não quero.
O resto vem por si.

- Não podias ter dito melhor... mas estás um pouco empancada para quem tem uma visão tão clara...

- Às vezes os olhos demoram a adaptar-se à escuridão, ou a demasiada luz, há um período que não vêem, mesmo que saibam (ou achem saber) o que têm à frente... Talvez seja para dar tempo a todos.

- Tu és como o helicóptero e inteligente...nada receies...

- Sabes, a inteligência, como a capacidade de Amar (com "A" maiúsculo), não são qualidades, são só os melhores defeitos. Normalmente fazem-te a vida mais difícil. A lucidez é tramada."