Eva me chamaste
Fizeste das minhas costas o teu piano
Dos teus desenhos as minhas curvas
Da minha boca a tua maçã
Dos meus olhos o teu mar
Do meu mundo os teus braços
(...)
Fizeste das minhas costas o teu piano
Dos teus desenhos as minhas curvas
Da minha boca a tua maçã
Dos meus olhos o teu mar
Do meu mundo os teus braços
(...)
11 janeiro 2013
O Amor é...O amor é o início. O amor é o meio. O amor é o fim. O amor faz-te pensar, faz-te sofrer, faz-te agarrar o tempo, faz-te esquecer o tempo. O amor obriga-te a escolher, a separar, a rejeitar. O amor castiga-te. O amor compensa-te. O amor é um prémio e um castigo. O amor fere-te, o amor salva-te, o amor é um farol e um naufrágio. O amor é alegria. O amor é tristeza. É ciúme, orgasmo, êxtase. O nós, o outro, a ciência da vida.
O amor é um pássaro. Uma armadilha. Uma fraqueza e uma força.
O amor é uma inquietação, uma esperança, uma certeza, uma dúvida. O amor dá-te asas, o amor derruba-te, o amor assusta-te, o amor promete-te, o amor vinga-te, o amor faz-te feliz.
O amor é um caos, o amor é uma ordem. O amor é um mágico. E um palhaço. E uma criança. O amor é um prisioneiro. E um guarda.
Uma sentença. O amor é um guerrilheiro. O amor comanda-te. O amor ordena-te. O amor rouba-te. O amor mata-te.
O amor lembra-te. O amor esquece-te. O amor respira-te. O amor sufoca-te. O amor é um sucesso. E um fracasso. Uma obsessão. Uma doença. O rasto de um cometa. Um buraco negro. Uma estrela. Um dia azul. Um dia de paz.
O amor é um pobre. Um pedinte. O amor é um rico. Um hipócrita, um santo. Um herói e um débil. O amor é um nome. É um corpo. Uma luz. Uma cruz. Uma dor. Uma cor. É a pele de um sorriso.
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum' [o amor é tudo o que virmos nele, por causa dele, é o que fizermos com ele, o que fizermos dele. se não fizermos nada, não é nada. se fizermos tudo o que pudermos, o amor é tudo. ]
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Maçãs alheias
10 janeiro 2013
Éramos uma invenção tão boa
Eles amputaram
As tuas coxas das minhas ancas.
Tanto quanto sei
São todos cirurgiões. Todos eles.
Eles desmantelaram-nos
Um ao outro
Tanto quanto sei
São todos engenheiros. Todos eles.
Que pena. Éramos uma invenção
Tão boa e tão amável.
Um aeroplano feito de um homem e de uma mulher.
Com asas e tudo.
Pairávamos ligeiramente por cima da terra.
Até voávamos um pouco.
Yehuda Amichai
[uma invenção tão boa... até voávamos um pouco. num mundo tão rasteirinho os nossos vôos sabiam a nuvens doces. As nossas asas, as minhas coxas nas tuas ancas, agora ando apenas coxa, tão coxa de ti.]
Eles desmantelaram-nos
Um ao outro
Tanto quanto sei
São todos engenheiros. Todos eles.
Que pena. Éramos uma invenção
Tão boa e tão amável.
Um aeroplano feito de um homem e de uma mulher.
Com asas e tudo.
Pairávamos ligeiramente por cima da terra.
Até voávamos um pouco.
Yehuda Amichai
[uma invenção tão boa... até voávamos um pouco. num mundo tão rasteirinho os nossos vôos sabiam a nuvens doces. As nossas asas, as minhas coxas nas tuas ancas, agora ando apenas coxa, tão coxa de ti.]
09 janeiro 2013
08 janeiro 2013
Ouço-te ciciar amo-te pela primeira vez, e na ténue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo.
Recolho o mel, guardo a alegria, e digo baixinho: Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge.
Al Berto
[anda, vem dormir comigo, deixa-me aninhar o meu corpo no horizonte longínquo do teu, mas deixa acesas as estrelas para que sempre saibas o caminho de volta aos meus olhos depois de fugires com o mundo que cala o amo-te da tua boca, e que o enterra nas estrelas que te devolvem ao sonho]
(...)
não some não, que eu desmundo
cada sítio do mundo onde
você estava ou está ou há-de estar, e comunico só do toque
que lhe ponho num mamilo,
no umbigo,
no clitóris,
na unha mindinha do pé esquerdo,
só porque tu estremece dos estudos de meus dedos exultantes,
não some nunca, fica morrendo de meu sopro,
ou dá luz como folha contada uma por cima de outra
(...)
Herberto Helder
[é muito raro ler alguma coisa deste autor que goste, que me faça sentido, e não ache que escreve apenas para se fazer sentido do que não tem sentido nenhum, à laia duma loucura que todos admiram sem ninguém saber muito bem porquê, ou eu pelo menos, eu não consigo perceber porquê. os poemas não me falam, perdem-se em labirintos de palavras de significados dispersos, longínquos, raramente me entendo com o que escreve. apanhei este poema, de que gostei, e aqui publico um trecho que me faz muito sentido, em que me transparece um sentido sentido. E para mim poesia tem de ser sentida, além do ritmo que nos embala, da fonética que nos envolve, tem de nos falar, tem de nos falar ao ouvido enquanto o coração se sussurra um sorriso.]
07 janeiro 2013
Apago todas as mensagens. Menos as tuas. Guardo a tua voz em pequenas doses e, dia sim dia não, ouço-as todas de seguida. Sinto-me demasiado incapaz para falar contigo o que quer que seja. Não sei onde estás. Não quero saber. Tenho medo de saber mais do que sei.
Uma dor de cada vez basta.
Pedro Paixão
[uma dor de cada vez, com tanta vez, há tanto tempo, já bastava, já. as tuas mensagens continuam no sítio, a tua voz ainda ecoa em vários sítios, e tenho cada vez mais medo de saber mais do que sei, ganhei medo das perguntas.]
Porque está sol, porque o espírito está sombrio, porque temos de aparvalhar...aqui vai.
Este mocinho apanhado não sei em que rede, mas não me importava nada de saber... onde andam estas coisas que nunca as vejo? bem sei que são muita areia para a minha camioneta, mas não me importo de fazer várias viagens!!!
Eu nem ando à pesca, mas um bicho destes vem sempre a calhar em qualquer rede vazia....
hum hum
oh sim!!
Bom Dia!!
06 janeiro 2013
Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d’açucenas!
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d’açucenas!
Escreve-me! Há tanto, há tanto tempo
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d’oração!
Que te não vejo, amor! Meu coração
Morreu já, e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d’oração!
“Amo-te!” Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d’amor e felicidade!
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d’amor e felicidade!
Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então… brandas… serenas…
Cinco pétalas roxas de saudade…
Olha, manda então… brandas… serenas…
Cinco pétalas roxas de saudade…
Florbela Espanca
[já não se escreve a ninguém, já ninguém escreve palavras apaixonadas, cartas de amores impossíveis, somente de palavras escritas possíveis, que a vontade tornaria em atitudes mais que possíveis, porque menos, perante tal força de amar, seria impossível. Já não há sequer amores possíveis, por isso as palavras tornaram-se impossíveis. Já ninguém escreve. Já ninguém escreve, especialmente, uma palavra apenas com tudo dentro. Já não há Amor, só amores passíveis de passar passivamente sem escavar a alma à profundidade impossível nas almas sem Amor.]
05 janeiro 2013
...o que não é nada difícil, convenhamos...
tenho de ir fazer o almoço e não apetece...
o dia está de sol e o sol apetece...
Hoje, por breves fracções irracionais de segundos, pensei que eras tu que me abraçavas pela cintura, que eram os teus braços que me apertavam para ti, de surpresa, por brincadeira, por carinho...por momentos o teu nome bailou-me na boca, quase a dançar-se para fora de mim. Parei-o a tempo, não eras tu, era um doido, que ainda assim me fez rir. Um amigo. Mas não eras tu.
Um dia destes não te perdoo mais por isso. Por nunca seres tu.
Bom Dia
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Bom Dia
04 janeiro 2013
(...)
Se penso que te deixo
já te quero
Se penso que recuso
já te anseio
Se penso que te odeio
já te espero
e torno a oferecer-te
o que receio
Se penso que me calo
já te grito
Se penso que me escondo
já me ofereço
Se penso que não sinto
é porque minto
Se pensas que me olhas
já estremeço.
Maria Teresa Horta
[é assim. eu por ti em linhas. cheia de ses e de jás, de medos e de anseios. ofereço o que receio, quero esconder-me e já me dei. já não me tenho, tens-me tu e não te tenho, perco-me de mim porque te perco, a cada dia mais longe, a cada dia mais perto.]
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Maçãs alheias
...hummmm...
... tenho lá um quarto vago bem bom em casa...
se te portares bem deixo-te ligar a água quando o quadro for abaixo...
...quer dizer deixo-te ligar o quadro quando a luz for abaixo... mas também podes ligar a água...
sou mulher, não percebo nada disso, entendes, não é?...
é por isso que pode dar jeito ter-te por perto, mas só para isso, porque eu sou muito independente, claro, e pela igualdade de direitos, óbvio, já de obrigações sou um bocadinho indefesa...
......
03 janeiro 2013
02 janeiro 2013
31 dezembro 2012
30 dezembro 2012
17 dezembro 2012
"- Eu tenho medo.
- Medo de quê?
- Medo de ti, por exemplo.
- Medo de mim? Mas como é que podes ter medo de mim se estou do teu lado?"
(do teu lado, e ao teu lado se me deixares, como podes ter medo de quem gosta tanto de ti? ou o medo é que eu goste tanto de ti e tu não gostes de mim? hummmm?? não percebo...)
- Medo de quê?
- Medo de ti, por exemplo.
- Medo de mim? Mas como é que podes ter medo de mim se estou do teu lado?"
(do teu lado, e ao teu lado se me deixares, como podes ter medo de quem gosta tanto de ti? ou o medo é que eu goste tanto de ti e tu não gostes de mim? hummmm?? não percebo...)
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Flashes
15 dezembro 2012
..."porque a nossa força não passa de um acaso decorrente da fraqueza de outros."
Joseph Conrad, in O coração das Trevas.
[então não há força, há os outros deixarem exercer um qualquer domínio sobre eles? Se não deixassem não seriam uns fortes e os outros fracos, todos teriam, têm, a mesma força...]
Joseph Conrad, in O coração das Trevas.
[então não há força, há os outros deixarem exercer um qualquer domínio sobre eles? Se não deixassem não seriam uns fortes e os outros fracos, todos teriam, têm, a mesma força...]
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Livros
14 dezembro 2012
Vinha a ouvir um cd de vários que gravei para escolher as músicas mais minhas, que mais me tocassem e que achasse que tu mais gostarias, para te oferecer. Isto já há uns meses largos, depois desisti, entretanto chateamo-nos, ou melhor, tu deste-me outro chuto no traseiro e eu mandei-te à merd@ (ou tentei mandar e continuo a tentar), não mais pensei em fazer-te cd nenhum, nem este nem outro, e vinha a pensar que também nunca soubeste merecer o que te dava, o que te dei, nunca soubeste respeitar o nosso pequeno e restrito espaço, como só nosso, e donde no entanto nunca me deixaste sair. Confinaste-me a esse espaço sem mundo, que era o nosso mundo, e eu nem do mundo senti falta, nem sinto. Nesse espaço, apesar de tudo, era onde melhor me sentia, onde mais me sentia, onde gostava de estar, e penso que sempre respeitei esse nosso espaço. Por isso muito me magoava quando as músicas que te dava, os cds em que escolhia a dedo as músicas, a ordem, tudo, tudo tinha um significado para mim, tu partilhavas, partilhavas com quem aparecesse, sem qualquer vontade de deixar só nosso o que era só nosso, ou eu assim queria, já que nunca quiseste trazer o nós para fora do nosso canto, ao menos que respeitasses e valorizasses essas pequenas coisas só nossas, e principalmente estas que te dava com tanto carinho, com tanta dedicação. Senti isso como uma profanação, como uma desconsideração pelo que de mim estava em cada coisa que te dediquei, como não me esqueço das fotos que apagaste que com tanto amor foram tiradas para ti, e tu, sem mais, sem nada, apagaste. Apagaste-me. Mais uma vez.
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Música
13 dezembro 2012
"E eis-me preso à memória escura dos teus olhos, dos teus passos saltitantes, da tua alegria convicta que a partir de certa altura começou a açucarar demasiado a minha vida. Não consigo concentrar-me. Passo os dias com os olhos sobre as letras dos livros que tenho de ler e não consigo entrar neles.
Há quanto tempo não me arde o coração?"
Inês Pedrosa, in Fazes-me Falta
[gostei muito deste livro escrito a duas vozes, vale a pena ler.]
[gostei muito deste livro escrito a duas vozes, vale a pena ler.]
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Livros,
Maçãs alheias
11 dezembro 2012
Ela diz que é o contrário,
que ela não pode esquecê-lo,
que a partir do momento em que não se passa nada entre eles,
fica a memória infernal daquilo que não acontece.
marguerite duras
[o inferno do que nunca aconteceu. o inferno do que não teve lugar, nem terá. o que já aconteceu quieto no passado, a nada alterar, a nada alimentar, a nada respirar, senão a memória e a memória que traz do que nunca será. o nunca, o meu inferno pessoal do nunca, porque o nunca é para sempre. para sempre o inferno do que nunca foi. como os "ses", que ficam para sempre porque são filhos do nunca.]
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Maçãs alheias
"Separação inexiste, se há força de amor e fé.
Sentir saudades é trazer mais perto ainda,
tudo que a gente pensa perdido.
'Saudadear', dizia ele."
Guimarães Rosa
["saudadear", outra maneira de respirar longe,
de ter o coração a bater à distância,
e saber que já não é nosso.]
["saudadear", outra maneira de respirar longe,
de ter o coração a bater à distância,
e saber que já não é nosso.]
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Maçãs alheias
10 dezembro 2012
Haverá guarda-chuvas para o amor?
Não que chovam amores por aí, mas haverá alguma coisa que nos proteja se chovesse? quando chove?
E aquela chuvinha que é miudinha, que parece que não molha, e quando vemos estamos encharcados até à medula?
A molha-tolos do amor?
É uma chuva tão levezinha, que parece que nem damos conta dela, molha sem nos pesar, e molha os tolos que não percebem que chove. Se calhar o amor é só para estes, os que vão ao engano e os verdadeiramente tolos que nunca usam guarda chuva.
Dizem que gostam de chuva.
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Tonta...
09 dezembro 2012
Queria tanto ir-me embora de mim.
Foi esta frase que me ouvi, de lábios selados e olhos fechados, trancada em mim. O único sítio onde não queria estar. O único sítio donde queria fugir. Oiço-me por dentro enquanto adormeço o mundo de ruídos à minha volta, dum mundo que teima em continuar a dar voltas enquanto eu nao saio de mim.
Queria tanto ir-me embora de mim, sem me despedir, sem aviso, sem saudades. Olhar-me e já não me estar, evadir-me por entre duas respirações do mundo onde não me sinto. Saudades fazem correr lágrimas por dentro, escorrem pelas paredes da alma arranhando o caminho pelo caminho. Por fora o mundo dá voltas e sai estrada fora, enquanto as lágrimas não me saem de dentro, mesmo que as sinta como se pode sentir um rio correr até à nascente, mas não se poderá ver nunca. Eu só queria ser mar. Não quero correr para dentro das saudades.
Queria tanto sair de mim. Para não me sentir, para não te sentir.
Foi esta frase que me ouvi, de lábios selados e olhos fechados, trancada em mim. O único sítio onde não queria estar. O único sítio donde queria fugir. Oiço-me por dentro enquanto adormeço o mundo de ruídos à minha volta, dum mundo que teima em continuar a dar voltas enquanto eu nao saio de mim.
Queria tanto ir-me embora de mim, sem me despedir, sem aviso, sem saudades. Olhar-me e já não me estar, evadir-me por entre duas respirações do mundo onde não me sinto. Saudades fazem correr lágrimas por dentro, escorrem pelas paredes da alma arranhando o caminho pelo caminho. Por fora o mundo dá voltas e sai estrada fora, enquanto as lágrimas não me saem de dentro, mesmo que as sinta como se pode sentir um rio correr até à nascente, mas não se poderá ver nunca. Eu só queria ser mar. Não quero correr para dentro das saudades.
Queria tanto sair de mim. Para não me sentir, para não te sentir.
07 dezembro 2012
06 dezembro 2012
Sou o pássaro que canta
dentro da tua cabeça
que canta na tua garganta
canta onde lhe apeteça
Sou o pássaro que voa
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
mesmo as que julgas que não
Sou o pássaro da imaginação
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo com a boca fechada
E esta é a canção sem razão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão
e ficas de novo sozinho
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.
O pássaro da cabeça
Sou o pássaro que voa
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
mesmo as que julgas que não
Sou o pássaro da imaginação
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo com a boca fechada
E esta é a canção sem razão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão
e ficas de novo sozinho
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.
O pássaro da cabeça
Manuel António Pina
05 dezembro 2012
Era isto.
Mas todos os dias.
Assim.
Boa Noite.
(eu tenho a mania que sou romântica, já tinha reparado, escusam de fazer o reparo...)
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Boa noite,
Tonta...
"- Mas tu não poupas palavras: tu escreves. Todas as noites gastas uma hora a escrever um diário nesse teu caderno...
- Escrever não é falar.
- Não? Qual é a diferença?
- É exactamente o oposto. Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer.
Anos mais tarde, já estava doente, voltei a lembrar-me dessa nossa conversa. Tinha acabado de te escrever uma carta - que nunca te cheguei a mandar e que destruí depois.
Miguel Sousa Tavares
in "No Teu Deserto"
E, escrevendo, poupei as coisas que gostaria de te ter dito e que gostaria que tivesses ouvido. Cheguei quase a convencer-me de que bastava escrever-te para tu me ouvires, mesmo que nunca tenha chegado a pôr a carta no correio. Porque era tão sentido e tão magoado, tão distante, o que te dizia nessas cartas, que quase acreditei que tu não podias deixar de me ouvir."
Miguel Sousa Tavares
in "No Teu Deserto"
As palavras não ditas, remoídas no silêncio da vontade de as dizer sem ter de as pronunciar são como sítios de que temos de partir por querermos muito ficar. Mas partimos, deixando no nosso lugar um vazio onde não nos vêem, como não ouvem as palavras que não chegámos a dizer, que guardamos para dizer no silêncio das letras, onde é seguro o nosso lugar vazio. Quem nos vê partir, quem não nos ouve as palavras guardadas, nunca sabe da vontade de que soubessem que as queríamos muito dizer, mais, que as ouvissem sem as dizermos, só pela vontade de as dizer.
Já li este livro. Adorei. Li-o numa noite. É curtinho e devora-se que é uma maravilha. Foi o livro em que mais gostei da escrita do Miguel Sousa Tavares, é intimista, fala-nos um bocadinho ao ouvido da alma, e é doce.
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Maçãs alheias
"Acima de tudo não me plantes no teu coração
Eu cresceria demasiado depressa."
Rainer Maria Rilke
Rainer Maria Rilke
Não me plantaste, mas plantaste-te no meu.
Demasiado.
Tanto, que resta agora pouco coração para tudo o resto.
De mim pouco resta depois de ti.
Pouco restará depois.
Para ti eu sou só o resto de que nada restará.
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Maçãs alheias
Do you come together ever with him?And is he dark enough, enough to see your light?And do you brush your teeth before you kiss?Do you miss my smell?
And is he bold enough to take you on?Do you feel like you belong?And does he drive you wild or just mildly free?What about me?
(...)
And I know I make you cryI know sometimes you wanna dieBut do you really feel alive without me?If so, be free, if not, leave him for meBefore one of us has accidental babiesFor we are in love
(...)
Vim a ouvir isto a caminho do trabalho, gosto das letras deste senhor, chamem-me lamechas, chamem, que talvez não se enganem, e eu não me importo.
Só sei que esta letra me diz muito, me toca muito ("is he dark enough to see your light?). E vim a pensar nestas frases enquanto as ia ouvindo e repetindo ("do you feel like you belong?"), e que tenho saudades do que nunca tive, como dizia Pessoa ("does he drive you wild or just mildly free?). Tenho saudades de me quererem assim ("do you miss my smell?"), de me sentirem de modo especial em vez de me chamarem especial, tenho saudades de me tocarem como se fosse um privilégio ("you held me like a lover, sweaty hands") como se matassem a sobrevivência e deixassem nascer a vida farta com os meus lábios, com a minha pele, comigo ("do you really feel alive without me?"). Tenho saudades que sintam um bocadinho como eu sinto e que me façam sentir isso ("is he bold enough to take you on?"). Tenho saudades do que nunca tive e não tenho esperança de vir a ter ("what about me? what about me?").
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Música
...é assim, é pena, mas sou assim!!
Amo muito pouca gente no mundo,
e simpatizo com outros tantos, não trato mal ninguém,
mas não abusem da minha paciência que é curta e ferve depressa!!!
Bom Dia!!
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Bom Dia,
Tonta...
04 dezembro 2012
...adoro as costas deste vestido...
é muito difícil bater os olhos em alguma coisa e dizer "é mesmo isto",
mas agora aconteceu,
é simples, é ousado e não deixa de ter classe... muita classe!!...
(não vi a frente do vestido, mas a parte de trás está aprovadíssima, pena que eu não tenha corpo para ele, nem ocasião para me vestir para alguma ocasião...))
Aquela mãozinha é do George Clooney, e o traseiro em que tão bem repousa é o da sua namorada...há gente com sorte (pelo vestido, claro, what else???)
[deve ser o segundo post sobre trapos aqui no estaminé, devo estar a ficar doida, e foi visto aqui]
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Tonta...
03 dezembro 2012
Na escolinha,
a menina,
... propícia a equívocos, disse:
- masculino de noiva é navio.
Repreenderam, riscaram, descontaram.
Mas ela estava certa.
Noivados são mares
de barcos pares.
[Mia Couto]
Mas ela estava certa.
Noivados são mares
de barcos pares.
[Mia Couto]
...que delícia!!!!!
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Maçãs alheias
Quanto, quanto me queres? – perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.
Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida…
Beijámo-nos então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar…
Não perguntes, não sei – não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
António Botto
Com a sombra da posse proibida…
Beijámo-nos então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar…
Não perguntes, não sei – não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.
António Botto
[... e depois, depois, é tarde. estamos perdidos.]
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Maçãs alheias
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