Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

23 agosto 2014

Pretty much so...
Sou uma malcriada... é o que é!!
...ou isso, ou dou o tratamento conforme o comportamento... 
...uma das duas deve ser...
E hoje, hoje, agora desde há pouco, estou naquela ultima frase...
Há dias assim!!
"Este é o momento, estou certo. Nos dias em que estive alegre, sempre me enganei, sempre acreditei no que não sou, na vida cor de rosa, etc. Nas noites em que me senti tão mal como que para chorar aos gritos, não chorei aos gritos, mas silenciosamente, tapado com a almofada. Mas aí também se exagera. Não se pode ser lúcido com o peito inchado de angústia ou desespero."

Mario Benedetti, in Obrigada pelo lume

[grande verdade, a angústia e o desespero não deixa a lucidez ver nítido. Absorve todos os sentidos, todos os sentires e abafa toda a razão, apaga todos os raciocínios bem intencionados de ordem. Talvez a sabedoria seja deixar passar a angústia e o desespero, reconhecer a sua ausência consciente,  para deixar a lucidez analisar e decidir.
E depois, o que se decide com lucidez não se duvidar, mesmo quando o desespero e a angústia nos faz faltar o chão e o ar, porque aí, decide o desespero o contrário da lucidez. E anda-se assim tempos sem fim.
E isto faz-me reformular: o que mais nos mostra o que realmente queremos? O que decidimos lucidamente, ou o que o desespero, no seu turbilhão, nos mostra? Se a lucidez assenta na razão e na calma de conseguir pesar e pensar, o desespero alimenta-se e encarna o medo extremo. O que é mais verdadeiro, maior? Não sei, não sei mesmo, porque o medo, o medo extremo do desespero, como todos os medos, serve para nos proteger; para ser tão intenso é porque protege alicerces fundamentais. Mas o medo, se nos protege do mal também nos protege de todo o possível bem que não chegamos a permitir possível. A lucidez raciocina demais e sente de menos. Algures no meio, onde se encontre uma lucidez sensível estará o melhor para nós.
Eu ainda estou no pós-desespero que queima. ]

... Mesmo!!
É tão bom sentir-me livre apesar de tudo, dever sentir-me livre. Nada me prende, ninguém me tem presa, ninguém me quer presa a si, e isso dá vontade de ser realmente livre, ninguém nos querer prender daquela maneira boa, que é estar presa de livre vontade, e com muita vontade... Vontade só de um lado não conta e percebemos que a ligação não existe, nunca existiu, ainda que a sintamos, não queremos sentir, queremos ser livres dela, porque só a nós prendia, só a nós tocava... E uma ligação tem sempre dois pontos que se unem, se não tem, não é ligação, é vontade ou outra coisa qualquer, e o álcool pode ajudar....
Boa noite.....

22 agosto 2014

...é verdade...
mas bolas, como eu prefiro um bom pedaço de mau caminho!!!
Dá para trocar??
eheheheh
(se calhar encontro-o no fim daquele bom caminho que custa a percorrer... quiçá?)
 

... Boa maneira de começar o dia...
Qualquer uma delas, na verdade.
Bom dia!
"- Por isso as grandes obras de arte se construíram sempre em redor do pecado.
- O que, no fundo, significa construí-las em redor de Deus.
- Naturslmente, porque sem Deus o pecado não existe. E construíram-se em redor do pecado, porque o pecado está proibido e tem castigo, e isso é o estético: o conflito entre a proibição e a culpa. Melhor dizendo, a arte é a faísca que resulta de friccionar a proibição com o castigo."

Mario Benedetti, in Obrigada pelo lume

[...que melhor começo para a Eva, do que uma conversa não pecaminosa sobre o pecado??... ]

Boa noite

21 agosto 2014

Já me disseram que eu tinha a alma grande, mas eu não sei o que é isso de alma grande, o que é isso do tamanho das almas... Sei que há almas que no seu tamanho são felizes; outras que se acham grandes porque são felizes, mesmo que a qualquer custo e de qualquer maneira; outras não percebem essa coisa dos tamanhos, ou para que serve, só queriam mesmo era que alguns momentos tivessem a sua alma toda, pequena ou grande. E que fossem muitos. Tantos quantos se puderem roubar aos dias e outros tantos às noites acordadas.
A única coisa para que a alma serve é para sentir a vida, a minha acho que se aposentou.
(eu também digo poucas coisas, calo-as e guardo-as, tantas; só os olhos me dizem que não consigo calar... mas parece que nada disso basta, parece que nunca nada basta  ou serve...talvez fechá-los seja bastante.... ou deixar de ter o que guardar.)
... é o senhor desta frase o senhor que se segue...
só se pode esperar muito...


....verdade...
E estou danadinha para começar o próximo (o próximo livro, eu falo de livros...)
e ele está aqui ao meu lado a olhar para mim, e eu para ele, é a antecâmara de uma relação... 
resta saber que relação.... hummm veremos...
"Os cuidados de Matilde fizeram com que aquela gruta selvagem fosse ornamentada com mármores ricamente esculpidos em Itália.
A senhora de Rênal foi fiel à sua promessa. Não procurou de forma alguma atentar contra sua vida; mas três dias depois da morte de Julião, morreu beijando os filhos."

Stendhal, in Vermelho e negro

[acabou. E estas duas frases resumem bem estas duas personagens, e o amor para elas.]
"O entusiasmo e a felicidade de Julião provavam-lhe como ele lhe perdoava. Nunca estivera tão louco de amor.
(...) que o crime que cometo é horrível, e mal te vejo, mesmo depois de teres disparado dois tiros sobre mim... - e, neste momento, Julião, contra sua vontade, cobriu-a de beijos.
(...) ... Mal te vejo, todos os deveres desaparecem, sinto apenas amor por ti, ou antes, a palavra amor é fraca demais. Sinto por ti o que devia sentir unicamente por Deus: uma mistura de respeito, de amor, de obediência... Na verdade, não sei o que me inspiras...
(...) Explica-me isto, bem claramente, antes que eu te deixe, quero ver claro no meu coração; porque daqui a dois meses deixar-nos-emos... A propósito: separar-nos-emos? - disse-lhe sorrindo."

Stendhal, in Vermelho e negro

[... Tão pouca razão e nenhum raciocínio... Por isso o amor desgraça tudo, e é ao mesmo tempo a única graça de tudo, em tudo. Desgracemo-nos então, ou viveremos para sempre desgraçados. ]
É bom quando sentimos as pessoas voltar a nós, pessoas de quem gostamos e de quem nos custou afastar, por uma ou outra razão, mas com razão suficiente para isso. Quando se gosta, a distância só se impõe se for obrigatória ou resultar de se estar magoado. Aí acontece naturalmente, e é uma consequência amarga, mas a que não se pode fugir se formos verdadeiros connosco, com o que queremos das relações, e com os outros. Sempre que me distanciei foi por me sentir magoada, e é bom sentir que essas pessoas agora voltam a mim, que me procuram, que se preocupam. E isso é bom de sentir, e doce, e apaga as mágoas. E na fase da vida que estou, é bom sentir isso, sinto-me menos só e um  bocadinho valorizada, afinal voltaram por alguma coisa, eu era-lhes e sou, alguma coisa. E isso, no meio disto tudo, é bom.

Bom dia!
"Teria sido sensível a uma ternura ingênua e quase tímida, enquanto que a alma altiva de Matilde necessitava sempre de ter a ideia dum público e dos outros.
No meio de todas as suas angústias, de todos os receios pela vida daquele amante, ao qual não queria sobreviver, ela tinha uma necessidade secreta de causar admiração no público com o excesso do seu amor e a sublimidade dos seus empreendimentos. Julião sentia-se de mau humor por não se comover com todo aquele heroísmo.
(...)
"É estranho", dizia para consigo Julião, um dia, quando Matilde saía da prisão, "que uma tão grande paixão de que sou objecto me deixe de tal forma insensível! E há dois meses adorava-a! (...) Sou portanto um egoísta?" E fazia a si próprio, a este respeito, as mais humilhantes censuras. A ambição tinha morrido no seu coração, uma outra paixão saíra das cinzas; ele chamava-lhe remorso, por ter tentado assassinar a senhora de Rênal. De facto estava perdidamente apaixonado por ela. Sentia uma felicidade estranha quando, deixado absolutamente só e sem receio de ser interrompido, podia entregar-se completamente à recordação dos dias felizes que passara em Verriéres e outras vezes em Vergy. Os menores incidentes desses tempos, tão depressa decorridos, tinham para ele uma frescura e um encanto irresistíveis. Nunca pensava nos seus êxitos em Paris; aborreciam-no."

Stendhal, in Vermelho e negro

Impressionante, vem tudo nos bons livros (até aquela curiosidade minha daquele prazo inexplicável dos dois meses, pelos vistos é universal e eu não sabia!!... Santa ignorância!), aquilo que se faz com um propósito, com um futuro, com um fito, deixa de existir quando estamos perante algo que nos obriga a fazer o balanço da vida, a recordar o que nos tocou e valeu viver. A vida que sentimos ao longo da vida. O que vivemos sem um propósito, o que vivemos sem razão alguma que não fosse apenas vive: quando vivemos o agora - sem futuro, ou sem pensar nele. Tudo se relativiza, e só sobrevive o essencial, o que nos fez sentir felizes e vivos, o resto enevoa-se e esquece-se. Quando o propósito ou a razão se dissipam, tudo isso desaparece com eles, fica o que se viveu por gosto e vontade de viver.
O que fica foi o que nos tocou, o resto foi  tempo que passou e que não tocámos, passou só.

20 agosto 2014


... Que verdade tão bem "dizida"!!
É bem isto, sim!
Durante a noite acordei várias vezes a pensar em amoras, não porque as queira comer, ou me apeteçam, mas porque devia estar a sonhar com alguma coisa. Alguma coisa que tinha a ver com chamares-me doce de amoras... e eu rir-me e perguntar porquê, e dizeres-me que era o mais parecido com amor. E eu gostava dessas coisas doces, tontas e nossas, ou que eu achava que eram nossas...
Acho que durante a noite descobri que se nunca me amaste, se calhar me "amoraste",  outro verbo doce "made by you", mas este não faço ideia do que queira na realidade dizer, em que se poderia traduzir.
Aliás, como uma vez me tentaste explicar a diferença entre amoras e mirtilhos, porque para mim são parecidos, eu acho mesmo é que me confundi no sonho, na verdade tu mirtilhaste-me, e bem!!
Mas pronto é tudo fruta, fica tudo em familia.

19 agosto 2014

" "Nem sequer devo permitir a mim próprio apertar contra o coração este corpo maleável e encantador; ou me despreza, ou me maltrata. Que terrível carácter!"
E, ao amaldiçoar o carácter de Matilde, amava-a cem vezes mais; parecia-lhe ter uma rainha nos braços.
A impassível frieza de Julião redobrou o desgosto de orgulho que dilacerava a alma da menina de La Mole.
(...)
despreza-me, se quiseres, mas ama-me; não posso viver privada do teu amor! - e caiu desmaiada.
"Aqui está, enfim, esta orgulhosa a meus pés!", disse para consigo Julião. "

Stendhal, in Vermelho e negro 

[... E a isto se resume esta história, e tantas, tantas outras. O quebrar o orgulho de alguém. Não será apenas para refazer o próprio orgulho? Amor não será, digo eu... E para isso não olhar a meios, fingir amar outro alguém, fingir frieza e desprezo, acicatar o orgulho alheio para o seu triunfar, no fundo. Amor? Será? Ou apenas um jogo podre de poderes amargos? De subjugação de quem dizemos amar? De só sentirmos o amor que queremos do outro e sentimos por esse alguém, quando o tratamos mal, quando fingimos não amar, quando lhe quebramos o orgulho e o subjugamos a nós? Isto é amor?
Amor, para mim, não é uma relação de poder, é talvez aceitar não ter poder algum sobre o outro, sabendo que nos tem. É aceitar termos o coração noutro peito e esperar que no nosso habite o dele. ]
"Às vezes felicitava-se por desprezar aquela pessoa tão triste; mas, contra a sua vontade, a conversa dele cativava-a. Sobretudo o que à espantava era a sua completa falsidade; não dizia uma palavra à marechala que não fosse uma mentira, ou, pelo menos, um abominável disfarce da sua maneira de pensar, que Matilde conhecia tão perfeitamente a respeito de quase todos os assuntos. Este maquievalismo espantava-a. "Que profundidade!", dizia para consigo.
(...)
Quando, depois de uma longa divagação, conseguia retomar o raciocínio, pensava: "portanto, eu obteria um dia de felicidade depois do qual recomeçariam os seus rigores, fundados, infelizmente, sobre o pouco poder que tenho de lhe agradar, e não me restaria recurso algum: estaria arruinado, perdido para sempre... Que garantia me pode ela dar com um carácter assim? Ai! Falta com certeza elegância nos meus modos, a minha maneira de falar é pessoal e monótona. Santo Deus! Porque sou assim?"

Stendhal, in Vermelho e negro

[... Penso o mesmo, porque sou assim? E porquê estes jogos? Não sei jogá-los, não tenho paciência nem jeito, nem quero. E no entanto reconheço nestas linhas aquele efeito estranho que vejo por aí, desprezar o que se acha bom e se entende que verdadeiramente se procura, e ser-se atraído estupidamente pelo que se critica e se pretende afastar, apenas porque é o meio a que se está habituado, a que chamamos casa, ainda que sempre que se tem oportunidade se declare que é o que não queremos, é do que queremos fugir. Daí Matilde dizer do seu desprezo, mas a conversa teatral, e não sentida, de Julião a cativar, ainda que ela a saiba falsa. Gosta mais das genuínas ideias dele mas não resiste ao efeito que o teatro tem sobre si... Ou será sobre a sociedade? E por isso sobre ela?]
"Por seu lado, Julião achava que os modos da marechala eram um exemplo quase perfeito daquela calma patrícia que respira uma delicadeza exacta e ainda mais a impossibilidade de qualquer emoção viva.
(...)
Era tudo muito vago. Aquilo queria ao mesmo tempo dizer tudo e não dizer nada. "É a harpa eólica do estilo", pensou Julião. "No meio dos mais altos pensamentos sobre a morte, sobre o infinito, etc., a única realidade que vejo é um medo abominável do ridículo." 
(...)
Depressa compreendeu que para não ser vulgar aos olhos da marechala era preciso, sobretudo, não ter ideias simples e razoáveis.
(...)
Apesar do nosso herói fazer todo o possível para banir completamente o bom senso da sua conversa, esta tinha ainda uma cor antimonarquica e ímpia que não escapara à senhora de Fervaques. Rodeada de personagens eminentemente intelectuais, mas que, muitas vezes, nem sequer tinham uma ideia por noite, esta dama admirava-se imenso com tudo que se parecesse uma novidade; mas, ao mesmo tempo, julgava-se no dever de se sentir ofendida com ela. Chamava a este defeito conservar a marca da superficialidade do século."

Stendhal, in Vermelho e negro

... Muito bom, e tão intemporal...
"-Você tem o ar de um trapista. Exagera o princípio da gravidade que em Londres lhe incuti. O ar triste não pode ser de bom tom; é um ar aborrecido que se deve ter. Se está triste é porque qualquer coisa lhe falta, qualquer coisa que não lhe saiu bem. É mostrar-se inferior. Se, ao contrário, estiver aborrecido, é porque aquilo que em vão tentou agradar-lhe é que é inferior. Compreenda portanto, meu caro, como o engano é grave."

Stendhal, in Vermelho e negro.

[ de facto, grande engano e melhor observação, estamos sempre a aprender. Eu que ando tantas vezes triste, entendo agora que não se deve estar triste, ou melhor, parecer triste, porque revela inferioridade. Que é como quem diz revela que estamos na mó de baixo. E eu que sempre achei que se estivesse triste estava e pronto, embora nem a toda a gente se goste de mostrar - e eu não serei excepção -, também sempre achei que andar sempre a disfarçar é dar importância a mais a quem possa pensar em tirar conclusões sobre mim. Normalmente acabo por achar isso sim uma inferioridade, o dar importância a mais, e muitas vezes nem tento disfarçar, para quê? Estou-me a marimbar para o que pensem quando me olham para o trombil... Se estou na mó de baixo estou, não sou desgraçada por isso, é um estado, é passageiro, saber isso é saber-se não inferior. Disfarçar sempre é não se saber, e ter medo que seja mesmo inferioridade. Costumo dizer que a maior força é admitir as fraquezas, escondê-las é só mais uma das fraquezas.
Mas é uma reflexão e uma observação muito boa, e por isso aqui fica no meu registo.]
... nos dias que correm é mais os hematomas, melhor:
um só, único e geral... 
Dizem que com o tempo passa - dizem -, e mesmo que eu não concorde, continuam a dizer, 
e eu só digo a ver vamos, como diz o cego... que não sei se percebe de amor, mas como dizem que o amor é cego, vai daí tem umas afinidades, sabe-se lá... 
para ter afinidades com o meu devia ser cego surdo e esquizofrénico. Pois, coitado... é, eu percebo, ninguém sobreviveria decentemente assim. Suponho que isso diz alguma coisa de mim e desta coisa que me habita em forma de hematoma. Preciso de cuidados médicos, é o que é...
E agora vou ver se acabo o meu livro que me faltam umas cem páginas, e isso é já ali ao virar da esquina. ...Com licença.
Boa Noite.

18 agosto 2014

Acho que quando gostamos muito de alguém isto não é possível, não conseguimos matar a pessoa em nós, é a própria pessoa que vai fazendo isso, vai-se matando em nós, matando a ideia que tínhamos dela aos poucos, até ao ponto em que já não a sentimos viva na nossa vida. Nunca se consegue matar em nós alguém que amamos porque isso seria matarmo-nos, amarmos é esse alguém fazer parte duma parte muito querida de nós. E isso só permite suicídios dos que anamos em nós, e não homicídios, porque qualquer homicídio seria o suicídio da nossa alma e carne, deixemos isso para quem não (nos) ama.

...boa frase. Mesmo.

Por ti vivo
E contigo sou gente

Para ti roubo as rosas
E contigo sonho

Por ti e contigo
Sou amor.

António Alves

[noutros casos acaba a faltar o "des"... desamor.

E eu não sou de rosas, se me quiserem roubar qualquer coisa, roubem-me margaridas se as apanharem por aí... mas margaridas por aí só em sonhos. As rosas, a perfeição, a elite das flores aparece em tudo o que é jardim, já as populares margaridas - e eu digo margaridas e não malmequeres, que são muito diferentes-, garanto que é muito mais difícil. Eu sou uma gaja esquisita, nada a fazer... na verdade se me quiserem roubar alguma coisa, roubem-me o coração. Se o encontrarem. Acho que nem em sonhos... ]
Boa Noite

17 agosto 2014

"O amor feito de raciocínio tem realmente mais espírito do que o amor verdadeiro, mas é feito apenas de momentos de entusiasmo; conhece-se excessivamente, julga-se sem cessar, longe de desencaminhar o pensamento, é construído à força de pensamentos."

Stendhal, in Vermelho e Negro

"Há uma solidão tão grande nesse mundo
 que você pode vê-la no lento movimento dos ponteiros do relógio."

Charles Bukowski

[só quem pára para ver e sentir a lentidão dos ponteiros do relógio a sente realmente.]
Boa Noite

16 agosto 2014

Acordo a soluçar, a dizer repetidamente "não esteja assim", "não fique assim", e lembro-me daqueles olhos que olhavam para mim, quase suplicantes sem quererem mostrar-se suplicantes. Lembro-me daquele olhar e de lhe dar a mão e de lhe fazer festinhas, no sonho abraço-o e é assim que acordo a dizer para não estar assim, não ficar assim, mas sente-se o sofrimento por trás da dignidade. Sente-se muito. E abraço-o e penso que o abracei pouco e que chorei pouco e agora faço em sonhos o que devia ter feito, o que queria ter feito, ou não o sonharia tanto. Comigo tudo é lento, até a falta, até o arrumar, até o saber viver assim, o saber viver e pronto. Penso que tenho de abraçar mais a minha mãe, olhar mais nos olhos do meu pai, tentar estar mais perto dos dois. Eu sou lenta mas vou aprendendo à medida que vou chorando. Talvez isso ajude a ser cada vez menos tarde. Há pessoas que já não posso abraçar, só sonhar. Digo isto e penso que é válido para todos os abraços que se querem, mais vale abraçar quem posso ainda e agora, e esvaziar os sonhos que andam sempre atrasados. Os meus pelo menos, deve ser genético, até os meus sonhos são atrasados...
Ontem perguntaram-me: "qual é  a sua filosofia de vida, se tivesse de a definir, como a definiria?" E eu, de repente fiquei muda, não sabia o que responder, nunca tinha pensado nisso. Durante uns segundos pensei o que me fazia sentir viva, o que me fazia as vezes dar graças por estar viva, e depois respondi exactamente isto, que gravei na memória: "Ter o mais possivel momentos onde se pode pôr a vida toda." E depois fiquei a pensar naquilo, porque procurei em mim aquilo que é a minha verdade, o que quero da vida, o que me preenche. Fiquei a pensar naquilo que me saiu de dentro e que me define. Tentei pensar em coisas, momentos, situações, que me fazem ou fizeram sentir plena. E chego à conclusão que são as coisas mais diversas e diferentes entre si, mas sempre puras, genuínas, cruas até, mas que têm de comum fazer-me sentir a mim mesma, em contacto com a minha essência, que eu não sei o que é mas que nessas alturas sinto, sinto plenamente. São coisas tão simples como uma frase que se lê e se me encaixa tão perfeitamente que me faz entender e concretizar, verbalizar, coisas que sabia ou sentia mas não sabia dizer; outras podem ser a gargalhada mais verdadeira, mais pura, mais genuína, que alguém provoca, e que se me sai essa gargalhada, é porque a intimidade é confortável, próxima e devolve-me a mim. Outras são coisas tão estranhas como a cumplicidade perfeita dum olhar, da inutilidade das palavras face a coisas tão maiores e mais extraordinárias que a sua explicação, que não existe ou não é razoável, para quem não a sente. Outras podem ser um abraço que me devolve a minha metade que perdi algures na vida, ou ainda antes, e só alguns abraços me devolvem, como uma casa sem morada a que se regressa. E beijos, há beijos que valem uma vida, e têm a vida toda dentro. Há alturas em que parece que valem uma vida inteira, porque duram a vida inteira, mesmo depois de nos sentirmos mortos e extintos. O pior é viver sem eles, ou com aqueles que não chegam a ter vida bastante para que algo nasça, ou eu sinta a minha essência. E a minha essência é afinal aquilo que será a minha filosofia de vida. E como alguém dizia a olhar para as minhas estrelas, eu sou uma mulher feita para amar, para o amor, para a partilha, maternal e erótica, num equilíbrio difícil em que o fiel é o amor, ou tudo desmorona, e não serei nenhuma delas. Se desistir disso enegreço, seco, esgoto-me, morro. Nessa altura talvez as fachadas me cheguem. Por enquanto quero amar, quero que me amem, e amem o amor que sei dar, como sei dar. Quero que me amem em essência, essencialmente.

Boa noite.

15 agosto 2014

Olá amor. 
[as melhores duas palavras para começar um dia. Um dia há umas semanas começou assim. E eu não preciso de muito, estas duas palavras chegam-me para o dia se fazer bem nascido. Sinto falta de as ouvir, de as receber assim escritas, de as escrever... As melhores palavras de que há memória para começar um dia. Um dia... ]
...bem visto.
E hoje tanto haveria para dizer, mas não me apetece, fui passear pelo mapa dos astros e vim bem disposta, nem sei porquê, mas é verdade.
Há astros que não mudam, mas quando olhamos para o céu vão (a)parecendo sempre diferentes.
E isso é bom.

Boa Noite

14 agosto 2014



... Às vezes ainda me acontece isto...
Pergunto-me se alguma vez te aconteceu... 
Ou se realmente dizias o meu nome como quem chama, quando a minha falta te apertava mais... Uma vez escreveste-me um mail que dizia que quando te querias sentir bem bastava pensar nos meus olhos, no meu sorriso, e dizer o meu nome de olhos fechados... E eu pergunto-me se era verdade, ou se o dizias como dizias outras coisas a outras pessoas, que quando descobri e as apanhei, disseste que era o que tinhas de dizer, afinal que haverias tu dizer senão aquelas coisas??... Estas coisas que me dizias também eram porque, afinal, o que haverias tu de dizer?, senão mentir que de tão habituado já te está entranhado... Será que ainda reconheces a verdade, a tua verdade? O que queres e o que gostas? Ou isso é coisa que em ti não existe, como amor não existe... Por ninguém, parece-me...
" "Contudo, tenho de lhe falar", disse para consigo; "é uso confessar tudo ao homem amado." E então, para cumprir um dever, e com uma ternura que estava bem mais nas palavras de que se servia do que no tom da voz, contou as diversas resoluções que tomara a seu respeito(...)"

Stendhal, in Vermelho e negro

Nunca está nas palavras, nem nas mais lindas e perfeitas e adequadas. Não ... A ternura está num gesto de um olhar que fala. A ternura fala pelo toque que nos chega à alma.
A ternura está no carinho que pomos na voz, no toque que mergulha além da pele, no olhar que respira como vemos o outro.
A ternura fala sempre muda, só a ouve quem a sabe falar.
...sim, também já tenho essa convicção, 
não existes como te vejo, como te vi,
não existo como me vi,
e ainda assim continuas a falar-me, 
continuo a ouvir-te.

Boa Noite

13 agosto 2014


Eu vou tirar do dicionário
A palavra você
Vou trocá-la em miúdos
Mudar meu vocabulário
e no seu lugar
vou colocar outro absurdo

Eu vou tirar suas impressões digitais
da minha pele
Tirar seu cheiro
dos meus lençóis
O seu rosto do meu gosto
Eu vou tirar você de letra
nem que tenha que inventar
outra gramática

Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
com quantos “nãos” se faz um sim
Eu vou tirar o sentimento
do meu pensamento
sua imagem e semelhança
Vou parar o movimento
a qualquer momento
Procurar outra lembrança
Eu vou tirar, vou limar de vez sua voz
dos meus ouvidos

Eu vou tirar você e eu de nós
o dito pelo não tido
Eu vou tirar você de letra
nem que tenha que inventar
outra gramática
Eu vou tirar você de mim
Assim que descobrir
com quantos “nãos” se faz um sim

Alice Ruiz

[ahhh eu vou!!...]
...sempre uma boa maneira de começar o dia!!!
ehehehhe

Bom Dia!!


“Dançava como um títere, tendo os cordéis dentro dela, atados na alma. Depois tomou-me nos seus braços e, sem pedir, desapegou-me das roupas. De todas as roupas. Colocou-me a outra coroa e convidou-me para dançar com ela, os dois nus. O meu corpo não tinha cordéis na alma, apenas acanhamento; sentia-se vazio de música. Mas ela pegava-me nos braços, endemoninhava-me o corpo, arrastava-me no seu bailado revolto. E ria. Um sorriso que se media a palmos como se mede o diâmetro do mundo, redondo, grávido, imenso. E eu entrei dentro desse sorriso, onde coube nu e sem vergonha. E dancei com ela como dança um louco, como se não houvesse amanhã, como se o hoje fosse pouco. E quando os nossos corpos caíram na cama, despidos e cansados, dormimos como dormem as flores, caídas umas sobre as outras, a partilhar o calor, a dividir o luar. Só quando tudo dormia já, senti que havia música dentro de mim. Finalmente. Música…”

João Morgado

[...lembro-me de dizeres que eu beijava como quem gosta, lembro-me de dizeres que gostavas quando tinha pressa na vontade, quando a força do desejo se notava nos gestos, lembro-me de dizeres que gostavas de tudo em mim e de ficares a olhar para mim a dizer que eu era linda, lembro-me de dizeres que até da minha gargalhada gostavas e de ficares muitas vezes a olhar para a minha boca enquanto falava, lembro-me de a meio duma conversa qualquer me calares com um "adoro-te" ou com aquele "olá" da praxe que faz recomeçar tudo e começar pelo beijo que faltava, lembro-me  de quando me querias desconcertar perguntares-me se hoje já alguém me tinha dito que sou linda, lembro-me de me chamares fera e bruxinha e cobra porque te enrolava nas minhas pernas, mesmo a dormir, lembro-me de dizeres que sabia dançar, que usava cada músculo como queria, lembro-me das conversas à lareira, ou com a porta da varanda aberta a ver o céu que restava para nós, lembro-me de dançar contigo à luz de copos de vinho, sentados no chão enquanto o teu braço nos fazia um só corpo e o balançar era o nosso silêncio a dizer o que as palavras não sabem.
Lembro-me ainda de tanta coisa, tanta coisa onde coubemos sem vergonha e inteiros (ou só eu), como se não houvesse amanhã, porque só havia o agora, e o agora era o nosso mundo, e a música era o silêncio dos olhares que conversavam, e em que as almas que se entendiam.
Quando é que o mundo acabou se ainda há música dentro de mim, mas o agora já era?
...não me lembro... ]

Boa Noite

12 agosto 2014

...face a isto, vamos lá escolher a frutaria a dedo!!!
...e o "fruteiro" também!!
Bom Dia
(dia tristonho e cinzento, não há maneira do sol se estabelecer de vez por estas bandas.... bahhh)



Cansa-me ser quem serei
Porque em tudo esse outro
Se parece com o que sou.
Cansa-me o adeus de quem nasce.
E a viagem, à nascença, morre de fadiga.
Só a tua lava me lava.
Resto eu em ti
Terra ardendo,
Chão de água e fogo
Abraça-me.
Abrasa-me.

Mia Couto

[Terra ardida,
chão de cinzas que não voam.
Cansa-me ser, cansa-me ainda ser,
Carvão onde era ardente a brasa que me queimou.
Cansa-me já o futuro que serei.
Cansa-me ser a todas as horas,
Cansa-me até o que fui já
e nunca cheguei a ser,
Sou o cansaço que respira
o que não se viveu.]

Boa Noite

11 agosto 2014


Durante o sono retiraram-me uma costela
Ficou-me no peito um vazio que não consigo preencher
Custa-me a respirar
Eu quero de volta a minha costela
quero de volta todas as costelas
Quero de volta o paraíso
quero de volta o silêncio rumorejante
quero de volta as poluições nocturnas
e diurnas
Quero uma mulher
feita de chuva
e vento
e fogo
e neve
e luz
e breu
e não de argila
como eu.

Jorge de Sousa Braga

[... dou-te a minha costela se me levares para o tempo antes do paraíso, e da maçã e de eu ser uma costela tua, de eu ser tua. Antes de tudo, antes de mim; porque o depois é sempre tarde, e é vazio, e torna-se - e torna tudo - em nada.]
... e dito isto, deslarga-me sim??
Dispenso os telefonemas a desejar um bom dia e semana de trabalho, dispenso as mensagens cheias de salamaleques que me irritam e basicamente toca-te pahhh.... a sério é que um dia destes sou gaja para me passar, e isso raramente é uma coisa boa de se ver....


Melhor dormir se o tempo se faz sem ti
e guardar-te em sonho
até tu mesmo seres noite.

Mia Couto

[Melhor dormir, sim...guardar tudo em sonho até o sonho anoitecer noite cerrada.
Coisa difícil, essa da noite cerrada, quando no céu habita uma lua que hoje dizem mais cheia de si do que o seu costume. Mais altiva e majestosa. Ironia para quem quer cerrar sonhos mergulhando-os na escuridão da noite. Mas escuridão é apenas todo o tempo que se faz sem quem queremos e queremos querer, quem nos faz ser lua brilhante em noite cerrada.]
Boa Noite

10 agosto 2014

Não sei o que sou, nem o que não sou, 
mas sei que muito disto é verdade em mim, mas nem tudo.

09 agosto 2014


..esteve-se bem aqui, com a areia nos pés e o sol a aquecer a pele. Os pés já salgados e bem no chão. 
A conversa pára uns instantes, e a olhar o ir e vir do mar pertinho de mim, penso que o que me vai custar é perdoar-me, é desculpar a minha estupidez, a minha crença, o sentir que me sentiam duma forma parecida com o que eu sentia. Devia ter sempre sabido que não era possível, não aquela pessoa e não por mim. Devia sempre ter tido a certeza e nunca duvidado, mesmo quando naqueles silêncios em que os olhares falavam, a pele sussurrava e os lábios mudos gritavam pela outra boca, em ternura ou em desejo, havia de tudo. Mesmo aí, devia saber que era coisa só minha, porque nunca houve atitudes que sequer fizessem adivinhar o contrário, pelo contrário, bem pelo contrário.
E agora com os pés no chão, com tudo o que tenho sabido e visto,  saber que tudo era mentira, tudo foi sempre uma qualquer mentira com o propósito apenas de tentar trazer alguém a outro alguém que nunca a pareceu querer realmente, até achar que tudo era um jogo e não podia perder. Há pessoas que se têm em tão grande conta que não podem perder em nada porque são o máximo em tudo, principalmente no que sempre acharam controlado. E afinal sempre acharam bem, não se enganaram, comprova-se. Por outro lado temos alguém que não se importa, e até gosta ao que parece, de o quererem apenas como troféu, como prova irrefutável para toda a gente que se continua e sempre foi, vitorioso. A mim o que me custará é perceber que fui demasiado inocente, demasiado ingénua e sempre demasiado genuína. Fui fraca e burra. Fui apanhada no meio dum jogo que não sabia que se estava a jogar e não teria outra maneira de sair senão mal, magoada e com uma imagem de mim mesma tão fraca, tão enganada. O difícil vai ser perdoar-me, não por quem eu queria não me ter querido o que é o risco de toda a gente que gosta e se entrega, mas por me ter enganado tanto com alguém. Alguém que não se importa de me ter magoado, ou de me continuar indirectamente a magoar, escudado naquele seu egoísmo, do estar a fazer pela vida e os outros que se danem.  E nesta história os outros que se danem fui sempre eu. Nunca me deram folga do papel.
Penso isto, e de repente percebo que a conversa já tinha retomado e eu nem ouvia o que me diziam. E agora chego aqui e lembro-me disto mas não da conversa.

08 agosto 2014


...por acaso nunca gostei desta expressão "ele não te merece" ( e se estou farta de a ouvir, senhores!!!... apetece-me logo disparatar, até me fartei de a ouvir na primeira pessoa: "não a mereço"... haja pachorra...), porque na verdade estou-me a marimbar para o que ele merece, o que me interessa é o que eu mereço - sim, sou uma sacana duma egoísta, apedrejem-me - e eu mereço ser feliz;
 e se é com aquela pessoa que eu me sinto feliz quero lá saber se tem muitos defeitos 
(se gosto dela é porque não me metem muita comichão esses defeitos, só gosto é de os conhecer sob pena de não conhecer a pessoa...), 
quero lá saber se quem está de fora acha que eu faço mais por ele que ele por mim, quero lá saber se gosto mais dele que ele de mim 
(ninguém ainda parece ter percebido que a melhor parte cabe a quem ama mais, a quem tem a certeza que está ao lado da pessoa da sua vida, que não duvida, e a quem dá tudo, e só por poder dar tudo à pessoa que quer e ama não há nada melhor. Gostar um pouco menos é dar menos, e dar menos é ser menos feliz. Ou eu vejo assim)...
...O que me interessa é que sou feliz ali e ali sinto ser o meu lugar, e quero estar ali, e porra eu mereço.
 Se ele merece ou não, são lá contas da vida dele...ele que se amanhe com elas, se não merece faça por merecer, ou perceba duma vez que quem faz a outra feliz merece-a sempre. 

... mas  espero que venhas a ter o que mereces.
E eu também.
Era bom o mundo se cada um tivesse o que merece.
Muito bom, porque justo.


07 agosto 2014


Estou apaixonada por este Mario Benedetti, pela maneira como sente, a maneira como pensa o que sente, e a maneira como nos escreve o que sente. Está decidido, o meu próximo livro na calha das leituras, espero que a começar ainda antes de férias seja um romance dele que comprei na feira do livro. É rara a tradução da obra dele para português, agora vou ver se é bom em romance, mas nada doce assim pode ser mau. E eu não quero amargar. Mesmo que tenha de cometer erros inadiáveis, como este de que ele fala. Ou talvez o verdadeiro erro seja termos alguém no coração que não nos sai da cabeça, quando esse alguém não nos tem, ou alguma vez teve, no seu. Se calhar é isso.
...farto-me de ouvir... "homens há muitos!!"
"Anda para a frente, ele não te merece..."
já ouvi isto mais vezes do que conseguiria contar o que quer que fosse... 
e realmente a foto comprova... homens parece que há muitos..
mas porra!!! onde é que estão eles??
...e mais assim, deste calibre? onde se escondem, e estão todos juntos, é? 
Para não terem frio, ou o raio?
Também, verdade seja dita, que destes todos só gosto mesmo do do meio, os outros parecem uns miúdos,
e segundo me constou ele está como eu, gosta de gajos.... 'tá tudo tramado neste mundo, é o que é...
Valha-nos agradar aos olhinhos, pronto...
E um dia cruzarmo-nos com um espécime, que não sendo tão.. 
...tão... como dizer... bom, o melhor é não dizer, pronto... 
...nos possa fazer sentir que nós seríamos sempre a preferida, se não por ser boa todos os dias - ou mesmo só aos fins de semana e feriados e férias -, somos quem os faz sentir bem, temos as parvoeiras certas que divertem os dois e criam a vontade de se estar junto a fazer o que quer que seja, somos o apoio quando apoio é preciso, somos o carinho e a ternura na paz da intimidade que nos regenera e refaz todos os dias, e não sendo boas como as capas de revista, damos-lhes vontade de nos encostarem à parede e eles a nós.
Dizem que homens há muitos... também o outro dizia... "chapéus há muitos, seu palerma".... 
é isso, a palerma aqui devo ser eu... 
...de resto noutras paragens a fila já andou...
Bom Dia!!



"Às vezes é preciso dormir, dormir muito. Não para fugir, mas para descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a sensibilidade exacerbada sabe quão difícil é engolir a vida. Porque tudo, absolutamente tudo devora a gente. Inteira."

Marla de Queiroz

[...sim dormir para descansar do mundo de fora e tentar calar o de dentro. Dormir e estar com quem nos faz rir, nos faz bem, nos faz sentir bem e que gosta de nós e de quem gostamos. Entre conversas e risos o passado pesado vai caindo por entre os dedos, mas, às vezes, a meio duma gargalhada, surpreende-nos ainda, e parece que fechamos as mãos para não nos escapar, como se estivéssemos a perder algo valioso, algo nosso. Depois percebemos que estamos só a tentar guardar o que nos apodrece e deixamos de fazer força, e deixamos que livremente o que tiver de cair, caia. Afinal nenhuma mão segura a nossa, para que juntas, em cima desse passado que se guardaria preciosamente embrulhado em amor, construíssem um abraço que não se desfazeria, sem precisar forçar a força da união, deixando apenas cair o que tivesse de cair e nascer o que fosse para nascer. E depois percebemos que o que nos escapa por entre os dedos é também isso, viver o que seria para viver. 
Sim, às vezes é preciso dormir - e eu bem preciso - e é o que agora vou tentar fazer, esperando escapar por entre os dedos dos sonhos que não me deixam e me agarram com força há semanas, como se também os sonhos não me quisessem perder, não me libertassem. Mas são meus, e eu é que me perco neles e por eles. Eles sou eu e eu sou eles. Só escaparei deles quando escapar de mim, quando deixar de fechar as mãos para não perder o que nunca foi meu. Às vezes é preciso deixarmo-nos adormecer, entregarmo-nos ao que vier, abrir as mãos e fechar os olhos. Dormir.]

Boa Noite

06 agosto 2014

ahahahhaha..
tá certo, tenho muito que pedalar então, 
e primeira mulher... só se for tão mentiroso como o último...
mas está bem apanhada sim senhor!!


Yes... I think I'm the one...
the one for me!!
Sem perigo de me tirarem o lugar.... não vou ser trocada, traída, ou humilhada,
 nada disso, o meu posto está seguro, só vos digo!!
É uma relação a sério esta!!
E mais.... ninguém se mete no meio, essa é que é essa!!!
bahhhhhhh

Bom Dia!!

... tenhamos fé.
...ou qualquer coisa parecida com isso, 
acreditando sem esperar.
Já só me falta acreditar.

Boa Noite

05 agosto 2014


Eu a modos que sou uma pijama person, tanto de Verão como de Inverno. De Inverno calças compridas e manga comprida, no Verão calções curtos e coisas de alças... mas o certo é que tenho percebido que há quem aprecie as camisas de dormir e que são mais arejadas e coiso, mais femininas e tal, e vai daí ultimamente meio sem dar conta fui começando a usar afora com o tempo mais quente... e de facto há que concordar é muito arejado, tanto que de manhã acordo com aquilo a fazer de cachecol enrolado quase no pescoço... mas é que de cachecol não preciso com este calor.... o pessoal que é adepto disto é só para ver não é? e para quem usa, ou não se mexe durante toda a noite ou tem muitas dores de garganta de manhã... só pode. Mais vale dormir sem nada... isso além de arejado dá para uma pessoa se mexer à vontade sem acabar de cachecol. 
Pronto, era isto. 
Bom Dia!
"Matilde esforçava-se por tratá-lo por tu; evidentemente dava mais atenção a esta maneira de falar estranha do que às coisas que dizia. Esse tratar por tu desprovido do tom de ternura não dava prazer algum a Juliao; admirava-se de não sentir felicidade; e, para a sentir, teve de recorrer ao raciocínio. Via-se estimado por aquela rapariga tão altiva e que nunca concedia louvores sem restrições; com este raciocínio conseguiu a satisfação do seu amor-próprio."

Stendhal, in Vermelho e negro

[... Para sentir felicidade teve de recorrer ao raciocínio? Engraçado como pelos vistos a felicidade pode ser pensada, convencida se agradar ao nosso amor-próprio!! Nunca tal me passaria pela cabeça. A felicidade para mim sempre foi sentida sem pensar, senão é talvez contentamento, satisfação. Felicidade não deixa espaço para pensar, não enquanto se sente, depois sim, pode-se pensar e até tentar entender ou justificar, sem grande resultado, provavelmente. Ser feliz talvez seja uma coisa que se possa analisar e pensar porque é um contínuo, estar feliz, sentir-se feliz é uma plenitude que anula o pensamento, talvez por isso seja o estado de felicidade pura.
E eu agora penso que talvez seja boa ideia dormir, porque a ideia de ir trabalhar amanhã não é lá muito boa... Eheh]

nota pessoal para a vida inteira:

fugir é muito cómodo.
se arrepender de amar é muito prático.
ficar dói.
amar até a última gota de sangue esmaga o ego.
mas é aí que você nota que a vida vale a pena.
quando você lê teu nome na paz nos olhos e o sorriso nos lábios de
alguém.
que me perdoe a filosofia moderna que quer nos fundir a solidão.
as pessoas não sabem ser par. eu não sei ser ímpar.

Carol Souza, Voraz.

[... será? arrepender-se de amar será prático? ou será uma questão de prática? prática de não arriscar viver e perceber que se está vivo. Se calhar é. As duas coisas.]

04 agosto 2014


(...)
Did you want to see me broken? 
Bowed head and lowered eyes?
Shoulders falling down like teardrops, 
Weakened by my soulful cries?
(...)
Maya Angelou, Still I Rise 


[... não sei porque não consigo fugir, não fui feita assim, não me está impregnado no adn nem no olhar sobre a vida que já vivi ou que que está por vir. Fugir é talvez uma perspectiva das coisas, uma perspectiva fraca de nós perante as coisas, por isso não fugir obriga a inverter perspectivas, enfrentar e fazer da fraqueza que sentimos a força que queremos ter. Não fujo, normalmente de nada, nem de um olhar nem dum caminho, por tortuoso que seja, se eu o achar o caminho certo, é por lá que vou. Não fujo e olho de frente - frente a frente, e ainda arranjo forças não sei onde para insuflar a espinha e, olhando ao nível, parecer que olho na superioridade da dignidade que não encontro nos olhos que me olham, quase medrosos, quase submissos. Estranho as pessoas que se estão sozinhas se sentem assim tão indefesas... Precisam de plateia ou de reforços? Só aí são tão poderosas? E face a isto empino o nariz, sim, porque sou dona dele e não me rebaixo quando me querem pisar, atingir, magoar. Não dou esse gosto a ninguém, só eu tenho todos esses exclusivos, de que uso e abuso, é certo, mas é meu, não o admito a mais ninguém. Não sei onde vou buscar forças, mas quanto mais desfeita estiver mais as forças ressurgem donde não há nada, se me tentam pisar e julgam desfeita. Acho que nunca parecerei tão snob como quando me julgam aniquilada, desfeita, no chão. Reergo-me sem notar que o faço de tanto que me tremem as pernas, mas caminham direitas e sem hesitações, a pisar com o calcanhar, como quem sabe o terreno que pisa. Mesmo que eu saiba que a mais pisada sou sempre eu, não sou mulher de choradinhos, ainda que possa passar noites inteiras a chorar. Escolho quem me pode ver desfeita e não uso isso para que façam o que quero, para ter o que desejo, choro e desfaço-me, mas não o uso para outros fins. Sou dona do meu nariz com propriedade plena, só quero o que me querem dar: não peço, não imploro, não me ajoelho... pelo menos não para isso.
Sou dona do meu nariz, só o baixo para quem quero e quando quero, mas só se me quiserem e eu o sentir.]
Aqui no meio das minhas leituras veio-me esta ideia: há pessoas a quem foi incutido o princípio de terem princípios, só se esqueceram de lhes incutir os princípios.
Deve dar daquelas sensações de se saber que se tem de fazer alguma coisa só não se sabe o quê acerca de nada.
É um bom princípio ter princípios, mas é só um princípio, o fim é tê-los e, assim, saber agir.
E princípios não são obrigações, são pilares.
Honestidade, lealdade, gratidão e respeito - eu diria que são os fundamentais nos seus sentidos latos; tudo o resto resulta ou baseia-se nestes. Até o amor, ou principalmente o amor.
Bom, basicamente tudo em que me falharam nos últimos tempos.

(...)
una mujer desnuda y en lo oscuro
es una vocación para las manos
para los labios es casi un destino
y para el corazón un despilfarro
una mujer desnuda es un enigma
y siempre es una fiesta descifrarlo

una mujer desnuda y en lo oscuro
genera una luz propia y nos enciende
el cielo raso se convierte en cielo
y es una gloria no ser inocente
una mujer querida o vislumbrada
desbarata por una vez la muerte.

Mario Benedetti

[...uma vocação para as mãos, para os lábios quase um destino, mas não é precisa escuridão...]
Boa Noite

03 agosto 2014

"Eis a sedução das mulheres desta terra, tal como a senhora de Rênal as descreveu. Não fui amável para ela hoje de manhã, não cedi à fantasia que teve de conversar comigo. Aos seus olhos aumentei de valor. Com certeza que o diabo não perde nada com isso. Mais tarde, a sua altivez saberá vingar-se. Faço com que proceda pior. Que diferença do que eu perdi! Que encantadora simplicidade! Que ingenuidade! Sabia os seus pensamentos antes dela; via-os nascer. No seu coração o meu único antagonista era o receio da morte dos filhos; esse afecto era razoável e natural, agradável até, para mim, que sofria por causa dela. Fui um parvo. A ideia que eu fazia de Paris impediu-me de apreciar aquela mulher sublime.
"Que diferença, santo Deus! E que encontro eu aqui? Vaidade seca e altiva, todos os cambiantes do amor-próprio e nada mais.""
Stendhal, in Vermelho e negro


01 agosto 2014

..bom programa.
Precisava disto.
Uma massagem.
Mas de corpo inteiro.
E de me rir.
E de dizer disparates.
E de beijos.
E de festinhas na alma, se alguém o conseguisse.
Quanto cansaço, quantos cansaços, consegue alguém aguentar 
e parecer que se mantém ainda de pé?

Boa Noite


(...)
Guarde meu caos em tua pele
e em mim amanheça.

Zara

Daqui

[... eu, que hoje sou só caos, não tenho amanheceres guardados em ti.
hoje, ontem e amanhã já não há amanheceres,
já não há sequer a tua pele para me desencaminhar o caos.
Alguém me beba o caos, me coma a pele, me esvazie
e me deixe amanhecer sem mágoas.
 Limpa como a manhã fria cheia de espaço para o sol.
O meu sol,
que te aquecia e onde deixaste o teu caos. ]

31 julho 2014

...isso, isso!!
E muito e muitas!!!
bahhhhhh
(e agora vou, que hoje já chega.... estou cansada e cheia de fome! )



...estou   de - rre - a - da!!!!!

Irra, que o dia hoje foi duro, também só me apetece tirar os spatos e ir para ao pé de água, mar preferência...
Dias loucos, mas que ao menos não nos deixam pensar nem parar, ou queríamos que não deixassem, enfim... há coisas que nem na maior confusão deixam de nos invadir e tomar de assalto, mas têm pouco tempo para se deixarem ficar .
Mas ao fim de um dia como hoje concluo que os homens são mesmo uns cachopos, e que devem pensar que toda a gente tem de ser mãe deles, eles fazem merd@ e estão à espera que, como somos mulheres, lhes perdoemos ou sejamos flexíveis, quando percebem que não é assim, e que há quem não ceda... espantam-se. Depois somos umas cabras... até já estou habituada, para outros é foleira e estrábica e mais não sei o quê, além de cabra, estes até são meigos... siga! É a vida. 
De seguida toca a meter baixas fraudulentas, psiquiátricas quiçá (onde é que eu já vi/ouvi isto??)... Não querem fazer um determinado serviço, porque olha não apetece, querem escolher o que mais lhes convém, fazem birra, ninguém cede e então... bom, então, como muito bons portugueses que enchem a boca para dizer mal   deste, daquele e dos políticos, e da corrupção, e da desonestidade, e de serem roubados...  queixam-se do país, de nada funcionar, etc etc... mas é isto que fazem naquilo que está ao alcance de cada um!  metem baixa fraudulenta... e pagamos todos. E é transversal - desde as pessoas mais eruditas e cultas  à empregada de limpeza. É tudo igual... as pessoas não têm auto-critica? E vergonha na cara já agora, também não? E continuarão a dizer mal de tudo... enfim. 
Como se pudessem falar, como se não contribuíssem para a miséria de que se queixam...
Estou cansada!!! 
Muito e de tudo, não se consegue mudar o mundo nem as pessoas... eu sei, mas no que está ao meu alcance eu tento, pelo menos tento. 
(é por isso que me canso e ando exausta de tudo, principalmente das pessoas, principalmente dos homens... mas eles se aqui vêm é que vão gostar da foto, já sei.)



Será que ainda sabes ao que eu cheiro?
Eu ainda sei ao que tu sabes.
(Com esta frase às voltas na cabeça... Talvez durma agora... Depois de me livrar dela)
Até os beijos selvagens são coisa que me agrada, 
que sinto falta e que nunca precisaram de ser regados, só desregrados.  
Renovam-se, não precisam de estufas, precisam é de vida de desejo, de tesão, de vontade, 
e isso rega tudo, são as chuvas do dia a dia que os mantêm, 
porque querem continuar a existir, a viver, a ser. 
Gosto de coisas selvagens, meio selvagens, vá... pronto
(e havia quem volta e meia me chamasse fera, 
só podia ser daí porque de resto fiquei tão domesticada que dá para dar vergonha...)

Boa Noite, selvagem ou não.


"- Andamos a regar flores de plástico, é isso que fazemos. Temos coisas que não servem para nada. É tudo plástico. E nós regamos essas flores e esperamos que cheirem a coisas boas. Mas é plástico. Temos coisas, em vez de tentarmos ser felizes, substituímos a vida por plástico, a felicidade por plástico e o próprio plástico por plástico. Trabalhamos para regar uma vida destas."

Afonso Cruz

[...plástico, sim talvez... leio isto e pergunto-me qual é, ou foi, o meu plástico. O que andei eu a regar a pensar que era verdadeiro e afinal era plástico, era falso, não era nada. Será que então a minha felicidade era plástico também?... Não, não era, a felicidade não se falsifica, ou se sente realmente, ou não se sente, e eu senti. O que sentimos por verdadeiro é verdadeiro para nós, mas para outros poderá ser plástico. Se calhar é isso. Vejo muita coisa que me parece plástico, que me dizem plástico, mas será? Só quem realmente o sente saberá. Se não se enganar a si mesmo. E quem andar a regar flores de plástico e o sabe, porque o faz? Sabemos que o plástico não cresce, não vive, e se cheira é manipulado para isso, para cheirar a determinada coisa que parece bem, mas para quê? É mais seguro regar flores de plástico porque não morrem, porque na verdade tanto faz que se reguem ou não, porque serão sempre plástico, não passam a flores verdadeiras, selvagens no campo ou de estufa cheias de cuidados. Por muitos cuidados que se tenha com o plástico. 
Eu gosto de flores selvagens das que nascem sem se pedir, sem nada fazermos, mas que notamos quando passamos porque são bonitas, porque são reais, porque lutam para se manter. porque têm e representam vida. Gosto de flores do campo, não gosto de estufas e de demasiados cuidados, gosto do que é espontâneo, genuíno e cresce sem pedir licença, gosto do que surpreende e desafia a vida. Gosto dessa força, mesmo que seja frágil e incerta contra a força certa do plástico, que nunca muda e nada oferece. Só se vê, só parece, só serve para se ver e nada mais. Andamos a regar vidas para que se veja, para que nos vejam?? sempre na máxima beleza imutável, e entretanto deixamos passar a vida que é selvagem e sempre muda, sempre cresce, sempre luta, e às vezes morre, mas pelo menos viveu. Pelo menos viveu-se um dia. O plástico serve para os outros verem o que achamos perfeito e gostaríamos de ter, tanto que até regamos para nos enganarmos de que dali algo pode crescer. E entretanto morremos aos poucos porque não somos de plástico.]

30 julho 2014

A sério, não vale a pena, é escusado andar há dias a pôr a tirar, a mostrar e a ocultar. De manhã vê-se tudo e mais alguma coisa, à tarde desaparece, a sério é tão óbvio que chega a ser ridículo, mas pronto. Descansa o espírito, já deu para ver a fatiota toda gira - e por acaso até é, o que é raro eu achar, mesmo que eu não vestisse um padrão que dá tanto nas vistas era giro e ficava bem, porque a criatura é bem posta - a boa disposição e felicidade patente, até deu para ver alguma oleosidade... tsss tsss, aquele brilhozinho não engana (vá a parte do oleosa é a parte que deveria servir para perceber que não somos assim tão piores... mas ao menos somos auto-críticas, coisa que falha a muito boa gente...).... até deu para ficar saber em comentário quem é que tirou a foto e por isso é que não aparece, claro, havia que esclarecer, não se fossem pensar coisas... deu para ver tudo, é escusado andar a pôr e tirar, se bem que sempre mostra a que horas certo despertador deve funcionar.... desaparece tudo...ehehhehe tanta criancice de parte a parte, as proibições e o fazer o contrario e acharem-se todos muito espertos, um pensa que é obedecido e outro pensa que é tão esperto que não é descoberto... enfim pelo menos tem piada a situação... não fosse tudo tão estupidamente triste e postiço e falso e ser tudo uma brincadeira em que todos sofrem e outros ainda aprendem tudo errado com o que vêem... manipulação e acharem-se sempre mais espertos... Mas passemos à frente que esta história cada vez é menos minha com este tipo de jogos e situações ridiculas. Valha-me perceber isso.
... o que uma palavrinha muda...
Um homem ouve "temos que falar" e foge de todas as maneiras que conseguir e encontrar....
acrescentamos uma palavrinha à frase, 
de preferência antes - é que assim suponho que nem devem chegar a ouvir o resto... - e deve dar um resultado extraordinário, suponho que sim... tenho aliás quase a certeza absoluta, até apostava um strip de conversa...eheheheh
Só me andam a dar ideias, um dia destes experimento.
E esta é gira, e faz o meu género.
"despe-te, temos que falar, e se não te despires tu, dispo-te eu".. 
ehehhehe estou a imaginar, tem piada
Bom Dia!!



Começo a chorar
do que não finjo
porque me enamorei
de caminhos
por onde não fui
e regressei
sem ter nunca partido
para o norte aceso
no arremesso da esperança

Nessas noites
em que de sombra
me disfarcei
e incitei os objectos
na procura de outra cor
encorajei-me
a um luar sem pausa
e vencendo o tempo que se fez tarde
disse: o meu corpo começa aqui
e apontei para nada
porque me havia convertido ao sonho
de ser igual
aos que não são nunca iguais

Faltou-me viver onde estava
mas ensinei-me
a não estar completamente onde estive
e a cidade dormindo em mim
não me viu entrar
na cidade que em mim despertava

Houve lágrimas que não matei
porque me fiz
de gestos que não prometi
e na noite abrindo-se
como toalha generosa
servi-me do meu desassossego
e assim me acrescentei
aos que sendo toda a gente
não foram nunca como toda a gente

Mia Couto

E por hoje acho que já chega de dia... deitar e dormir seria bom, melhor seria encostar-me e sentir o mimo que me falta, enrolar as pernas noutras e puxar um braço para eu agarrar. Melhor seria, mas dormir sem sonhar e não sonhar acordada se calhar era melhor... "porque me enamorei de caminhos por onde não fui e regressei sem ter nunca partido"... ainda não, ainda não regressei. os sonhos que o sonho sonha não deixam.

Boa Noite