Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

12 julho 2014


“Que o espelho reflicta em meu rosto um doce sorriso 
E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
 porque metade de mim é o que penso 
mas a outra metade é vulcão.” 

Oswaldo Montenegro

[...há que arrefecer...]
Boa Noite

11 julho 2014

Ahahaha 
Ora porra e não é que é verdade?...
Adão, filho, onde andas? 
Vamos fazer a coisa como deve ser, anda cá!! 
Paraíso, me "aguardjee"

Só uma coisa destas para me fazer rir hoje... Inventam cada uma!!

outra cama
outra mulher
mais cortinas
outro banheiro
outra cozinha

outros olhos
outro cabelo
outros
pés e dedos.

todos à procura.
a busca eterna.

você fica na cama
ela se veste para o trabalho
e você se pergunta o que aconteceu
à última
e à outra antes dela…

é tudo tão confortável —
esse fazer amor
esse dormir juntos
a suave delicadeza…

após ela sair você se levanta e usa
o banheiro dela,
é tudo tão intimidante e estranho.
você retorna para a cama e
dorme mais uma hora.

quando você vai embora é com tristeza
mas você a verá novamente
quer funcione, quer não.
(...)


Charles Bukowski

10 julho 2014

...pois.
efeitos colaterais.
Antes sarcástica que má, maquiavélica e manipuladora,
 mas há quem goste desse género.
Enfim cada um com a sua.

"Tenho medo de viajar (...) Não de andar de avião ou de qualquer outro meio de transporte, mas de encontrar o que não conheço, ou, pior, o que deixou de ser o que era e se modificou.",
Pedro Paixão, "A Cidade Depois"


Olha eu não, e cada vez menos... 
quero viajar da minha vida, sair, encontrar o que não conheço, 
modificar o que conheço e não quero mais conhecer... 
enfim tirar férias de mim e desta vida estranha que me vive.
... Bolas que está enorme e brilhante.
Boa noite para banho de luar num qualquer chão duma qualquer sala que não provoque medo. 
Vou acabar o meu cigarro debaixo desta lua, sem medos. Afinal às vezes o medo é só um hábito.
Boa noite.

"(...) também tenho saudades tuas. estás bem? "
 e pronto, bastou isto. 

às vezes parece que o peso duma pena faz desabar uma falésia.
disseram-me de ferro, mas a parecer frágil
e eu sou só o que pareço

09 julho 2014



"é sempre
uma história de amor:

a árvore
que se afeiçoa ao pássaro

o sol
que se liga à água

os olhos
que se prendem ao mar"


gil t. sousa

[os fins de dia, o cair do entardecer no horizonte, o peso do dia (ou da noite?) a descer aos ombros, o olhar dos nossos olhos a poisar de novo em nós, a alma que alua antes da lua.
coisas que combinam com este poema, coisas que este poema me traz devagarinho, arrancando dos dedos as palavras que estas linhas me traçam, em que me emaranham os sentidos que sentem além dos sentidos... 
simplicidade no sentir o que se vê,
simplicidade no ver o que se sente. 
claramente.
de olhos fechados, como de olhos abertos
como a cor alaranjada do calor que se sente mas nem sempre se vê. ]

" (...) amo-te companheira e amo-te puta, conselheira e estrela porno, amiga e confidente e conjurada, enquanto te olho nos olhos e se me abre um sorriso de querer ser velho contigo, mas logo quando te viras só quero é apalpar-te o cu."
Só mesmo Menino para dizer isto, e dizê-lo assim.

Aliás, andamos a roubar coisas ao moço desde sei lá que tempos (desde que lhe descobri o blog e acho que foi logo ao inicio), aqui o tasco começa a ser apenas uma sucursal daquela morada... mas que fazer? há coisas que ele diz que eu gosto de ler, e que gostava de ouvir... e o que uma pessoa gostava de ouvir também a define, tanto como aquilo que diz ou -  mais ainda - que gostava de dizer, e tantas vezes tem de calar. Por isso tantas vezes nos definimos tanto pelos sonhos que temos, que desejamos como pelo que fazemos nos dias que nos fazem a vida, querer uma coisa é ser um pouco essa coisa. Eu devo gostar que quando me viro alguém (aquele determinado e certo, tão cert, alguém) tenha vontade de me apalpar o cú. Mas que isso seja também uma faceta de querer envelhecer comigo, e já agora com o meu cú...
......Xxiiiiiiiiiii
parece que estamos no meio da selva....
só falta mesmo o Tarzannnnn!!!

(as coisas que eu me lembro, a sério, eu não tenho remédio, só sai parvoeira...)

"(...)There are several kinds of love. One is a selfish, mean, grasping, egotistical thing which uses love for self-importance. This is the ugly and crippling kind. The other is an outpouring of everything good in you — of kindness and consideration and respect — not only the social respect of manners but the greater respect which is recognition of another person as unique and valuable. The first kind can make you sick and small and weak but the second can release in you strength, and courage and goodness and even wisdom you didn’t know you had.(...)
And don’t worry about losing. If it is right, it happens — The main thing is not to hurry. Nothing good gets away."

Carta de John Steinbeck ao filho que se apaixonou...
...se valer a pena não foge. 
É, deve ser isso.
O Steinbeck deve saber do que fala.

"nunca gostei do anel que marido e mulher usam. porque tem pouco de pessoal, tem pouco de história, de amor. porque tem muito mais de posse, de padrão, de obrigação: porque todos usam no mesmo dedo, no mesmo formato, e para todos, significa o mesmo. e eu não gosto de coisas padrão. por isso prefiro, muito mais, todos os anéis, fios, pulseiras que tem uma história própria, um significado seu. que são usados não porque sim, mas porque apetece naquele dia, naquela hora. não porque estão sempre lá - mas porque estão sempre a ser lembrados de se porem lá. bonito quando alguém usa um fio porque acordou a pensar no que ele significa. bonito quando alguém usa uma pulseira apenas porque lhe apetece beijá-la no pulso durante o dia. porque ai sabemos que estamos ali, não por hábito, mas por uma vontade idiota, quase infantil -mas pura-, de estar junto.(...)"

É por isso que eu gosto de objectos com alma, com a alma que lhes damos quando lhes atribuímos um significado, uma memória, um cheiro do que se sentiu e se repete cada vez que esse objecto nos toca, o pomos ou o tiramos, ou passa pelo nosso olhar. Até pode ser só uma música, um cd, qualquer coisa, até pode ser um nome que se põe a um filho, que não tem nome de moda mas tem um nome que tem história própria, de raízes e de sangue, e duma alma que se quer dar. Gosto das coisas com significado próprio, um significado que só existe num mundo restrito e nosso, como um código mudo feito de memórias e gostares e de querer recordar o quanto se gosta em coisas pequenas; em quanto se revive e se ama e se sorri por uma música que traz atrás uma conversa, uma imagem, um sentir. E sempre um sorriso revivido no presente, mesmo que tantas vezes entre lágrimas salgadas. Uns óculos oferecidos porque andam sempre pendurados perto de quem queríamos sempre perto, para nos lembrarem, ainda que saibamos que só nós nos lembramos. Só nós nos lembramos porque os demos, o gosto que a ideia nos deu, o porquê da ideia e o que pensávamos que poderia provocar de sorrisos, que se queriam partilhados ainda que na distância. A alma está no entender das pequenas coisas, coisas nossas, vedadas aos olhos de quem só vê a superficie, como um segredo bem guardado por dentro do calor do outro que se sente no mais frio dos dias, está no saber que objectos nos andam sempre pendurados para lembrar sentimentos que não se despenduram nem nos largam, que queremos que não larguem.
No fundo porque queremos ser lembrados, para nos lembrarmos - logo depois , e entendermos - que quem quer ser lembrado é porque não o é.
Eu não quero voltar a usar aliança, aliás cada vez mais estranho vê-las, desenvolvi uma relação muito estranha a vê-las a assimilá-las. São exibidas com gáudio mas raramente são sentidas, muito menos sentidas com ganas, com ganas de sentir alguma coisa, mesmo que nunca se tirem. Coisas sem alma nenhuma e cheias de fantasmas que nos desabitam, tantas vezes.
É engraçado como eu, que tendencialmente não gosto de coisas repetidas, me apego tanto e tão facilmente a rituais. E digo rituais e não hábitos, porque hábitos são repetições quase inconscientes, fazem-se quase sem fazer, e tantas vezes sem pensar. Os rituais são coisas que nos dá prazer repetir, e se calhar às vezes fazer exactamente da mesma maneira, mas fazem-se conscientemente pelo prazer que sabemos que nos dão. Como este. O de fumar o último cigarro à varanda, agora que o tempo -mesmo estando fresquinho a esta hora, que está- é mais convidativo a isso, e com isso pôr-me aqui a escrever o que a minha cabeça vai dizendo. É o meu bocadinho de mim que me deixo ter, em que dou largas a mim, e me vejo pensar. E me deixo sentir. E é isso, gosto de rituais, e vejo que me fazem falta alguns. Não era hábito, era prazer consciente de que o é. No fundo o prazer nunca se repete, renova-se. Por isso não cansa.
"-Não tens razão. Toda a gente pode ser amada.
- Poder, pode, mas não quer dizer que seja.
-Porque diabos achas que enfiaram seis biliões de pessoas no mundo, se não foi para isso???
-..... para eu andar entretida? hummm?"


"A única razão porque preciso de ti é que tenho este vazio no peito, que fui escavando, que tem precisamente a tua forma, e só tu lá encaixas. E se acaso saísses, ficava um buraco, o que era coisa para me incomodar."

Do Menino

A coisa mais deliciosamente linda que ouvi nos últimos dias... acerca de amar ser não precisar, e do medo de não precisarem de mim. Eu tenho tantos medos. Não precisarem de mim é um bilhete de ida para longe de mim, e o longe de mim não é para fora de mim. Talvez por isso a falsa segurança que dá precisarem de nós, porque nunca se precisa de ninguém para sempre, mas pode-se amar para sempre. Eu é que acho que não a mim.
...parece-me bem.
Isto sim era um belo serão...
ou melhor, pronto.
e apetecia-me.
muito.

08 julho 2014

Amén.
Assim seja.
Assim o espero.
Estava até capaz de acender uma velinha...
... mas tenho medo que se apague...


"O amor pode matar, pode levar à implosão dos amantes, à sua transformação em algo mais, numa amálgama de corpos em que já nem um nem outro se reconhece, da qual se acabam por afastar ambos, desiludidos por deixar de ver o corpo amado, por deixar de se ver a si mesmos. O amor não é uma colisão mas uma órbita, um bailado, uma sucessão de movimentos de dois corpos em torno de um ponto invisível que lhes serve de fulcro, em movimento permanente. Achar este ponto é difícil; mas talvez a solução seja não o procurar – seja cada um dos astros seguir o seu caminho próprio, nem que pareça afastá-lo do outro, e deixar que o amor, como a gravidade, os puxe na direcção um do outro e os mantenha juntos à medida que fazem o seu caminho. Sabendo que se podem afastar irremediavelmente; procurando até aproximar-se deliberadamente quando isso for necessário; mas sabendo que não ter destino que não seja o outro é uma rota para uma colisão inevitável, inexorável, e fatal. O universo é um lugar cruel, mas é o único que temos."

Do Menino.

[O amor é uma órbita sim, dois corpos que brincam e se atraem mutuamente, que se deliciam do outro, pelo outro, com o outro, numa força invisível que não sabem explicar, de gravidade sustida em leveza, à volta do que os une aos dois - esse centro de órbita, não é um ou o outro, é que são os dois -, é o que são os dois juntos que é o Amor, e é à volta dele que a vida se vai dando a bailar.  Só à volta dele a vida se baila sem saber de música ou de passos, é apenas a harmonia do estar, do saber estar a dois na vida de cada um. Só se afastam realmente quando saem de órbita, e então é porque já não há nós, já não há aquela força invisível que os mantém juntos.]

Mario Benedetti

[... Contra o maldito desamparo. Este. O meu. 
A chave que não abre porta nenhuma mas que é a negação do fim.]

E aqui estou eu no meu sofá debaixo das estrelas que não vejo, mas sei que estão lá mesmo quando não as vejo, a olhar para a lua que está baixa e corada... Muito corada, alaranjada. Dizem que vai começar o calor, os dias bons, e eu aqui que só acabo, só me acabam tudo, só me acabam, e aqui me sento: acabada. Acabada com frio debaixo duma manta quente. Fumo um cigarro, mais um e pondero deixar-me dormir ao relento. Ao relento dos pensamentos sentidos. Pode ser que acorde corada, ou acabada na mesma. Sei lá. Aqui não se começa nada, só se acaba. É estranho em cada fim há sempre um começo de qualquer coisa, onde está? Onde anda? É como as estrelas que me vigiam mas eu não vejo? A lua quase a esconder-se agora por trás dos edifícios, quase vermelha. Será raiva? Ou está farta de sumir no horizonte, sem darem por ela?


- Porque paraste?
- Porque não te sinto aqui como tinhas de estar aqui.
- Tens de estar todo para ser o amor. Caso contrário é só prazer.
Caso contrário é só prazer: aqui está uma boa definição de amor.

Pedro Chagas Freitas

[ é uma boa definição. verdade que é. pelo menos é uma das minhas definições. verdade que é.]
"Suicídio é que nem uma mulher bonita num bar. Você olha ela e algo dentro de você cresce e diz 'eu preciso dessa mulher pra mim'. Aí você pede um whiskey e começa a pensar no que falar pra ela. Eu pergunto o nome dela? Ou eu chego me apresentando? Eu pergunto o que ela gosta de fazer ou tento encantar ela com as coisas que eu gosto? Você vai ficando nervoso, pede mais uma bebida e se questiona: por que eu quero essa mulher tanto? Mas você não consegue responder. É algo maior que você. Quando você finalmente toma coragem e se levanta, o caminho entre o balcão e ela parece uma eternidade. Você chega perto dela e trava. Fica com medo. Você desiste e volta pra casa agoniado por não ter conseguido falar com aquela mulher. Chega em casa e se masturba pensando naquela mulher. Você não consegue entender o conflito entre existir algo dentro de você dizendo que você quer; e, quando você tenta fazer, outra coisa dentro de você diz que não é pra fazer. Suicídio é que nem uma mulher bonita num bar."

***

"Sentado ali, bebendo, considerei a opção de suicídio, mas me senti estranhamente apaixonado pelo meu corpo, pela minha vida. Apesar das cicatrizes que marcavam meu corpo e minha existência, ambos eram propriedades minhas."

Charles Bukowski

[já tenho tanta cicatriz propriedade minha, que já nem dá para contar... nem vale a pena começar, mas são o que sou, o que me tornei, o que hoje me define em boa parte, provavelmente, e sim há coisas que parecem suicídio. cada vez mais parecem, e cada vez me lembro mais disso. e eu não penso ser suicida mas agradecia tanto não ver o dia de amanhã nem todos os seguintes. agradecia. tanto.]

07 julho 2014

hum hum...
...a lixar-me com "F" grande há muitos anos e das mais variadas e criativas maneiras... 
sim senhor!!


"Ainda em desamor, tempo de amor será.
Seu tempo e contratempo.
Nascendo espesso como um arvoredo
E como tudo que nasce, morrendo
À medida que o tempo nos desgasta.
Amor, o que renasce."

Hilda Hilst

06 julho 2014

"-Tinha-o previsto - dizia ele, com amargor - o seu amor eclipsa-se ante a felicidade de receber um rei em sua casa. Este alvoroço fascina-a. Amar-me-á outra vez quando os preconceitos da sua casta já não lhe perturbarem o espírito.
Coisa para admirar: isto fez com que o seu amor por ela aumentasse."

Stendhal, in Vermelho e Negro

[Brilhante. ]

05 julho 2014

E aqui ao meu lado resolvem-se problemas de matemática. Eu olho, e ponho-me a pensar que estou com inveja, inveja ou o que queiram chamar, talvez saudade de saber resolver, de haver respostas lógicas e lúcidas num mundo onde as regras são provadas e demonstradas, onde as dúvidas e problemas se resolvem por a+b, e que a resposta é resposta e conclusão. Estou aqui e tenho saudades de mim, da altura em que me sabia e me concluía em respostas que eram eu. Não me duvidava, entendia que me sabia. E era bom. A matemática é um mundo em que me sinto segura, porque mesmo quando não a sei, sei que há resposta certa, é só estudar e chegar lá. A vida não é segura e precisa de respostas, mas como saber a resposta certa, como reconhecer a resposta certa, se não há regras nem lógica? Sinto-me perdida hoje e desconsolada, carente, a precisar de mimo e duma regra qualquer que seja amar-me, sentir-me desejada daquela forma completa de corpo e alma, onde os olhares mergulham na alma do outro e nos encontramos lá, perfeitos nesse mundo a dois, dos dois; onde a pele se encontra, se toca sem medo, e se reconhece e se sente feliz. Sinto-me assim, com saudades do mundo fazer sentido, não deixando de ser sentido. Apetece-me estudar matemática.

"no teu abraço calcula-se o limite do perigo,
definiste em mim o imediato, se é mais lento do que agora já demora demais, ouviste?,
acordei com uma tristeza distante hoje, falta-me sempre qualquer coisa enquanto não vens,
preciso dos teus olhos abertos para a coragem de abrir os meus,
perguntas-me o que tenho,
tudo,
mas há qualquer coisa estranha em mim, a esperança de repente tão longe,
de quantas cores somos feitos afinal?"

Pedro Chagas Freitas

Daqui.

[...o limite do perigo e o tempo sem limite -o abraço-, como uma espécie de eternidade a prestações que se teima em prestar congelada em instantes, como uma felicidade a conta gotas por tanto se contrariar.
O limite é sempre o medo que encarna a alma.
O verdadeiro perigo é contrariar o resultado do tempo, é não querer ver, é amordaçar a felicidade, de cada vez e de todas as vezes, sem limites. 
...À espera que o Amor se silencie.]

Boa Noite


......alternativa às palmadinhas.
prefiro....


04 julho 2014

....pois não, só queria que me consertassem.
Há poucos dias atrás alguém dizia que me ia consertar, 
que ia ser uma trabalheira, mas que se fazia com gosto. 
Queria a Eva de volta só, só, para ele...



... hum hum
( e eu nem gosto muito de palmadinhas no traseiro, mas gosto - e muito - deste espírito, 
e definitivamente dum cavalheiro deste género... um cavalheiro que me deseje e o mostre. 
Não importa onde, embora importe como. 
Não se pode pedir mais, né?)

Bom Dia!!

03 julho 2014


“Expose Yourself to your Deepest Fear…
After that, Fear has no Power.
And the Fear of Freedom Shrinks and Vanishes.
You are Free…”

Jim Morrison
...precisa-se quem dê colo, 
quem agarre com mãos ávidas,
quem toque com suave ternura,
quem beije com vontade de engolir,
quem me sinta sentindo-se.
quem me mate as dúvidas com a certeza de eu ser o lugar que não se quer deixar.
O melhor sítio do mundo é aquele donde não se quer sair.
o meu é no colo onde mora um nós que não chegou a nascer.

ahahahhahahahah...
é isto!!
( e com sorte, senão é sem resposta mesmo... eu quero um Romeuuuuuuu....)



 "Há garrafas que dão à nossa praia e não conseguimos evitar abri-las."

[uma pequenina nota do Menino, que diz tudo - para mim diz tudo. 
E acrescento que depois de abertas, depois de ver,
por muito que se fechem, os olhos nunca mais conseguem voltar a ser cegos.]

Bom Dia!!
...abre os braços, fecha-me num abraço e voamo-nos...
É fácil de tão natural.
Difícil é não voar e esquecer esses abraços que voam.
se calhar impossível... naturalmente.
Contrariar as asas que nos demos faz-nos sobreviver contrariados (ou tentar),
o instinto é viver, o instinto natural é voar quando sentimos asas.
há abraços que sentimos como nossa casa
dão-nos asas sem sair do sítio.
qualquer sítio,
não qualquer abraço.

Boa Noite

02 julho 2014

sol na pele.
o som do mar.
o descanso com paz.
 um nós que se sinta por dentro.
apetecia-me.

Bom Dia


01 julho 2014

Nahhhhh....é nada!!
É fácil, fácil, porque depois é só dizer que afinal se enganou, afinal não eram saudades...
desculpa lá qualquer coisinha.... 
 enganei-me, desculpa... ahhhh e as férias, olha esquece também, enganei-me... abandono-te,
 mas não é por mal... tu aguentas!!


“Mas quem poderá dizer o que é melhor? É por isso que tens de agarrar todas as oportunidades de ser feliz onde as encontrares, e não te preocupares demasiado com os outros. A minha experiência diz-me que não temos mais de duas ou três oportunidades dessas na vida, e se as deixarmos passar, arrepender-nos-emos para o resto da vida.”

Haruki Murakami
Lido aqui.

[não tenho arrependimentos já aqui disse, e realmente, sempre que acho que a vida me dá um caminho que me cheira a felicidade sigo em que condições for, como for. Sei para mim que fiz tudo e que mais à frente posso olhar para trás à vontade, tenho a consciência tranquila e os pés queimados lembram-me que corri o que pude pelo caminho que a vida me deu, mesmo que o caminho fosse difícil, tortuoso e magoasse os pés. Tenho a paz de ter dado tudo. tudo. nunca recusei as guerras da vida e isso dá paz. ]

30 junho 2014

"Criámos barreiras contra o optimismo, habituámo-nos a ver os optimistas como líricos, a arrumar tudo o que nos digam na prateleira da auto-ajuda, da charlatanice. O optimismo é um filtro cor de rosa que nos aumenta a importância própria e nos faz criar uma visão selectiva do mundo; é uma pala à frente dos olhos. Se olharmos a vida sem optimismo percebemos que tantas vezes não fazemos diferença nenhuma na vida de ninguém. Que se não existíssemos, não mudava nada.

Todos temos o secreto sonho de ser a pedra angular na vida de alguém; é isso que nos faz sentir importantes, que nos faz achar que a nossa vida tem sentido. É um condicionamento mental, evolucionário talvez, que está na base de porque procuramos relações amorosas, porque desejamos ter filhos. O sentido da vida é ser importante para alguém. E quando olhamos à volta e entendemos que os nossos filhos, os nossos amigos, os nossos amantes, os nossos companheiros, são tão autónomos e bem resolvidos que na verdade não precisam de nós para nada, isto afecta-nos.*

E aí acontece uma de duas coisas: ou nos deprimimos por nos considerar inúteis, ou percebemos que fazemos falta a nós mesmos; que, acima de tudo, sempre fizemos falta a nós mesmos, e que somos imprescindíveis na procura da nossa própria felicidade.

E que mesmo que não consigas ser relevante para ninguém, a última palavra é sempre tua: és relevante para ti próprio, ou a tua vida é apenas uma função da vida dos outros?"

* aprende no entanto uma coisa: é muito diferente “fazer falta” e “ser desejado”, e a única coisa que interessa é a segunda.


[ eu não sou definitivamente optimista, e daquelas duas coisas acontece-me a primeira em tempo quase real: deprimo. eu não faço falta nem a mim mesma, a sério, é triste chegar a esta conclusão, mas hoje é assim que estou.]
Há cheiros com efeitos colaterais. Hoje entrei em casa dos meus pais e sem saber como as lágrimas caíam-me sem pedir licença. Há cheiros que nos desfazem as armaduras, que nos fazem cair despedaçados em nós mesmos. Tornamo-nos o cesto de papéis amarrarrotados que a vida amarrota e salga e que vamos tentando, um a um, recuperar, alisar e refazer-nos no caos. Já tentaram desamarrotar um papel? Nunca volta à forma original, cada vinco fica marcado, mas as lágrimas correm, salgam a pele e desaparecem, como se nunca tivessem sido. Os cheiros, os cheiros esses, ficam na memória e não amarrotam, há coisas que não passam. Nós somos o que não passa, somos a nossa memória e o que queremos ser.

29 junho 2014

... Os jardins. Outra vez. É perto e eu gosto. É fresco e tem céu. Se fugirmos um bocadinho até tem silêncio. 
Sentei-me com a sandes e o sumo e comi a ouvir falarem italiano, e dou por mim, mais uma vez, a olhar em volta a observar as pessoas. A italiana é infeliz, estou certa. Dois filhos, um marido a mais metros de distância do que o espaço que separa as cadeiras. Um olhar quase sobranceiro, quase indiferente, para ele. Na relva levanta-se outra mulher com um bebé ao colo deve ter perto de um ano, tem um ar feliz e uma barriga quase com outro bebé ao colo, já não falta muito. Esta é feliz, tem qualquer  coisa nos olhos e no sorriso genuíno, na maneira de se mexer? Despretensiosa, à vontade, leve. O respectivo macho perto dela com o carrinho para onde o bebé não quer ir. Colo de mãe não se substitui, dizem. Eu por mim, agora, queria esticar-me na relva ao colo (mas não da minha mãe), a olhar para o céu enquanto discutíamos as formas que as nuvens fazem enquanto correm para algum lado, como fizemos uma vez com sombras na parede da sala. Mas não, vou-me entreter com um gelado de cereja e ficar aqui a olhar para os outros. Ver se alguém noutra mesa se perguntará de mim e da minha (in)felicidade, não faço ideia da ideia que dou. Mesmo. Mas acho que pouca gente, e aqui se calhar ninguém, gosta de observar e analisar as faunas locais como eu. Isso e eu sou transparente. Ninguém me vê mesmo. E eu não sei se sou feliz ou infeliz.
.., beija-me na boca 
e chama-me sandokan
..,rasga-me as cuecas e o soutien.
(Estas músicas, sim senhor... Mas ainda prefiro o "me joga na parede e me chama de lagartixa!...)

28 junho 2014

... E é isto... A inexistência...
A namorar sozinha nos jardins.
De papo para o ar, os olhos no céu que passa por entre a frescura das folhas.
E assim se ganha uma meia hora que se perde a ouvir o silêncio.
(O banco é duro, bolas!...)
...caixa de música, copos de vinho vazios cheios de conversa.
Fugidas que se tornam doces mas em que a alma amarga de incompleta quando se lembra. Principalmente quando se lembra que não somos lembrados por quem lembramos sempre.
Noites em que as cartas nos dizem que temos uma essência selvagem, intensa, e em que nos gozam ao dizer que isso está-me nos olhos, não são precisas cartas.
Eu acho que as cartas se enganaram no tempo do verbo, e que os olhos têm esperança ainda de se reverem no futuro... O presente domesticou-me. Demais. 

Boa noite.

27 junho 2014

E isto.
Boa Noite

tu. eu.
um beijo na cara.
assim quase de repente, quase sem esperas, e eu quase de certeza sem o esperar.
depois outro, na cara, com vontade, quase alegre, parecia.
parece sempre tanta coisa, não parece?
e depois, depois, namorar- sempre namorar - fora do mundo,
 num sitio que nem olhei duas vezes, que não interessa, era o melhor lugar do mundo naquele momento.
o lugar donde não apetece sair.
o abraço, os beijos, o mimo que se sente, o calor que não é do clima mas acelera o coração, a alma que ri, o sabor da tua pele, da tua boca. Nós.
O nós que eu gosto.
Nós.
E eu teimosas em dizer se havia saudades, calo-me, como te calaste tantas vezes, calo-me, mas a alma grita pelo coração e eu cedo-me como quem sucumbe.
Oiço e oiço e não quero acreditar, não me mandas mais embora, agora não, não mais, é a última vez; a partir de agora é só "anda cá"!! Estás doidinho para isso, para o "anda cá", para namorar, para as férias, para uma vida. Para mim? parece...
parece sempre tanta coisa, não é?...
Tenho medo, tenho tanto medo, que me dizes distante, porque quero que me convenças, que me proves, que me ames, porque te quero porque nos quero. e tenho medo. tanto.
e não sei de quê...  nós nunca houve, já te perdi há tanto tempo, quando nunca te tive, quando nunca me quiseste, quando nunca fui a tua escolha, quando nunca fui a vida que queres.
quando nunca fomos nós.
 eu perdi-te sem nunca te ter.
parece, parece sempre tanta coisa.
e estamos sempre aqui.



"- Por que é que julgas que eu nunca choro? 
- Tu não morres o suficiente para poder chorar. "

Jack Kerouac

[não choras porque não morres o suficiente, nem vives porque não amas o suficiente.
eu tenho de sobra dos dois. morro tanto porque amo tanto. 
só não vivo.]

26 junho 2014


... Mais do que presos, que não gosto de correntes, prisões ou obrigações, estamos entranhados. Coisa difícil de desfazer. Não há chave que nos liberte, água que lave ou tempo que apague.
Mario Benedetti
A doçura que se sente, é a doçura que se dá ou a doçura que se recebe? Estava aqui a pensar... É que entregar a doçura que se tem, e quer dar, a quem não a sinta é uma doçura estéril, não vai a lugar nenhum, não sai de nós por não encontrar poiso em que se sinta em casa para crescer. Recebê-la sem ter vontade, não aquece e não adoça; ou nem se sente ou amarga-nos pela vontade de rejeitar uma doçura que não nos é doce, que quase nos fere e nos faz fugir. Tantas vezes de nós mesmos, porque percebemos que não conseguimos escolher que doçura querer, o que sentir ou a quem dar. Não se escolhe a quem se dá porque não escolhemos s quem nos damos. Na verdade, se calhar, não nos damos, roubam-nos, e tornam-se o nosso poiso, a nossa casa, a nossa doçura. Que afinal é tão pouco nossa... A doçura só é doce se o é nos dois extremos dum beijo em que se tocam. Como a ternura, como o carinho, como o mimo, como o desejo, como o Amor.
O chocolate só é doce na minha boca, sinto-o doce. Senão é só um chocolate e é só a minha boca uma boca.

(e agora vou fechar a luz ao telemóvel e fumar o último cigarro na minha varanda e rezar para que não amargue a doçura que me descobri, mas que na verdade nunca foi minha... só é nosso o que controlamos, o que pomos e dispomos conforme a nossa vontade ou razão. Infelizmente.)
Boa noite

25 junho 2014

"-Partiu, vou ter de consertar. Já percebi... Uma trabalheira... ahahha mas com gosto.
...coisa boa. Dava-lhe já um mimo e colinho."

[sim? que é dele?...pois estou precisada disso. há muito tempo. e que me consertem, me colem os bocados rasgados da alma, que mos cosam com beijos pequeninos e me ensinem o coração a bater com vontade outra vez, com vontade de acordar de manhã, que me colem os quereres e descolem de mim as dúvidas que me matam e desossam o carácter, que me lambam as feridas e me deixem aninhar até adormecer. que me deixem ser eu. há tanto tempo que não sou eu, falta-me isto para ser eu, falta-me o doce e a pele, o carinho e a gargalhada, a ternura e a tesão, o silêncio e o que o beijo diz. faltas-me. ainda. 
(lembra-me um comentário a um post deste blog há muito tempo, que dizia "sabe há quanto tempo não beijo?", eu é há quanto tempo me falto por falta de ti. só que eu não é da boca para fora. nunca é da boca para fora o que eu digo sinto dentro, é sempre o que tenho dentro.)]
Pois não, é junto de quem se quer, melhor se num abraço apertado. 
E qualquer sítio se torna o lugar perfeito. 
Quero que este seja perfeito. Aqui. 
Falta-me o abraço...E quem eu quero querer-me em qualquer lugar.
...mas pelo sim pelo não, põe os dentinhos no seguro, sim?
nunca se sabe....
É que estou farta de ser eu a magoar-me e sem seguro...
 ninguém me segura, é o que é!!!
bahhhhhhhh
Bom Dia
(vamos animar, malta, que isto de chorar todos ao dias não é vida)



"Eu quero a Eva de volta e vou ter."
Onde estás?
Onde estás no meu grito por ti se não gritas por mim?
Onde?

23 junho 2014

Já pensei muito, e muitas vezes, sobre esta dicotomia do sim e do não, e nunca tinha pensado nesta perspectiva, ou resumido tão bem e acertadamente a questão, mas é mesmo isto. 
Para quem não sabe dizer não o sim não é nada, é apenas inércia, é o deixar-se ir com o que há. 
Mesmo que esteja sempre implicitamente a dizer não ao seu contrário, di-lo da mesma forma que diz sim, sem convicção, sem reflexão, sem acção. 
É, no fundo, não ter vontades, é não ter vontade de nada, não querer realmente, profundamente, nada. 
É a mais pura verdade. 


... e aqueles 1% devem ser os mesmos que aquela coisa de ganharmos ao Gana por não sei quantos,
 e os USA passarem-se da cabeça e serem os maiores e tal... 
enfim... logo a noite inclui vinho, com certeza....
perceberam, né?

...era isto.
...ou é do tempo, ou é de mim, mesmo... mas era isto.
...não podendo ser hoje, que tem de se trabalhar, que tivesse sido ontem, ou que seja daqui a cinco dias...
 só ronha e mimo e quentinho, até pode chover o dia todo... kélásabereee!!

Bom Dia!
(temos de começar a pensar em animar isto, levantar o nariz e não pensar, não pensar, não pensar,.... nem querer, não querer nada. nada. só isto, que é tudo.... bahhhhh estou sempre tramada!!)

 ... a simples coragem de me querer...
Boa Noite.
Ohhhhhh... Que pena!!... é que senão eu começava a querer ser muito religiosa... E nada de falhar idas à missa!!
(se bem que chamar por Deus assim parece o outro a dizer que não é pecado se estivermos a pensar em Jesus...credo, mais vale pecar mesmo!! )


22 junho 2014

E aqui estou eu a tentar comer o tempo entre cigarros, posts e leituras. À espera que a cama me chame com vontade, mas nada. Depois ponho-me a pensar que é difícil comer o tempo, porque tem de ser mastigado e engolido, e eu queria só engoli-lo. Mas para quê? Nem eu sei. Porque não sei nada, nunca sei. O tempo trará alguma coisa? Engolir este para chegar lá à frente, e lá à frente será que está alguma coisa? Será que alguma coisa vai mudar? Dou por mim descrente e a enterrar os pés no chão, a não querer  pensar, a querer não crer, nem querer nada, nem engolir o tempo que não sei que tempo trará à frente. À frente do tempo estão sempre saudades. Só isso eu sei e tenho medo de o saber mais, mais à frente.

"demorava a língua sem hesitação, pela astúcia do pescoço, pelo carnaval de arrepios que te dançava em várias repetições de desejos. (nunca se fala quando se avança sobre a pele e se rompe o corpo todo, para lá do desabafo do beijo, do silêncio que se conhece no começo dos dedos). deixavas-me, sem interrupção, a ser capaz de tudo. mas nunca se volta ao sitio onde se foi tempo e memória inventada, onde só os corpos estão, sem explicação, num estar sem limite, sem necessidade de haver mais depois. quando a noite caía a espaços prolongados de cor, ia ter contigo. gostava de te provar àquela hora. não num ritual, isso era haver razão. demorava a língua no desejo fundo do teu corpo, mantinha-te viva, arrastava-te para longe de qualquer lugar. sem ordem nos gestos. mantinha-te viva em várias repetições de desejos. e tu perdias-te e passavas do teu mundo para o meu. Trocávamos linguagens em que podíamos ser horas e dias e um universo que não se adivinha. (nunca se volta ao sitio onde se foi tempo e memória inventada, onde não constam nomes nem geometrias fixas). anjos e asas de demónio vermelhas. onde não sobra silêncio no movimento excitado das mãos. anjos sobre o tecto, demónios sobre a cama. demorava-me num estilo nu, sem procura nem destino, fundia-me em ti. mantinha-te viva. não num ritual, isso era haver razão e razão, só para lá do fim.
gostava de voltar a sentir a noite."

Daniel Camacho, página do facebook

[sem razão... e essa ser a razão. de tudo. a melhor de todas. a do porque sim.]
Boa Noite

21 junho 2014


Sou como você me vê...posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,depende de quando e como você me vê passar...suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contacto...tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras, sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calma e perdoo logo. 
Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre...Tenho felicidade o bastante para ser doce, dificuldades para ser forte, tristeza para ser humana e esperança suficiente para ser feliz. Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre...Sou uma filha da natureza: quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser...a única verdade é que vivo. 
Sinceramente, eu vivo. 

Clarice Lispector

[sou o que se vê... não tenho estratégias nem máscaras. Escondo o que devo esconder porque nem a todos me quero mostrar, e de alguns quero-me proteger ainda que não fuja, mas não sou nunca quem não sou. posso ser tão diferente e nunca deixo de ser eu. até este medo que me assalta e que não costuma ser meu, agora é muito meu é dum eu muito magoado mas com vontade de viver, ainda. Sou feita de contradições, de medos e de coragem para os enfrentar, de não desistir e de me afastar, de partida por dentro me dar inteira. De apesar da vida desistir de mim eu não mudar, ser assim porque assim eu sei que gostando ou não é de mim, é verdadeiro, sou eu. Mesmo que ser eu seja uma confusão em que me entendo na perfeição. ]

...Eu estava tão perto de ti que tenho frio ao pé dos outros...
Paul Éluard

[...por muita vontade que tenha de não ter frio, por muito que queira, há frios que não se descolam da pele sem a pele certa na nossa, sem a pessoa certa debaixo dessa pele, a que chega bem dentro do por dentro da pele. a pele deixa de ser pele, passa a matéria de Amor, e torna-se imprestável se tem frio. E o Inverno tem sido tão longo e rigoroso.]
Boa Noite