Eva me chamaste

Fizeste das minhas costas o teu piano

Dos teus desenhos as minhas curvas

Da minha boca a tua maçã

Dos meus olhos o teu mar

Do meu mundo os teus braços


(...)

24 agosto 2011

"Eis porque o prazer de uma «fantasia»...Impossível ou difícil para mais gente do que se supõe. Carrément. O peso da «irregularidade» a estragar o prazer. E todavia, uma subtil insinuação de «fraqueza». Ser «forte» explica a assunção do «pecado»? Ser mau é ser bom? A virtude terá raízes pecaminosas - e vice-versa? É-se «moral» pela cobardia de não aguentar o incómodo da «imoralidade»?, de se saber que essa imoraçlidade iria magoar outrem se a conhecesse? Por sobre tudo, no meio de tudo, a horrível sedução. O ter o fruto à mão, com o seu violento apetite, e não o colher. Na infinitesimal fronteira, a incandescência da loucura. Sabe-se como é que se pode enlouquecer. Um pequeníssimo desvio. Um breve toque mais. Recuar para cá - um esforço violento. Curiosamente, a intensidade do prazer prometido, a intensidade da sua possibilidade, arrasta consigo a dificuldade moral de o conseguir. E a loucura está no crescimento simultâneo das duas tensões. Para que o salto se dê, é necessário que uma delas abrande."
               Vergílio Ferreira, Conta-corrente I

A virtude, ou é natural porque assenta no pecado, e este sim é natural (?), ou assenta no constante evitar do pecado, ou seja, não é uma virtude "natural" ou intrinseca, é um evitar de. Nunca tinha pensado nisto antes de começar a ler este livro, que a virtude vive sempre do pecado, duma ou doutra forma. Em sentido figurado, obviamente, porque pecado é uma invenção da Igreja, para suportar e aclamar a virtude suponho.  E vamos todos atrás. Porque para onde me remete isto é: O que é então a virtude? em que assenta? Na vontade de fazer bem "o" bem, ou só no fazê-lo?

23 agosto 2011

Sim realmente sou inquieta, mas não vivo da inquietação, principalmente se se apelidam de inquietação, ou já teria morrido há muito. De qualquer maneira é mais um defeito a acrescentar à já vasta lista que possuo..

21 agosto 2011

"Há uma imagem de nós nos outros e há o que em nós permanece e reconhecemos, quando uma pequena fenda se abre. Valerá a pena mudar? Mesmo que esse outro de nós seja real? A ironia, o riso, é um dado real de mim. Valerá a pena sobrepô-lo ao mais? Não é esse mais o quase tudo?" Vergílio Ferreira, conta-corrente II
"A grandeza de tudo está na grandeza com que se for esse tudo. Não nesse tudo."

"Quando a vida nos habitua a desprendermo-nos dela, a firmarmos o pé em  nada, vive-se obviamente no provisório. E se o que mais amamos falha sempre ou disso nos ameaça, o recurso é, para haver o que amar, amar-se o que como «ideal» nunca falha - a harmonia, a tolerância, a paz. Por mim e por sobre tudo, amo a vida, que é onde acontece o que se há-de amar ou não."

Vergílio Ferreira, Conta-corrente I
E quando o «ideal» falha? Quando começamos a questionar o nosso ideal?? Tudo se torna provisório? Por isso é o nosso mundo, e a nossa sociedade de consumo imediato, e por isso tudo tão provisório?? É o reflexo da falta de ideais que nos guiem?? E que não falhem?? 

Talvez eu me converta ao eterno provisório de facto, porque começa-me a falhar o ideal de mim mesma, e do que valorizo na vida para a conseguir amar. Para conseguir amar.

19 agosto 2011


"Estar-se cheio, tenso, farto, às vezes no limite da loucura. Cintado de moral, da vigilância dos princípios, do "parece mal". E da cobardia, decerto, e do comodismo. E uma vontade oculta de se rebentar com tudo. Ser-se livre, como quem já nada tem a arriscar. O mais difícil, é que tudo seria fácil. Porque, se fosse difícil, era mais fácil de aguentar, (...) Foi possível, porque já nada havia a perder. O cálculo do futuro não entra já no seu cálculo."

"Cansado. O futuro restrito. A vontade de chegarmos à beira e atirarmo-nos. A monotonia dos dias fiscalizados, a sedução do diferente. Digo diferente. Só o pecado é diferente. Ou sobretudo. Será talvez útil regressar ao pecado de vez em quando, para que a virtude seja mais suportável? Mas não é fácil. É preciso coragem. Coragem? Que é isso de coragem? Em todo o caso, não propriamente pelo pecado em si (para subdesenvolvidos morais como eu, ele pesa), mas porque não é fácil equilibrar o prazer dele com as chatices anteposteriores." 

Vergílio Ferreira, Conta-Corrente I
Parece que escreve para mim em tanta coisa, e faz-me parar muitas vezes a pensar, e dar por mim a sorrir por entender tão bem, e por me sentir menos diferente. Há quem goste de ser diferente, eu não, e pelos vistos tenho razão, porque " só o pecado é diferente", e só serve para se prosseguir a pureza das virtudes... apoiada no pecado.

17 agosto 2011

"As gerações futuras deverão desembaraçar-se do tempo. Parece que já o tentam. Vida em superficies lisas, desinfectadas, vida no instantâneo presente."

"Aliás a sua razão não funciona (nenhuma razão) no que é a quase totalidade da vida humana. O que nos importa passa por outro lado. Quando a razão lá chega, já tudo está decidido"

Vergílio Ferreira, Conta-corrente I
Algo me diz que vou gostar muito de ler este senhor, e ainda agora comecei.

14 agosto 2011

"Ah! bem sabia que me amavas. Os teus primeiros olhares, esses olhares cheios de alma, o teu primeiro aperto de mão, disseram-mo, e todavia quando te deixava, ou que via Alberto a teu lado, tornava a cair nas minhas devoradoras dúvidas."

Goethe, Werther

Mesmo findo o livro, não, não sei se ela o amava na verdade, sei que não o queria amar, sei que se queria convencer que não, que a ser amor seria amor fraterno, compaixão, amizade. Ainda assim, concluído o livro e as últimas reacções da bem amada de Werther, não sei se ele era, de facto, amado ou não por ela. Uma dúvida, no entanto, não tenho, não o amava como ele a ela. Disso não há dúvida, ele morreu por isso. Dela diz-se apenas nas últimas linhas, que se temia também pela sua vida desde a morte dele.
"O que é o homem, esse semideus tão gabado? Não lhe faltam as forças precisamente no momento em que lhe são mais necessárias? E quando ele toma voo na ventura, ou que se abisma na tristeza, não será então ainda limitado, e sempre reconduzido ao sentimento de si próprio, ao triste sentimento da sua pequenez quando contava perder-se no infinito?"

Goethe, Werther

12 agosto 2011

" «Ou tens alguma esperança de êxito junto de Carlota ou não tens. Bem! No primeiro caso procura realizar essa esperança e obter a realização dos teus desejos; no segundo, robustece a tua coragem e livra-te de uma desgraçada paixão que acabará por consumir as tuas forças.» Meu amigo, isso é bem dito... é fácil de dizer!
E esse desgraçado, cuja vida se apaga minada por uma lenta e incurável doença, podes tu exigir dele que ponha fim aos seus tormentos com uma punhalada?, e o mal que lhe devora as forças não lhe tirará ao mesmo tempo a força de se libertar dela? "

Goethe, Werther
Não importa a época, o ser humano é igual e intemporal. Eu já pensei isto, e já no século XVIII o pensaram e o escreveram.
A humanidade persiste no sentir, no viver que toca o que de mais fundamental temos, aí somos todos iguais. Quando sentimos somos todos muito iguais, quem assim não for, não sente.
"Que figura de parvo eu tenho na sociedade quando me falam nela! Se tu visses quando me perguntam com gravidade se eu gosto dela! Gostar! Odeio esta palavra até à morte. Que homem será aquele de quem Carlota gostar, ao qual não encha ela todos os sentidos e todo o ser. Gostar! Ultimamente alguém me perguntou se eu gostava de Ossian!..."
          Goethe, Werther

Percebo perfeitamente, mas comigo é simpatizar.

10 agosto 2011

"(...) em um elefante há dois elefantes, um que aprende o que se lhe ensina e outro que persistirá em ignorar tudo, Como sabes tu isso, Descobri que sou tal qual elefante, uma parte de mim aprende, a outra ignora o que a outra parte aprendeu, e tanto mais vai ignorando quanto mais tempo vai vivendo, Não sou capaz de te seguir nesses jogos de palavras, Não sou eu quem joga com as palavras, são elas que jogam comigo "



José Saramago, A viagem do elefante
A mim acontece-me precisamente o mesmo, há uma parte que nunca aprende, e com as duas as palavras brincam. 

[o que é que aprendeste a ignorar que aprendeste?]

08 agosto 2011

Não sei que fazes,
 não sei que fazes ou por onde fazes,
sei que não me vês, não me falas, não me sabes.
Aí com os pés enfiados na água refrescas as ideias, em que eu não estou, nem nas novas, nem nas velhas.
E ontem o teu nome na minha boca, tantas, mas tantas vezes. Depois refresco as ideias e penso, sei, que eu não estou na tua, e não sei porque não te afasto duma vez, não te tiro de dentro duma vez. De alguma maneira, não importa como.

07 agosto 2011

"As vacas têm história, tornou o comandante a perguntar, sorrindo, Esta, sim, foram doze dias e doze noites nuns montes da galiza, com frio, e chuva, e gelo, e lama, e pedras como navalhas, e mato como unhas, e breves intervalos de descanso, e mais combates e investidas, e uivos, e mugidos, a história de uma vaca que se perdeu nos campos com a sua cria de leite, e se viu rodeada de lobos durante doze dias e doze noites, e foi obrigada a defender-se e a defender o filho, uma longuíssima batalha, a agonia de viver no limiar da morte, um círculo de dentes, de goelas abertas, as arremetidas bruscas, as  cornadas que não podiam falhar, de ter de lutar por si mesma e por um animalzinho que ainda não se podia valer, e também aqueles momentos em que o vitelo procurava as tetas da mãe, e sugava lentamente, enquanto os lobos se aproximavam, de espinhaço raso e orelhas aguçadas. Subhro respirou fundo e prosseguiu, Ao fim de doze dias a vaca foi encontrada e salva, mais o vitelo, e foram levados em triunfo para a aldeia, porém o conto não vai acabar aqui, continuou por mais dois dias, ao fim dos quais, porque se tinha tornado brava, porque aprendera a defender-se, porque ninguém podia já dominá-la ou sequer aproximar-se dela, a vaca foi morta, mataram-na, não os lobos que em doze dias vencera, mas os mesmos homens que a haviam salvo, talvez o próprio dono, incapaz de compreender que, tendo aprendido a lutar, aquele antes conformado e pacífico animal não poderia parar nunca mais. "

José Saramago, A viagem do elefante
Moral da história???  hummmm??
Isto fez-me pensar e pensar, e ainda não consegui descortinar uma conclusão lógica, uma qualquer conclusão moral que me agrade, ou pelo menos, que me responda à pergunta...com uma conclusão.

06 agosto 2011

"(...) a quem talvez não vejamos mais, ou talvez sim, porque a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginámos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a encontrar-nos."

José Saramago, A viagem do Elefante

[e que palavras vão nesse silêncio? que previsões ou regressos?]

15 julho 2011

Mas não parece que esteja a chover... e o guarda chuva está a mais...

13 julho 2011

Voltei, tinhas desligado a luz e acendido duas velas, sorri com uma luz que se acendeu em mim, e tu perguntaste:
- Gostou?
Acho que não te respondi com palavras, mas percebeste-me, de certeza, na perfeição de estarmos juntos.
As palavras são tão imperfeitas.

12 julho 2011


OK vamos lá animar isto...
 Pode ser um destes para a mesa 5? que isto reuniões a manhã toda não está com nada... Pode ser? Ok obrigadinha.

08 julho 2011


Are you talking to me??

Sim, sim, tu.
Portaste-me mal, fechaste-te outra vez na casota onde eu não caibo, e para onde foges sem eu saber porquê. Ficas sozinho a roer o teu osso e deixas-me do lado de fora de ti.
Não gosto.
Não gosto da tua resposta tonta, nem de agradecimentos daquilo que não tem agradecimento. E também não é uma dádiva, é uma inevitabilidade sem qualquer alternativa aparente. Pelo menos para mim.

07 julho 2011

Acho que já até aqui falei neste assunto, mas depois de ler isto voltei a debruçar-me sobre ele, e continuo a gostar mais de adoro-te do que de amo-te, ainda que ache que os dois não se anulam. Aliás, dependendo da situação um encaixará melhor do que o outro, se quisermos realmente traduzir em palavras o que se sente em cada momento. Porque há uma palavra para cada momento, mesmo que essa palavra seja tantas vezes o silêncio dum olhar que diz tudo o que nenhum adoro-te ou amo-te consegue dizer.
Adorar alguém tem, para mim, algo de selvagem, de irreprimível, de louco, de desenfreado, basicamente implica sempre a pimenta que vem com a paixão, é, como dizia Camões, "Um não querer mais que bem querer" é algo que ainda nos mexe com os fusíveis, que nos faz duvidar das coisas mais certas, que nos surpreende.
O amo-te é a plenitude trazida pela tranquilidade de se amar, e de se saber amado, é forrado dum sentimento consistente, mas mais meigo, mais contínuo e de menos erupções emocionalmente destravadas.
Agora, acho que é possível adorar alguém que amamos, mas parece-me difícil adorar alguém por muito tempo, sem que se tenha também de dizer inevitavelmente amo-te. Mas, para mim, uma relação completa tem de, de vez em quando, ter essa loucura incontida da paixão, de adoração pura do outro, como se às vezes olhássemos para ele como se fosse a primeira vez, como se nunca o tivéssemos visto assim, como que surpreendidos por estar ali, connosco, admirados por podermos adorá-lo enquanto o amamos.
O amo-te sem a adoração, sem a raça do gostar com ganas, parece-me sempre um amor morninho, um (a)marasmo pacifico e tranquilo, confortável, bom, muito bom, mas a quem falta um choque enérgico de vez em quando para nos acordar para a vida, para a paixão pela vida.

05 julho 2011



Some things fall apart
Some things makes you hold
Some things that you find
Are beyond your control

I love you and you're beautiful
You write your own songs
What if the right part of leaving
Turned out to be wrong

If I could kiss you now
Oh, I'd kiss you now again and again
'Til I don't know where I began
And where you end

(...)
Moby (where you end)

Ahh poizé!! Deviam pensar que não servia para nada. Enganaram-se, e olhem que não é para todas, é só para algumas. As mães não querem sempre que os filhos sejam um exemplo? Ora, eu não desiludi a minha (espero é que a minha me desiluda a mim nisto...)!!

26 junho 2011

Quando chegamos à última página dum livro, viramos uma página de vida, vida que não vivemos, mas que fica a fazer parte de nós. Sem frases, sem vírgulas, sem pontos finais, mas segue connosco de alguma forma. Seja bom ou mau o livro, aliás, eu acho que meço a qualidade pelo tempo que demoro a despedir-me dele, fecha-se o livro mas parece que continuamos a flutuar num mundo que não é nosso, que nos obriga a virarmo-nos para dentro e para nós. Este ensinou-me, ou confirmou, que o medo está dentro de nós, nunca vem do exterior. Só o eliminamos quando nos confrontamos connosco, e com o que tememos em nós, não nos outros. Eu descobri que tenho medo de me descobrir. Talvez por isso ande sucessivamente a testar limites que não sei onde ter.

O mais importante, no que diz respeito à vida por estas bandas, é o facto de as pessoas se deixarem absorver pelas coisas.
- Absorver pelas coisas? Que quer isso dizer?
- Acontece o mesmo quando estás na floresta. Tornas-te parte da floresta. Quando estás à chuva, tornas-te parte da chuva. Quando é manhã, tornas-te parte da manhã. Quando estás comigo, tornas-te parte de mim.
Haruki Murakami, Kafka à Beira Mar

16 junho 2011


Desculpa... só mais uma coisinha.. e já agora arranja-me um destes, tá? Com a cabeça a funcionar bem (bem sei que é pedir demais, mas já que se pede...)
Pode ser? Combinado.
(é certo que se cumprires eficientemente com o primeiro pedido o segundo já não terás trabalho...)

08 junho 2011


Fotografia um bocadinho psicadélica mas o significado não me parece nada psicadélico. Beijos que não descolam que nuncam deixam de ser beijos? Beijos permanentes. Só fico na dúvida se se estão a tentar despegar e não conseguem, se se querem despegar, ou não.

Eu gosto desta, apetece-me esta hoje, bem sei que não tenho esta idade, mas às vezes tenho. E gosto, gosto do que representa de carinho e ternura, de partilha de intimidade e brincadeira. Gosto, pronto. Nada a fazer!


[na verdade ainda gosto mais por causa do chapéu dele à Robin...]

Gosto.
São a minha cara, não quero cá rosas nem orquídeas finas nem coisa nenhuma. Margaridas, isso sim, frescas e não demasiado domesticadas ou com a mania, simples e sem finesses. Lindas. Para mim, claro. Além de que tenho falta disso, de margaridas...

06 junho 2011

Não gosto de fins, só de começos e meios, mas não de meios para um fim, não gosto de fins, já disse.
Gosto de princípios e de meios, por princípio.
No meio é que está a virtude, dizem. Eu digo que mantermo-nos lá é que é uma virtude.
Reconstruir os meios com os nossos meios, recomeçar sem acabar ou começar, apenas mudar, transformar.
Plantar sucessivos começos em cima dos meios já acomododados, crescidos. Quando mortos é o fim, foi.
Rumar ao objectivo, nunca ao fim. Não gosto de fins, já disse.
Objectivos são eternamente horizontes, quando pensamos que lá chegámos, erguemos o olhar e o horizonte lá está, ao fundo, à espera de nos fintar de novo.
Caminhar sempre em direcção ao horizonte, usar os meios em eternos princípios, porque o fim é evitar o fim.
O meu princípio és tu, dá-me uma mão, e com a outra afasta o horizonte que ontem vi nos teus olhos.
Fiquemos, por princípio, para sempre, a meio do fim.
Não gosto de fins, já disse.
[...há coisas que se repetem, e talvez agora faça sentido voltar, ainda não sei, sei que a Eva ainda não morreu e eu também não, embora às vezes me pareça convencer disso)

29 janeiro 2011

- Mas o que é que quer de mim?
- Quero fazer-lhe aí uns dez filhos...
[???? devia querer dizer tentar fazer uns dez filhos... digo eu]

28 janeiro 2011

Abri a porta devagar, como sempre abri o coração, menos a ele a quem não senti entrar. Ainda às escuras sinto os seus lábios assentarem perfeitamente na minha testa, e sem sequer me dar conta não consegui evitar o sorriso nos lábios que não beijou. Dois ou três passos depois e solidifica-se o silêncio num abraço terno, sinto-lhe o corpo tremer de frio por dentro e por fora, a alma treme-lhe num olhar triste, e percebo que todos os ruídos da minha cabeça se sumiram, fugiram quando a porta se fechou atrás de nós. Agora só a vontade de o aquecer, de o apaziguar, de o acalmar por dentro e aclarar o olhar. Ficámos assim. Não sei quanto tempo, o suficiente. Corpos juntos, respirações coladas, conversas emudecidas, a paz a entrar devagarinho, o calor a vestir-nos por dentro.
Tudo o resto perde sentido quando sentir é tudo o que se consegue.
Agora, estou às escuras, a porta continua fechada, a cabeça repovoada de ruídos e só sinto a minha alma a tremer, mas não se vê e ninguém sente.

25 janeiro 2011

Dizes que nada dura a vida inteira, que as coisas mudam, que as pessoas mudam, que tudo muda, e reconheço-o, tudo muda. Mudam as estações do ano que se repetem, muda o dia para a noite, muda a vida que tantas vezes nos emudece, mas que sempre continua a cada dia, depois de cada noite.
Nem sempre mudar é deitar fora o que mudámos, é apenas aconchegá-lo de maneira diferente. Esta maçã que me deste com o nome, emudeceu-me pela tentação de viver, e eu mudei, mas sou eu. Tu destapaste a Eva em mim, pela tentação de ser eu, apenas eu, um eu que não via mas que tu viste. Mudei-me e continuei-me eu, contigo em mim.
As pessoas mudam, os sentimentos alteram-se, transformam-se, desenvolvem-se noutros, crescem, mas nunca esquecem a infância que os viu nascer, ficam sempre em nós se houver vontade de os manter, se se continuar a achar que vale a pena, doutra maneira deixamo-los morrer.
A paixão deixa de morder da mesma maneira, deixa de queimar, mas aquece e muito, os dias, as noites, leva vazios e traz sons, troca memórias por sorrisos, e vontade de estar em vontade de continuar. Sempre. Continuar a mudar momentos em sorrisos, paixão que não acaba em cada dia que começa. De maneira diferente.
Há coisas que duram uma vida inteira. Na minha, eu. Tu em mim. As pessoas que gostámos, em nós. Mudas, eu mudo, mas pode-se ir mudando de mãos dadas num só olhar, ou apenas mudar, mas sem nunca conseguir mudar a mudança que nos mudou já, e que dura uma vida inteira.

21 janeiro 2011

E no meio de nada surge-me a ternura que não sinto, mas que recordo poisada no silêncio do que não dizes, quando os teus lábios me falam o que te queria ouvir.
Mas como ouvir a ternura? como se ouve o carinho? como se substituem os beijos pequeninos com que me contornas o rosto, que me enchem a alma e a memória, quando ansiedade de nos termos se cala, e os olhos se me inundam de ti?

18 janeiro 2011

Como é possível encontrar o que queremos e tudo o que não queremos numa mesma moeda?
Duas faces duma mesma moeda que carregamos sem saber que destino lhe dar, à espera que a sorte, o tempo, ou alguém a faça parar numa das faces e assim se manter. Alguém que nos diga o nosso destino desenhado nas faces dessa moeda, que tantas vezes se torna insuportável de carregar, e outras nos faz levitar na leveza de quem é, por momentos, tão feliz.
E como suportar a espera que nos levará ao que nos espera?
Como engolir os dias em que o peso da distância se torna insuportável?
Como guardar inalteradas as horas que nos fazem o coração sorrir na companhia do amor?
Como fazer para poisar apenas a moeda no fundo dum qualquer poço de desejos, e desejar que o que foi nos ajude a trazer o sonho à tona da vida, perdendo o peso que o afoga todos os dias, para toda a vida.

12 janeiro 2011

always on my mind



True... so true.
...
"tell me, tell me that your sweet love hasn't died"

04 janeiro 2011

Pode ser este ??

??

Quem fez ao sapo o leito carmesim
De rosas desfolhadas à noitinha?
E quem vestiu de monja a andorinha,
E perfumou as sombras do jardim?

Quem cinzelou estrelas no jasmim?
Quem deu esses cabelos de rainha
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha
Alma a sangrar? Quem me criou a mim?

Quem fez os homens e deu vida aos lobos?
Santa Teresa em místicos arroubos?
Os monstros? E os profetas? E o luar?

Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?!...



Florbela Espanca


Há coisas que faço que nunca fiz, há coisas que digo que nunca disse, há coisas que sinto que nunca senti. Não conheço este caminho, sinto-me perdida tantas vezes, e tantas vezes me encanto com o perder-me, como me desencanto com os desencontros do que se diz, se sente, e se faz.
Neste caminho que se vai fazendo debaixo dos meus pés procuro-me as minhas fronteiras de ti, procuro onde eu acabo e nós começamos, desencontro-me de mim e encontro-me em ti, em nós. Sou o que não sabia ser, o que pensava saber, sem saber que nunca se sabe ser afinal.
Eu sou o nós, tu és o nós, somos o mesmo no nós que não existe, mas que somos. E eu não percebo isto, de ser eu e ser tu ao mesmo tempo. De ser tu e não deixar de ser eu.
Não encontro no mapa as fronteiras para sair deste caminho para fora de nós. Para fora de mim.
É o nós que me dá o nó.

26 dezembro 2010


"- Já não me amas, bem sei..."
Era tão bom se uma birrinha com direito a beicinho e tudo resolvesse isso, isto, mas não, nada resolve. Nem o "já", nem o não ser já, ou alguma vez ter sido, na verdade o "nunca", basicamente.
E eu era gaja para fazer birrinha para resolver uma coisa assim, que não se resolve, se ao menos resolvesse...
Escrevo para não fazer asneiras, e para dizer o que queria, mas não digo. Apetecia-me falar consigo, é verdade, mas não me apetecia ouvir o que oiço sempre, o sempre, o agora, sempre adiado para nunca ou quase nunca. O nunca, aquele lá no fim da lista enorme de coisas a fazer, e que se querem feitas. E isto cansa, cansa e magoa, e chega a um ponto em que nos exigimos mais, mais para nós. Temos de merecer mais, ou nunca teremos mais do que o fim da lista, o nunca, sempre adiado, ainda que apregoado de vez em quando em doces palavras que semeiam sorrisos no coração que já não se quer sentir. E que me fazem crer que, por vezes, os gestos, algumas palavras, por traduzirem o que vem de dentro, se sobrepõem aos actos, aos factos que não se alteram e que não vemos, quando queríamos ver.
Não lhe ligo, não lhe falo, não lhe escrevo, porque seria desilusão que iria escrever, que iria aparecer por entre as letras desnudas, e não quero, já chega, não tem culpa de eu me sentir assim, nem de não sentir em si o suficiente para encurtar a lista que vem antes de mim. Tenho pena, queria-o muito, queria acreditar que também me queria, que o que sinto encontrava espelho em si, mas não o sinto assim, e não mo mostra assim. Diz-me que não me quer ver assim triste, mas não me muda a tristeza.

22 dezembro 2010


Hoje descobri, apercebi-me, que há partes de mim que não são minhas, que me habitam por empréstimo. Partes que eu gosto que me fazem rir, querer viver e querer sentir, que me parecem tão minhas, mas que apenas sinto quando estás por perto de mim. Não perto aqui, mas perto cá dentro, perto em mim, quando me aqueces sem saber, quando me fazes sorrir e enlouquecer sem o sonhar sequer, quando me tens e nem me tocas.
Dou por mim a pensar que vou sentir falta destas coisas tão minhas apenas por empréstimo.
Vais levá-las contigo e eu, assim, devolvo-me a ti, em parte, por partes.
As minhas que são tuas, que deixarão de ser minhas, quando deixar de ser tua.

19 dezembro 2010


apetecia-me falar consigo
apetecia-me que aqui estivesse
a dar-me mimo e calor
chego à infeliz conclusão que não quero mais ninguém
que ainda não consigo querer mais ninguém
que só sinto amor e raiva e ódio por si
por mais ninguém
é estranho mas não há nada a fazer
não sei o que mais posso fazer
quero que me abrace
quero muito e não está aqui
e eu não sei o que anda a fazer
só sinto que não me quer, é a única certeza que tenho
e que eu o quero
muito
demais
sinto o seu cheiro e dos beijos fugidos
quero-o aqui e não está
não está ca ninguém
e se estivesse
nao estava, sem saber

12 dezembro 2010



Esta música não me deixa ficar quieta, tenho mesmo que me mexer... a música é uma coisa extraordinária, muda-nos o estado de espirito, obriga-nos a mexer, a sorrir, a saltar às vezes. É contagiante, para o bem e para o mal...

08 dezembro 2010



O cheiro foi-se. Qual perdigueiro, bem o procuro por entre os meandros da tua presença passada, mas já foste, e levaste-te contigo, deixaste-me com pouco de ti por pouco tempo. Foi-se com a água, foi-se no ar que passa e o tempo arrasta, e de repente o meu nariz já não te tem debaixo. Já foste, nunca sei se voltas, quando voltas, como chegarás, como partirás, porque sempre partes e partes-me a cada vez que depois, qual perdigueiro, persigo o teu cheiro quando ele já não está.

30 novembro 2010

-esses olhos mostram um coração gigante...
-hummmm ainda bem.. espaçoso, é? optimo assim cabe lá muita gente...ehehheh... tipo coração T7 ou T8....
-#$@&%#@

26 novembro 2010

-Já alguém a convidou para dançar esta música??
-Não...
[e isso também não mudou, meu cabeça de abobora, mas tenho a certeza que já fez o convite a alguém... &%#@%&#@]

28 outubro 2010



- A Eva beija como se gostasse...
... como se gostasse tudo num beijo.
[é nestas alturas que eu dou graças a deus pelos copos a mais que fazem dizer estas coisas...]

24 outubro 2010



"You, you still have all the answers
and you, you still have them too
and we, we live half in the day time
and we, we live half at night
(...)"

21 outubro 2010


À musica faltar-lhe-ia o tacto
À imagem, a terceira, quarta e quinta dimensão
Ao toque faltaria a essência do cheiro
Ao cheiro faltaria textura
O brilho dum olhar não chegaria
Todas as palavras do mundo não conseguiriam descrever
Que às vezes o mundo pode caber numa cabeça de alfinete
E outras em que não há lugar no mundo onde a cabeça de alfinete caiba
Apenas a memória abarca tudo
Recordações com cheiro, tacto, paladar e banda sonora
Com emoções como linha que tudo liga
Que a tudo dá sentido
E que um alfinete prende

18 outubro 2010



There was a boy
A very strange enchanted boy
They say he wandered very far, very far
Over land and sea
A little shy
And sad of eye
But very wise
Was he

And then one day
A magic day he passed my way
And while we spoke of many things, fools and kings
This he said to me
“The greatest thing
You’ll ever learn
Is just to love
And be loved
In return”


We can talk in circles
Going round in a million ways
And never understand

17 outubro 2010



What a lovely way to burn...


Maybe thtat's the reason...

Quando nos ligam a dizer que precisam de nos dizer uma coisa, e dizem que tomaram uma decisão, que dizem definitiva, parece que algo não encaixa, soa-nos a estranho pela maneira que nos é contado, mas o que é certo é que o dizem, e dizem-no definitivo, mas pedem espaço e tempo, não nos querem ver nem falar. Assim é.
Horas depois essa decisão definitiva torna-se, não só não definitiva, como contrária. Nem por um momento se pensa na pessoa a quem se transmitiu a suposta decisão, nem por um momento se pensa que se lhe foi transmitida em determinados moldes, era porque afinal alguma coisa tocava a essa outra vida. Não, nada, não teve, nem tem importância alguma. E isto sabe-se quando, vários dias depois, se pergunta como está tudo, porque nos apartaram da vida, nos excluiram dela e do que nela corre, a resposta é não tenho nada para dizer, não vou dizer nada agora. Consistente de facto, obviamente a pergunta é uma intrusão, mas mais à frente na conversa, afinal fica-se a saber que a decisão definitiva, com a qual deveria ter a ver porque foi transmitida e pedido afastamento, foi mudada, mas aí, já sem nada a dizer ou anunciar com pompa e circunstância.
Realmente eu não devo ser deste mundo, porque não percebo esta gente que me rodeia, não percebo como podem achar tão pouco das outras pessoas que lhes querem bem e que nunca as desconsideraram assim. Talvez não se apercebam, mas se pensarem, apercebem-se de como as pessoas são tão egoistas, tão à volta do seu umbigo, que se esquecem que existe o resto do mundo, e algumas pessoas em cujo mundo entram, mas só quando lhes dá jeito, porque elas se dão, sem pompa ou circunstância.

14 outubro 2010

Gostava de acreditar quando diz que precisa de mim, para dormir, para se sentir em paz, para conversar, para dar um aolá, mas não consigo, não acho que precise de mim para nada. Mas percebo algumas coisas, a necessidade quando satisfeita cria uma habituação cómoda, trocam-se necessidades e a vida vai passando sem necessidade premente de nada. Este tipo de troca deve ser prática, e cria uma dependência funcional donde não há vantagem em desintoxicar, porque tudo está bem. As pessoas precisam-se mutuamente para as coisas mais prosaicas, e então dá jeito ter ali à mão quem está ao pé. E assim podem-se levar vidas desligadas mas dependentes, porque é chato deixar de ter à mão quem nos dá jeito, quem nos dá um jeito às necessidades. De facto eu prezo a minha liberdade e a minha independência e o não precisar de ninguém para fazer o que quero, é que eu preciso dos outros para ser quem sou, para viver bem, para partilhar, mas não para trocar, não, eu dou assim tu dás assado, tu fazes-me isto porque eu te fiz aquilo.
Por isso as mulheres aparentemente fortes, independentes, com necessidade sim da sua liberdade e do seu espaço, e que não precisam de homem para fazer o que lhes apetece são encaradas com desconfiança, porque a ligação com base na necessidade, numa certa subjugação, não existe, ou aparenta não existir, o que cria uma imensa insegurança. Hoje em dia as mulheres já não são dependentes do homem, nem financeiramente nem em qualquer outro aspecto (nem mesmo para mudar lampâdas, que aquilo não tem instruções mas é bastante intuitivo), e a única razão porque deveriam estar juntos era não porque são dependentes um do outro, mas porque querem e gostam de estar juntos. Têm prazer nisso, porque estão muito melhor do que com qualquer outra pessoa, ou até mesmo sozinhos, mas em que não servem apenas para preencher a solidão.
Ele não precisa de mim, e eu não preciso dele para adormecer, não preciso dele para comer, não preciso dele para sair, mas preciso dele, muito, para fazer tudo isto muito melhor, para me sentir muito melhor, mais completa, preciso dele para fazer a vida valer a pena, porque essa no fim não se troca.

Gestos que não se têm
Palavras que não se dizem
Um beijo para que não nos inclinamos
O abraço que não damos
Sentimentos que esquecemos de sentir
Distâncias que lembramos de alongar
Tudo fora do lugar
Tudo guardado, fechado, escondido
Negado,
Tão negado que se torna imenso no existir
Fingindo não ser
Pesa-nos o ser
Sonhando não querer
...com quem as conversas inevitavelmente resvalam para a parvoeira, divertida umas vezes, atrevida outras, de picardias de parte a parte e muitos risos à mistura. Conversas salpicadas tantas vezes de mimo e envolvidas em saudades que se procuram esquecer ou substituir por presenças ausentes, mas faladas.
E depois desliga-se, liga-se o modo lúcido e vemo-nos caídos de novo no mesmo remoínho que não controlamos, onde não sabemos como ou onde entrámos, e não sabemos como sair. E apesar de tudo isto, voltamos a dormir bem, finalmente o sono novamente restabelecedor e o espírito mais leve, embora sempre desconfiado do que espreita na próxima curva do tempo. E tem-se medo de tudo outra vez, de saber que se vai passar, algures num futuro perto, tudo outra vez. O vazio, o escuro, o silêncio, o peso dos dias e da vida nos olhos a quererem-se fechar.

12 outubro 2010

-Está a ver para que serve uma cerveja? Para impedir coisas rápidas demais.
-É. Tipo limitador de velocidade...

10 outubro 2010

>>Ja te disseram hoje que es linda e maravilhosa? :)
>> Beijos
Não, mas soube bem. A intenção soube muito bem.

- Não, neste caso é só mesmo bem-me-quer, mal-me-quer.
-ahahah.. esta miúda tem piada, tem cada uma! Tonta.
A minha cabeça
Um emaranhado de nós
Nós cegos
Nós apertados
Nós deslaçados
Do desfeito nós

Traz-me a alma numa casca de noz
A memória da sua voz
Esmaga-me o eu entre pesadas mós
E desfaz-me em coloridos pós
Dum só nós
Cujos nós não quis apertar

09 outubro 2010



Hoje só dou música, estou assim, pronto!
Beautiful



Here we are, finally together
holding close, never release this feeling, this moment, my dream is now
I'm loving you,
cause you're beautiful, something in your eyes tells me I have found
love that never dies
I don't have to dream
reality is beautiful in you
I never felt more true
there you are
finally the answer
take my hand
never release the sweetness, the magic, and hapiness I've found in you
...

08 outubro 2010

...and in my heart.
Gosto quando as minhas costas fazem de piano para as suas músicas cantadas em silêncio pela minha pele, que como que encantada as prende, não saem. Encontram o caminho certeiro rumo ao coração, e lá se alojam, sem qualquer autorização da dona.
- As coisas melhores de tocar sabe o que são?
- Não!!.....
- A sua pele e as patinhas dos gatinhos bebés...
[lembrei-me quando vi a foto, já não me lembrava disto, e acho que havia outra hipotese de que não me lembro, bolas!!]- é isso o focinho dos cavalos. Não sei porquê na altura a coisa soou melhor.... :)

Will you still love me tomorrow


Já agora, e hoje e nos outros dias?...

07 outubro 2010

-Whaaaaaat??? O que é que foi??? Está a olhar para mim porquê?
-Porque gosto. Não posso?
-(#%#/&%) Pode.
- Pare de se rir com essa cara de parvo, já percebi que ela era gira, pronto, escusa de inventar, é que eu estou de costas mas sei que se está a rir engraçadinho.
- eheh...como é que sabe essas coisas?

06 outubro 2010

Apetecia-me falar consigo.
Sim, consigo, este post é para si, não sei quando ou se me vem ler, mas suponho que de vez em quando me espreite para tentar perceber como estou. Não sei o que entende do que aqui vê, que deve ler em diagonal, que o tempo é pouco, eu sei, sempre foi (e eu escrevo para xuxu, não é?). Mas não se preocupe, é aqui que ponho tudo o que de mais sombrio me assombra, o que mais me entristece, é onde me refugio do dia a dia que tem de ser, ou tentar ser, normal. É preciso, para conseguir algum equilíbrio minímo, para me ir levantando todos os dias, mesmo quando as noites não são dormidas como devem. Se lê alguma coisa do que aqui vai há-de perceber que me tento agarrar ao que posso, tento racionalizar-me das minhas razões e não das suas, porque não consigo encaixar as suas na minha visão do mundo, e então obrigo-me a olhar para tudo, para o que foi e o que se passou, pelos olhos dos sentidos, do que há, do que se vê, do que se ouve, e tento calar tudo o resto que me grita coisas que sinto mas que são incompreensíveis à razão.
Não sei o que tudo isto foi para si, sei o que foi para mim e o que senti, o que senti até de si, em si, do que parece tantas vezes ter sentido quando revivo na memória tanta coisa boa que foi, mas tento apagar essas sensações, esse pressentir o que sentia, porque não encaixa no fim que deu à história Tenho de perceber o fim para o processar, e para isso não posso acreditar senão no que se vê e ouve, e esquecer os sentidos que sentem mais, mas que nunca justificariam a história assim, mas precisamente ao contrário. Não foi o que aconteceu, não foi o que ouvi e o que me deu a ver. Tudo isto para lhe dizer que estou melhor do que pareço, que não se preocupe, que se preocupe consigo e com o fazer as pazes com a vida, com a sua vida, para que possa aproveita-la o melhor que pode e escolheu. Eu continuarei por aqui, a equilibrar as ideias e os sentires e a conversar consigo, sem falar e sem si.

05 outubro 2010

-Está-me a encher de mimo, sabia?
-...Não, não sabia... :) nem sei como é que se faz isso pelo telefone...mas tenho de aprender que isso parece-me uma coisa útil...
[podia-me ter explicado como é que consegui fazer isso :), lembro-me tão bem de ouvir esta frase, que a oiço ainda, e sei perfeitamente onde eu estava e onde ele estava quando a disse]
-Incrível.
-O quê?
-Como foi preciso chegar a esta idade para ver que há na realidade coisas, que dantes pensava que só em sonhos.
-E só, só em sonhos é que são possíveis, na realidade não. Na sua e na minha, não.

04 outubro 2010


- Pare lá com isso e fale comigo agora.
- Mas eu não estou a fazer nada...
- Está está, pare de olhar para o monitor e fale comigo.
- ahahahah, como é que sabe?
- Porque sei, não discuta comigo.

03 outubro 2010

O tempo passa? Não passa
no abismo do coração.
Lá dentro, perdura a graça
do amor, florindo em canção.

O tempo nos aproxima
cada vez mais, nos reduz
a um só verso e uma rima
de mãos e olhos, na luz.

Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.

O meu tempo e o teu, amada,
transcendem qualquer medida.
Além do amor, não há nada,
amar é o sumo da vida.

São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora,
e o teu aniversário
é um nascer toda a hora.

E nosso amor, que brotou
do tempo, não tem idade,
pois só quem ama
escutou o apelo da eternidade.


Carlos Drummond de Andrade, in 'Amar se Aprende Amando'
Ninguém pode dizer que gosta, que nos quer, e ao mesmo tempo dizer-nos que é impossível, que não pode ser. São duas afirmações demasiado antagónicas. Não me querem perder, mas não me querem na realidade para nada. Não me querem perder, mas não me querem, não lutam para não me perder. Deixam-me fugir, não esboçam sequer uma ligeira vontade de não me deixar ir, deixam apenas a leve impressão de que preferiam que não fossemos, mas não se mexem, não saem do lugar, e depois insinuam que sofrem muito. Talvez. Mas então devem gostar.
Eu é que sofro e não gosto, e não posso fazer nada, não sei lutar contra moínhos de vento instalados em cabeças, que na verdade não posso mudar, nem quero, porque fazem parte dele, dessa estranha maneira de ser, e é essa maneira estranha que eu gosto, que me prende e me afasta, que me afastou. Não o quereria mudar e não se obriga ninguém a ver os verdadeiros moínhos de vento.

02 outubro 2010


-Então e ele era giro?
-Não, não era nada de jeito...
-Ahhh então foi por isso que não lhe deu o numero!!
-Foi, claro, foi por isso foi, mas ele tinha um rabinho muito jeitoso...
-A mim nunca me disse isso!!... eu não tenho um rabinho jeitoso???
[ihihih apanhado, tão bem apanhado :)]


Change your heart
Look around you
Change your heart
It will astound you
I need your lovin'
Like the sunshine

Everybody's gotta learn sometime

(...)

[eu já aprendia já...]

01 outubro 2010

-Nunca percebi como é que esses sapatinhos de princesa não saem dos pés!!
-É porque não são de princesa...
Para ver se desembrulho a minha de ti. De nós.

30 setembro 2010


- Há coisas que um homem não controla mesmo!!
- É, é, não há nada que um par de estalos não controle, quer apostar?

-Pois, pois, 'tá bem, claro...
-Não me irrite senão eu paro o carro e vou-lhe aí espetar um beijo.
-Tá bem.
[mas não foi só um]

29 setembro 2010

Nunca percebi quando me dizia que dava pouco, nunca senti as coisas assim. Dava-me o que eu precisava sempre que podia, como poderia eu pedir mais? O que me dava não era pouco, o que não quer dizer que não me soubesse sempre a pouco. Porque sabia, sempre, e queria sempre tanto mais. Quando estávamos juntos dava-ma até o que eu não imaginava precisar, fazia-me sentir completa, só estando, só poisando o seu olhar no meu, conversando com o meu, alimentando o meu, dando-me a vida que me via dentro sem perceber. Como poderia achar que me dava pouco, se me deu tanta coisa nova em mim que eu não sabia ter? se me descobriu tão bem? se me deixou vê-lo aos poucos, e adivinhá-lo um pouco, deixando-me devagarinho, pé ante pé, entrar no seu mundo. Disse-me que eu lhe dava tanto nunca pedindo nada em troca, mas como pedir quando se vê que dão tão bem sempre que podem?
Eu é que lhe queria dar mais, eu é que tinha vontade de o mimar sempre que podia, surpreender sempre que via oportunidade, eu é que por nada deste mundo trocava a tarefa de lhe tirar o peso da voz e do olhar, e não descansava enquanto não o fizesse, mas de uma forma muito egoísta, não o fazia por ele, sempre o fiz por mim, pela alegria que sentia em senti-lo melhor, em fazê-lo rir mesmo quando fechava a cara e alma, e depois se esquecia. Ainda hoje me apetece fazê-lo, não o posso imaginar com a voz que às vezes lhe ouvia, com a falta de ânimo que o consumia às vezes, ou só o cansaço. A minha felicidade era trocar-lhe os humores e as voltas, espicaçando-o e regateando uma gargalhada que teimava em aparecer, mas que não era mais teimosa que eu. Nunca foi.
Lembro-me de lhe dizer que um dia ia sentir mais a minha falta que eu a dele, que ia sentir falta do telefone a tocar ao fim do dia, ou da companhia nas viagens, ou das mensagens inesperadamente ridículas, em que lhe dizia de todas as maneiras que me lembrasse que me lembrava dele, ou só para fazê-lo sorrir a meio do trabalho, ou para lhe puxar as orelhas que mais tarde ia trincar com carinho. Talvez me fizesse mais presente por a presença dele me fazer tanta falta, e a sua ausência me encolher a alma e me escurecer a vida, mas logo a sua presença levava arrastada todo o tipo de ausências que lhe sentia, abarcava-me a vida e devolvia-ma muito mais luminosa, mais doce, mais bonita, ou pelo menos, assim a sentia. Sempre.
Não, de certeza que não sente mais a minha falta que eu a dele. Nunca.

-Eu não quero um carro topo de gama ou uma casa enorme, ou.. ou... eu queria o melhor beijo do mundo todos os dias. [também eu]

27 setembro 2010

Stupid girl


Eu bem gostava de perceber, talvez assim me sentisse completamente conformada. Mas não percebo, por muito que tente, não percebo. Não percebo as coisas como mas dizem, só percebo assumindo que não se gosta, porque no meu mundinho, a coisa mais estúpida que pode existir são duas pessoas que se gostam, que estão bem juntas, que se sentem para lá de bem uma com a outra, que falam quando se olham nos olhos, que falam nas músicas e nos silêncios, e que por uma razão que se diz racional, se separam, e ficam os dois mal, para lá de mal, muito dificil, dizem. Dificil devia ser fazer uma coisa destas, dificil deveria ser ficar junto, se as duas pessoas juntas não estão bem, não o contrário, mas isto sou eu, que sou estúpida. Mas pelos vistos não é dificil, é fácil, é apenas conformarmo-nos que nem sempre podemos ter o queremos, mesmo que seja uma coisa rara, mesmo que seja uma realidade que até se pensava dificil de existir, mas não, deve ser fácil, porque fácil é deita-la pela janela fora, como a beata dum cigarro que já se fumou, e temos de nos conformar que acabou. E anda-se para a frente a fazer de conta que não se viu nada, que não se sentiu nada, que não se perdeu nada. E quem consegue fazer isto é porque não perdeu mesmo nada, eu é que sou estúpida.

26 setembro 2010

Há dias em que me apetece mandar tudo à merda. Hoje é o dia. Apetece-me atirar para os braços do primeiro que se me atravessar à frente, que já se atravessou, e que já mandei passear, não me apetecem aqueles braços. Por muito que gostasse de ser doutra maneira, não sou, não sou capaz. Agora volta a insistir, sem perceber que não quero o que ele quer, que na verdade não quero nada. Quero ficar sozinha, quero dormir e esquecer. Esquecer-me que existi sem saber como ou porquê, esquecer-me porque não quero tomar café com quem insiste em se me atravessar à frente, sem perceber que não me diz nada, que quero ficar no meu canto e fazer de mulherzinha fraquinha a quem tudo derruba e tira vontade, a quem tudo faz desmanchar sem saber refazer, e hoje, sem saber até disfarçar. Detesto essas mulherzinhas.
Senta-te aqui ao meu lado, onde tantas vezes estiveste e seca-me esta tristeza que não descansa, senta-te como tantas vezes fizeste e deixa-me encostar a ti, beber-te o olhar e sentir-te o mimo de que não me canso. Senta-te aqui onde estou, onde ainda estás sem saberes, onde não consigo deixar de sentir-te, de ver-te, de querer-te. As recordações invadem-me o corpo sem saber que pontes queimar e que pontes passar, mas ganham-me sempre. Aqui sentada ao lado de ti, sem ti.

A kiss to build a dream on

Tempo, dizem que o tempo cura tudo, mas o tempo não cura nada, o tempo não faz passar, o tempo passa por nós e não nos leva o que se sente, apenas nos faz mastigar o que vivemos, faz-nos recordar e reviver, até que essa vida se torne mais distante, mais arrumada em nós, num sítio mais dificilmente alcançável, mais fundo, onde é mais dificl tocar-nos, mas não apaga, dá-nos apenas uma perspectiva diferente, dá-nos o olhar para trás e acomoda-nos vagarosamente na realidade presente. Obriga-nos a isso, a conformarmo-nos com o que não foi. O tempo reorganiza-nos o espaço interior e dá-nos espaço para nos protegermos até de nós, dos pensamentos, imagens, sons, conversas, momentos que não voltarão. Mas quem uma vez nos habitou bem o coração, jamais de lá sai porque o tempo passa, fica sempre. Um grande amor só deixa de o ser com outro grande amor. E esse pode acontecer, quando a nossa alma se reorganizar e acomodar, quando conseguir conformar-se com a realidade cada vez mais distante do que recordamos ainda e sempre com um sorriso especial. Se não houver um novo grande amor, qualquer coisa, um olhar, um gesto, uma palavra, um passo em falso faz reacender aquele que ainda nos habita, arrumadinho e calado, por muito tímido que seja esse reacender. O tempo não é a cura, mas tem de passar para que outro amor seja possível, sendo possível que nunca aconteça.

25 setembro 2010

Depois do jantar de amigos, não sei quantos copos de vinho e algumas gargalhadas, aqui volto para despejar o que já não comporto, não me importa que não me comporte, queria agora fechar-me do mundo e fechar-me no nosso. Queria essa sua boca para mim, e puxa-lo e chegar-me a si e ficar-me, queria essas mãos onde a imaginação não chega, queria deitar-me, chegar-me, encaixar-me e deixa-lo desenhar-me as costas, os ombros e as curvas que encontrasse, queria olha-lo no fundo desses olhos sem fim e encontrar-me lá, intacta, cheia de amor, ternura e carinho para lhe dar, e que não aprendi a dar a mais ninguém assim. Queria esquecer a cabeça e toda a razão que me sobrevive, queria esquecer-me de mim e deixar-me morrer em si, porque é a melhor maneira de viver a vida que trago ainda dentro. Queria sabe-lo meu e sua, e aproveitar a vida que todos os dias começa, mas que só sinto começar a viver nos seus braços, no seu mimo, no seu beijo carregado de ternura ou desejo, nos seus braços que me endoidecem, protegem, e abarcam os sonhos que tenho medo de sonhar. A realidade pode ser tão melhor que os sonhos sonhados, como renegar o que é óbvio? Como não ver o que se sente? como não sentir o que se nos crava na alma mais que na pele? Como deixa-lo quando já me deixou?... sem norte, sem vida, sem vontade, sem o seu abraço, sem a sua voz meiga e gargalhada desconcertante? Como viver, morrendo a cada dia o que nos faz acordar? O que nos faz esperar algo da vida, o que lhe dê sentido? A vida só tem sentido se a sentirmos, e sentimo-la mais quando se nos escapa. Quando nos escapou o sonho por entre as frestas crueis da realidade. Como agora. Como roubar a vida ainda não vivida que nos escapou? Como compensar o que não se teve, se o tivemos na mão? Como justificar um dia, quando os olhos se nos fecharem de cansaço que a vida que tivemos nos braços, não vivemos, não a sentimos ou aproveitámos como podíamos, como é dever de quem alguma vez a encontra? Há tantas obrigações, mas a quem daremos contas, quando um dia tivermos de justificar a obrigação de viver a nossa vida e passarmos ao lado? A quem?

22 setembro 2010

Ando à procura do que dizer, do que estou a sentir e não encontro, não por falta de sentir, mas por falta de horizonte para o sentir que trago. Falta-me direcção, falta-me vontade de acordar, falta-me razão de ser, falta-me querer outra coisa, falta-me. Quando deixará de me faltar, estando tão aqui como sempre? Deixará de me faltar quando não o encontrar aqui, nas músicas, nas coisas, nos sonhos, nos pensamentos, nos meus sorrisos fugidos de mim, nos suspiros da memória, quando, enfim, já não o encontrar em mim. Quando o tempo me convencer de que nunca saiu de onde está, que nunca saiu de si, que nunca estive em si, como está em mim.

21 setembro 2010

O amor não se repete

Sentimos sempre diferente, o amor não se repete. Tem razão. Não se repete porque não há duas pessoas iguais, e o que sentimos é também diferente. Quem gosta é uma só pessoa, mas nunca gosta da mesma maneira, porque na verdade o sentimento é nosso mas é parte do outro, são bocadinhos que roubamos ao outro e guardamos em nós. Eu roubei tanto de si que guardo mais de si do que mim, aliás, não sei já qual a parte de mim que é minha, e qual a parte de mim que não sou eu. Mas sei que há partes de mim que só conheci porque o conheci, e que agora valorizo tanto. Olho-me dentro e vejo o quão incompleta teria ficado, desconhecida de mim, sem si. Nada mais houvesse e saberia que não escolheria nunca uma vida mais pobre por um caminho mais fácil, menos doloroso, mas que me mostrou cores, cheiros, emoções e uma vontade de me dar que não conhecia, de que nem me sabia capaz. Gosto mais de mim agora pelo bocado de si que me ficou dentro e que agora é meu, que agora também sou eu. Está em mim mas sinto-lhe a falta. Tanto.

18 setembro 2010

Não sei que pense mas pergunto-me o que pensará, se pensará. Estou numa confusão só, donde não estou a conseguir sair, perco-me em labirintos de pensamentos, fórmulas para tentar perceber o que não vejo, ao mesmo tempo que me tento convencer que nada há para pensar, nada há para ver, senão o que está à frente dos olhos: nada. Muitas vezes o caminho mais curto, mais direito é o mais certo, andar em círculos labirinticos passa o tempo mas não o resolve. E tempo é coisa que já passou o suficiente para se ver alguma coisa, ou há ou não há. Quando muito tem que se pensar é porque a falha é no sentir, tão simples quanto isso. Quando se sente mesmo, sabe-se, olha-se para dentro e as respostas estão lá para as vermos e assumirmos, nem que apenas para nós mesmos. Ainda que muitas vezes seja preciso coragem para ver para dentro e assumir o que se vê, porque não é cómodo, dói sabermo-nos no estado em que nos vemos quando para isso temos coragem. É tão mais fácil não nos virarmos do avesso, olhar só para fora e apenas o de fora interessar, apenas o mundo dos outros nos reger, como que nos desresponsabilizando de nós próprios, e deixando-nos caminhar pelos dias sem viver, sobrevivendo uma vida que não é nossa.

02 setembro 2010

Não, não percebes, eu sei.
Não percebes o que digo, não percebes o que se conjugou para dar o que deu.
Se calhar nem sabes o que deu.
O que me deu.
O que eu sinto por dentro.
Não chegas lá.
Porque não sentes e porque não se explica,
Não se explica o labirinto em que me perco,
Em que me abandono de mim, para te encontrar
E me encontro sem me entender.
Não percebes as saudades que ainda são depois de terem sido.
Não percebes as saudades que já são antes de o serem. E tanto.
Não percebes como se tentam matar saudades atrasadas.
E ao mesmo tempo as já antecipadas
Só se pode entender por dentro, sentindo.
E tu nunca vais entender, e vais fugir-me.
Por isso a ansiedade de ti
Por isso a vontade de nós
Deste nós que nunca me chega
E a que nunca chegas

29 agosto 2010

Para que o quero?
Quero-o para fintar o destino, para me provar empiricamente que felicidade é ter mais e melhores momentos felizes que fazem suportar tão melhor os maus e os assim assim que nos invadem os dias.
Quero-o para falar e para ouvir, e para os silêncios cheios de tudo.
Quero-o para o fazer rir e gargalhar, e sentir a alma nova de cada vez que o faço.
Quero-o para me desvendar com esse seu olhar de que não consigo fugir, onde me perco, sem o conseguir ler por dentro, mas sem me cansar de tentar.
Quero-o para me aquecer os pés e o resto à noite, para me enroscar e me chamar de jiboia, para adormecer e acorda-lo com um beijo que não sente, mas que me faz sorrir.
Quero-o para partilhar conversas à lareira ou o sol na varanda, para sentir o silêncio da lua no seu calor, ou só para o sentir.
Quero-o para sermos nós. Para nós podermos ser um nó cego para os outros, mas apenas certo e muito apertado para nós.
Quero-o para tudo e para todos os nadas.
Quero-o para fintar o destino e ganhar uma vida que não se arrepende de viver, de querer, de sentir.
Chega??

26 agosto 2010


I’ll be your mirror
Reflect what you are, in case you don’t know
I’ll be the wind, the rain and the sunset
The light on your door to show that you’re home
When you think the night has seen your mind
That inside you’re twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
cause I see you
I find it hard to believe you don’t know
The beauty that you are
But if you don’t let me be your eyes
A hand in your darkness, so you won’t be afraid
When you think the night has seen your mind
That inside you’re twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
cause I see you
I’ll be your mirror
- The Velvet Underground

24 agosto 2010

Sinto-te a falta, pois sinto, mas sinto mais a da esperança.
Só não sei o que queria esperar, se te olhar e não ver nada, se que me olhasses e visses tudo. Tudo o que não vês, ou não queres ver.
Vens amanhã ou depois, ditas que racionalizemos a mente que nos mente a cada fuga do pensamento, a cada curva da memória, mas apenas porque não queres racionalizar-te doutra razão, que mais razão não é, do que sentir sem qualquer razão. Sentir. Só e tanto.
Tenho esperança de não o ver nos teus olhos a dançar e a convidar os meus para um tango mudo que não podemos dançar. A razão não te toca o sentir, ou o sentir não te muda a razão, e são precisos dois sentires sem razão para fazer essa música. Para dançar esse tango, que convidas e recusas.

19 agosto 2010

Sinto-te a falta, quanto mais tento contorna-la menos a esqueço e mais a sinto.
Que raio me fizeste?
Porque raio o fizeste?
Já não te pensava tanto, já me racionalizava mais, já me habituava a não te ter no hábito.
E agora não sei que faça, que me faça que te faça.
Toda eu te reclamo sem conseguir contraria-lo.
Toda eu te recordo sem ter de muito remexer na memória.
Toda eu te sonho sem conseguir dormir.
Toda eu me engano sem te conseguir acertar.